LIçãO DE INOVAçãO NA NOVA CHAMPS-ÉLYSÉES
educação foi um dos setores mais impactado pela pandemia de Covid-19. Segundo relatório do Banco Mundial, estima-se que 1,5 bilhão de estudantes ficaram fora da escola em mais de 160 países. Professores de todo o planeta trocaram os quadros das salas de aulas por telas de computador e aplicativos. Diante da crise, estrada aberta para oportunidades. Com alta procura, as edtechs se fortaleceram. Levantamento realizado pelo Distrito Edtech Report 2020 mostra que startups ligadas ao setor educacional investiram US$ 11,5 bilhões durante a pandemia. No Brasil, das 13.616 startups, 801 são edtechs, ou 5,9% do total. O que faz o setor liderar o ranking brasileiro de acordo com dados da Associação Brasileira de Startups (ABStartups). Foi nessa onda que surfou a Big Brain, parceira da Microsoft na América Latina, desenvolvedora de soluções tecnológicas para instituições de ensino públicas e privadas.
Apenas em 2020, a empresa atingiu mais de 1 milhão de alunos e proporcionou formações tecnológicas para 52 mil professores, em mais de 9 mil escolas. O crescimento no atendimento foi de 300% em comparação a 2019. Em relação ao faturamento, a companhia curitibana mais que dobrou, com R$ 15 milhões de receita ano passado. “O uso da tecnologia na educação é uma tendência que já estava em evidência e foi acelerada pela pandemia”, afirmou Ronei Pasquetto, cofundador e diretor de inovação da Big Brain.
A startup utiliza o ecossistema da gigante Microsoft e oferece soluções aos centros educacionais brasileiros com adaptação a cada grupo ou escola. Todas as criações saem dessa parceria, que rende contratos à Big Brain e monetiza tanto a empresa brasileira quanto a americana. “Tropicalizamos as soluções para sejam mais fáceis de usar por gestores, professores, pais e alunos”, disse Pasqueto. Uma relação comercial e de trabalho que rendeu à compa
escolas atendidas pela companhia
professores formados em soluções tecnológicas
de alunos impactados
Para o cofundador da Big Brain, Ronei Pasquetto, o uso de tecnologias no setor educacional estava em alta antes da pandemia e vai continuar acelerado de crescimento no atendimento em relação a 2019 potencializam a atenção durante as aulas e permitem aos alunos desenvolverem competências e habilidades da chamada Educação 4.0. Junto ao governo de São Paulo, a Big Brain é parceira na criação do 1º Centro de Inovação da Educação Básica Paulista (Ciebp), inaugurado em novembro na Escola Estadual Professora Zuleika de Barros Martins Ferreira, na Zona Oeste da capital. Com capacidade para atender 1,2 mil pessoas por dia, é uma vitrine para o desenvolvimento de mais 15 centros projetados.
FUTURO Na avaliação de Ronei Pasquetto, a demanda por soluções digitais na educação continuará em alta mesmo com o início da vacinação contra a Covid-19 e uma iminente volta às aulas presenciais. Para ele, mesmo antes da pandemia, as instituições procuravam se aproximar da Geração Z, que entende que a tecnologia tem de estar integrada ao aprendizado. Além de as escolas e universidades terem como estratégia de negócio expandir sua atuação com oferta de cursos on-line. “Essa geração procura as instituições que se adaptaram melhor à tecnologia, sem aulas maçantes. As dinâmicas digitais atraem alunos nativos digitais, pois cria links e vínculos”, disse o executivo. Com essa perspectiva, a Big Brain quer seguir na preparação de educadores, fazendo a cabeça de estudantes brasileiros e sendo o cérebro da Microsoft no País.
Afrase “inovar é fazer aquilo que ontem era impensável, de maneira que amanhã seja indispensável” tem servido de inspiração para o empresário Miguel Abuhab. Ele é o fundador da Neogrid, fabricante brasileira de software (ERP) que revolucionou o mercado ao criar uma plataforma que conecta os sistemas de gestão de distribuidores, varejistas, indústrias e fornecedores. A ferramenta movimenta mensalmente R$ 36 bilhões em pedidos, sell-in (venda), sell-out (entrega) e estoques. “Poucas empresas no mundo oferecem o nosso serviço”, afirmou o executivo à DINHEIRO. Hoje, ele preside o conselho de administração da empresa. “É uma ideia revolucionária no sentido de que temos de mudar conceitos, a cultura das empresas.”
Por meio da plataforma, empresas de varejo compartilham em nuvem seus dados de estoque e de vendas com companhias de manufatura que podem ajustar a produção, a distribuição e a reposição, de acordo com o ritmo de consumo, apostando no uso de Inteligência Artificial e algoritmos. Ao menos 40 mil lojas, 130 redes de varejo, 30 mil indústrias e 5 mil distribuidores têm as informações monitoradas pela empresa, de Joinville (SC). A Neogrid possui escritórios em Porto Alegre, São Paulo, Miami (Estados Unidos) e Amsterdã (Holanda), e distribuidores no México e no Japão.
Na foto maior, o fundador Miguel Abuhad. Ao lado, o mexicano Eduardo Ragasol, CEO da Neogrid. Empresa está de olho nas áreas de moda, agronegócio, farmacêutica e bens de consumo
O crescimento da companhia se reflete não só na expansão continental. Incentivada pelos próprios clientes, captou R$ 486,5 milhões em oferta inicial de ações (IPO) na B3, em dezembro. A maior parte desse montante será aplicada no crescimento inorgânico, nas aquisições. Outros 20% serão investidos em pesquisas e desenvolvimento e vendas. O IPO da Neogrid significou a segunda participação do executivo na bolsa, após experiência com a Datasul, criada também por ele, em 1978. A companhia tornou-se pioneira em software de controle de produção no País e, em 2006, realizou a sua oferta de ações — captou R$ 317 milhões na ocasião. Dois anos