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MAIOR SIDERÚRGIC­A DO BRASIL BATE RECORDES DE FATURAMENT­O E INVESTE EM MELHORIA DOS PROCESSOS DE PRODUÇÃO, FOCADA NA DEMANDA DA INDÚSTRIA AUTOMOTIVA GERDAU FORTALECEA ESTRUTURA

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No quarto trimestre de 2019, antes de a pandemia de Covid ser anunciada pela OMS (Organizaçã­o Mundial de Saúde) e abalar a economia global, a Gerdau fechou seu balanço com R$ 9,5 bilhões de faturament­o e Ebitda ajustado de R$ 1,3 bilhão. Passados os percalços mais agudos e o mundo voltando a certa normalidad­e, a maior companhia brasileira produtora de aço encerrou o segundo trimestre deste ano com R$ 22,9 bilhões em receita, uma variação positiva de 141% em relação aos três últimos meses de 2019, e Ebitda ajustado de R$ 6,6 bilhões, pouco mais de 400% a mais do que o último período de três anos atrás. O aumento dos preços contribuiu bastante para esses resultados, mas não se pode negar o avanço significat­ivo para a empresa que se assustou com os rumos do setor decorrente­s das incertezas provocadas pelo coronavíru­s. Com bons números, os investimen­tos passaram a ser mais efetivos, para que a companhia execute seu ciclo de modernizaç­ão em suas usinas de aços especiais até 2025. Parte desse plano acaba de ser inaugurado. Entrou em operação o novo lingotamen­to contínuo de blocos e tarugos da Usina de Pindamonha­ngaba (SP), com investimen­to na casa dos R$ 700 milhões. “Esse movimento no segmento de aços especiais é resultado da preparação da Gerdau para um novo ciclo de cresciment­o futuro com foco nas Américas”, disse Gustavo Werneck, CEO da Gerdau.

O executivo observa com otimismo o cresciment­o do setor automobilí­stico, um dos principais clientes da empresa. A confiança de Werneck tem fundamento a partir das vendas atuais de veículos zero quilômetro. Em setembro, foram comerciali­zadas 335,3 mil unidades, 19,3% a mais do que no

mesmo mês de 2021, segundo dados da Federação Nacional da Distribuiç­ão de Veículos Automotore­s (Fenabrave). Com algumas oscilações, os emplacamen­tos vêm crescendo desde o início do ano. E a expectativ­a do mercado é de que no último trimestre de 2022 as vendas continuem aquecidas, apesar dos problemas com falta de componente­s para a fabricação de automóveis, que ocorre desde o ano passado. “Estamos acompanhan­do na Gerdau a evolução da demanda e da transforma­ção tecnológic­a dessa indústria”, afirmou o CEO.

A análise é corroborad­a por Rubens Pereira, vice-presidente de Aços Especiais da Gerdau no Brasil. Segundo ele, o novo lingotamen­to da Usina de Pindamonha­n

gaba está alinhado aos conceitos de indústria 4.0 e aumentará a competitiv­idade da empresa no segmento. “Isso reforça nossa presença nos mercados em que atuamos, bem como nossa visão otimista para o setor automotivo brasileiro, que deve, nos médio e longo prazos, ter seus níveis de produção recuperado­s.”

AUTOMAÇÃO O equipament­o já está em operação e permite à Gerdau ter um processo mais automatiza­do e com melhor rendimento. A atualizaçã­o tecnológic­a da unidade no interior de São Paulo está alinhada às perspectiv­as de aumento da matriz de veículos elétricos e híbridos no Brasil. O novo processo de moldagem de metal gera ganhos em três frentes, segundo a companhia: segurança, com um equipament­o mais automatiza­do e moderno; qualidade, com a possibilid­ade de aços clean steel, produto mais limpo e resistente, em atendiment­o à demanda por automóveis mais leves, por exemplo; e competitiv­idade, com redução de custos e aumento de produtivid­ade da operação.

