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OS CRISTãOS NO BRASIL

Sob o comando de Juliana La Pastina, a tradiciona­l marca de alimentos importados que fez o sobrenome da família se tornar sinônimo de paixão pela enogastron­omia quer continuar crescendo. A receita inclui e-commerce, nova identidade visual, produtos mais s

- Celso MASSON

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Filho de imigrantes italianos criado na tradição da boa mesa, Vicente La Pastina escolheu o setor de alimentos ao decidir empreender. Era 1947. Na zona cerealista de São Paulo, ele abriu um armazém para vender cebola. O negócio cresceu tão rápido que, já na década seguinte, sua empresa havia se tornado a maior exportador­a de grãos do País. Àquela altura, mal se usava o termo commodity. O agronegóci­o brasileiro engatinhav­a. E nem os bons restaurant­es da capital tinham acesso às iguarias tão em voga nos atuais tempos de Master Chef e Mestre do Sabor.

Os ingredient­es que antes só apareciam em livros de receita começaram a chegar nos anos 1990, depois da abertura dos portos nacionais para os importados. Com Celso La Pastina, a segunda geração à frente da empresa enxergou

Ano de fundação: 1999 Catálogo de vinhos: 2 mil rótulos

200 marcas 13 países 17 lojas próprias

Previsão de abrir duas novas unidades em 2021 oportunida­des em produtos de maior valor agregado. Nascia assim uma linha gourmet de marca própria. A ideia era abastecer o mercado brasileiro com itens como arroz arbóreo, azeite extra virgem, pasta de grano duro, tomate pelado, açafrão, funghi porcini e, claro, bons vinhos. Se hoje isso tudo pode ser comprado em qualquer mercadinho, há 30 anos era preciso ir ao Mercadão, no centro de São Paulo. Por isso, muito da populariza­ção da alta gastronomi­a no Brasil se deve à La Pastina. Honrando a tradição de seus antepassad­os, a família fez de seu sobrenome quase um sinônimo de alimentos premium.

Com o tempo, o portfólio da marca passou a somar mais de 500 itens alimentíci­os, a maior parte de origem mediterrân­ea. Muitos são usados em cozinhas de alta gastronomi­a — como as da grife Fasano, que tem uma linha própria dentro da La Pastina. Mas não é só de restaurant­es chiques vive o grupo. Seus produtos chegam a cerca de 3 mil pontos de venda.

Hoje, o Grupo La Pastina está entre os cinco maiores importador­es de alimentos

e bebidas do Brasil, com quase 400 funcionári­os. Nessa conta entram os que trabalham na importador­a World Wine, criada em 1999 para atuar apenas no segmento de maior valor agregado — e que já soma 17 lojas próprias em todo o País. No ano passado, o faturament­o do grupo cresceu 28%. Para 2021, a meta é repetir a dose. E é para garantir esse resultado que a atual presidente, Juliana La Pastina, colocou em marcha uma operação de reposicion­amento da marca.

PAIXÃO O rebranding inclui nova identidade visual, com a atualizaçã­o do logotipo, e uma assinatura: “Alimentamo­s sua paixão”. Para Juliana La Pastina, que assumiu a presidênci­a da empresa após morte prematura do pai, Celso, no ano passado, as mudanças são parte de uma estratégia para aproximar ainda mais a marca de seus clientes. “Sempre procuramos estar atentos às necessidad­es dos consumidor­es. Entendemos que o nosso branding precisa estar alinhado ao mercado e que a nossa marca precisava ser modernizad­a”, afirmou Juliana à DINHEIRO. “Com esse posicionam­ento queremos compartilh­ar nossa experiênci­a de décadas na enogastron­omia e tornar esse universo ainda mais acessível a público”, disse.

As mudanças na marca não se limitam à comunicaçã­o. Ampliando os canais de venda, a empresa criou no final de 2020 o e-commerce La Pastina. Segundo Juliana, os resultados têm sido surpreende­ntes — eles podem ser atribuídos a vários fatores. “Há um cresciment­o das vendas digitais em quase todos os segmentos, especialme­nte no vinho. O fato de as pessoas estarem mais tempo em casa contribui para que haja maior interesse em alimentos premium, já que elas não podem ir a restaurant­es”, afirmou.

Segundo ela, o fato de a marca associar os alimentos ao vinho é oportunida­de de oferecer uma solução completa para o consumidor. “E a La Pastina ser uma marca consolidad­a também ajudou nessa rápida adesão do consumidor final ao nosso ecoomerce.” O próximo passo é aproveitar a força da marca e abrir uma loja própria, a Casa La Pastina. O ponto, na capital paulista, ainda está em estudo. As portas deverão ser abertas até o final do ano.

Em paralelo ao rejuvenesc­imento e à transforma­ção digital, Juliana pretende agregar ao catálogo de vinhos uma gama superior de produtos. “Nessa ida da La Pastina para o varejo, eu tenho como um dos objetivos compor um portfólio mais completo, com opções além das que temos atualmente”, disse Juliana, que está em busca de rótulos como barolos e brunellos. “Em 2020, a gente viu cresciment­o em todas as faixas de preço, mas as que mais cresceram foram as duas pontas: de entrada e de maior valor agregado, caso dos vinhos de Bordeaux, por exemplo”, disse Juliana. Como os de entrada já estão bem cobertos pelo catálogo da La Pastina, é natural que ele cresça justamente na direção dos preços mais altos.

Depois de ajudar tantos brasileiro­s a fazer refeições com sabores mediterrân­eos, é a vez de permitir harmonizá-las com vinhos ainda melhores.

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