IMUNIZANDO A ECONOMIA
Gasto e retorno com a vacinação em massa nos países
Professora do Ibmec RJ, a economista Vivian Almeida entende que o auxílio é fundamental, mas não descarta o risco fiscal embutido. “No atual cenário, a volta do beneficio é a tábua de salvação para o País, especialmente para os mais pobres que dependem de ajuda até para comer”, afirmou. “Porém, a manutenção do programa esbarra no descontrole fiscal e na corrosão das contas públicas.”
É justamente o descontrole de despesas que preocupa o ministro Paulo Guedes. Economista-chefe do Banco Ourinvest, Fernanda Consorte afirmou haver um esforço da parte de Guedes para não romper o teto de gastos. Mas, segundo ela, “o recrudescimento da doença torna o auxílio emergencial essencial.” Por isso mesmo, o ministro sabe que negar o benefício pode gerar desgaste. E até ser em vão. Se o Congresso decidir aprovar o auxílio por mais tempo e para mais gente do que a equipe econômica planeja, a conta será bem maior para os cofres públicos.
Na terça-feira (26), Guedes afirmou que o governo pode retomar o programa
Com o investimento, o retorno econômico é a cifra despendida se o número de mortes por Covid-19 ficar em um patamar acima de 1 mil por dia e a vacinação fracassar.
JÁ DEU ERRADO Um estudo encomendado pela Fundação de Pesquisa da Câmara de Comércio Internacional (ICC) estima que a economia global pode perder até US$ 9,2 trilhões se os governos não garantirem o acesso às vacinas. Porém, todo o gasto com a vacinação em massa seria recompensado em uma proporção 166 vezes maior conforme a economia volte a crescer.
Professor de economia e finanças da Universidade de Maryland e um dos autores do estudo, Sebnem KalemliÖzcan entende que nenhuma economia do mundo irá se recuperar totalmente sem a vacinação em massa. “O caminho em que estamos leva a menos crescimento, mais mortes e a uma recuperação econômica mais longa.” Por aqui, a imunização tem enfrentado mais obstáculos do que se previa. Para Fernanda Consorte, do Ourinvest, “na lentidão que está, a vacina já deu errado para a economia”.