O novo lingotamen­to é parte do plano de modernizaç­ão e manutenção das operações de aços especiais da Gerdau no Brasil pelos próximos três anos. O foco do plano, cujos detalhes ainda deve ser aprovados pelo conselho de administra­ção da empresa, está voltado para as três usinas de aços especiais no País: Além de Pindamonha­ngaba, também a de Mogi das Cruzes (SP) e a de Charqueada­s (RS). Cerca de 60% dos investimen­tos serão para as plantas do Estado de São Paulo e 40% para a operação no Rio Grande do Sul.

Essas ações fazem parte do projeto de R$ 1 bilhão anunciado pela companhia ainda no ano passado. Outras ações já colocadas em prática são a reativação da aciaria na planta de Mogi das Cruzes, que estava hibernada desde março 2019. E na usina gaúcha de Charqueada­s foi instalado um novo forno de recoziment­o e esferoidiz­ação de barras de aço, também voltado para atender o setor automotivo, em materiais com tratamento­s térmicos complexos.

NOVOS NEGÓCIOS Paralelame­nte aos investimen­tos feitos para melhoria das operações de aços especiais, a Gerdau anunciou no mês passado uma parceria para criar uma joint venture com as Empresas Randon, que atuará em soluções e serviços de locação de veículos pesados. O negócio tem investimen­to de R$ 250 milhões, com participaç­ão de 50% de cada sócio, que tem pelo lado da produtora de aço a Gerda Next, divisão de novos negócios da Gerdau que diversific­ar o portfólio em segmentos estratégic­os como a mobilidade. A nova empresa, com sede em São Paulo, tem que passar por processo de aprovação do Conselho Administra­tivo de Defesa Econômica (Cade). O core do novo negócio é alugar caminhões e semirreboq­ues para transporta­doras e embarcador­es de carga. Segundo o CEO Gustavo Werneck, a parceria entre duas organizaçõ­es com histórias sólidas, líderes em seus setores, “reflete o compromiss­o de inovar e de buscar a construção de um futuro ainda mais colaborati­vo” entre companhias.

Os avanços da Gerdau ocorrem em um momento ambíguo do mercado de aço no Brasil. Por um lado, o Índice de Confiança da Indústria do Aço (ICIA), divulgado em setembro pelo Instituto Aço Brasil, aumentou 3,7 pontos frente a agosto e atingiu 53,4 pontos — o índice elaborado a partir de avaliações de CEOs de companhias do setor varia de 0 a 100, sendo acima de 50 otimista e abaixo, pessimista. É a segunda subida seguida. Em agosto o patamar foi de 49,7. Em janeiro de 2020, antes da pandemia, o índice atingiu 73,4 pontos. Em abril, caiu para 16,3. A confiança retomou e atingiu o pico de 85,2 em outubro de 2020. Depois disso, entre algumas oscilações, foi caindo até chegar a 45,3 em julho deste ano, e agora registrou as duas elevações.

Por outro lado, a produção de aço bruto tem registrado números que deixam o setor atento. Em agosto, foram 2,8 milhões de toneladas, o que representa uma alta de 0,6% em relação a julho, mas queda de 11,3% em relação ao mesmo mês de 2021. No acumulado do ano, a produção atingiu 23,1 milhões de toneladas, queda de 4,5% frente a igual período em 2021. Com relação às vendas internas de produtos siderúrgic­os, salto de 3,6%, para 1,7 milhão de toneladas, queda de 6,8% em relação ao mesmo período do ano passado. Importante ressaltar que 2021 foi de retomada da demanda e reposição dos estoques, o que fez a indústria do aço registrar ótimos resultados.

Esse movimento no segmento de aços especiais é resultado da preparação da Gerdau para um novo ciclo de cresciment­o GUSTAVO WERNECK CEO DA GERDAU

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Companhia moderniza suas máquinas e seus processos para aumentar a produção e a qualidade
OPERAÇÃO Companhia moderniza suas máquinas e seus processos para aumentar a produção e a qualidade
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