GUERRA DE TAXAS
Itaú decide zerar cobrança por corretagem de operações de renda variável — mesmo perdendo receita — para concorrer com plataformas digitais, como a XP
No último dia 6 de outubro, o Itaú Unibanco desafiou as plataformas digitais e anunciou taxa zero de corretagem em investimentos na Bolsa. A medida agradou os investidores da corretora, que está entre as líderes do varejo (pessoa física), de acordo com dados da B3 e da Anbima. Apesar de o corte de tarifas não ser novidade — desde 2017, as plataformas fazem promoções do tipo taxa zero para atrair clientes — o tema é incomum entre os grandes bancos. No segmento das plataformas, a taxa zero ocorre em alguns produtos, mas, claro, há ganhos de escala e receitas em outros produtos e serviços dentro do pacote ofertado aos clientes. Segundo analistas de mercado, as plataformas estão incomodando os bancos. Para entrar na guerra de igual para igual, o Itaú abrirá mão do faturamento com corretagem. No segundo trimestre de 2022, de acordo com o relatório gerencial do banco, foi registrado receita de R$ 997 milhões com assessoria econômico-financeira e corretagem com operações de renda variável (ações) e renda fixa.
Na batalha atual, o Itaú zerou a taxa de corretagem na negociação de ações, BDRs (recibos de ações estrangeiras), ETFs (fundos negociados em Bolsa) e opções para clientes de todos os segmentos do banco (agências, Uniclass, Personnalité e Private) que negociam exclusivamente via canais digitais no home broker da Itaú Corretora ou pelo aplicativo íon Itaú. É uma medida ousada. Antes, essa taxa era fixa em R$ 4,90 por ordem para corretagem e R$ 2,90 em operações day trade. Em outras palavras, o banco está reduzindo seu faturamento para competir com as demais plataformas.
“O nosso objetivo é proporcionar aos investidores a melhor e mais completa experiência em suas jornadas de alocação, com transparência, e acesso facilitado a um portfólio completo de produtos”, disse o diretor de Produtos de Investimento e Previdência do Itaú Unibanco, Claudio Sanches. “Acreditamos que esse movimento pode contribuir para que um número ainda maior de pessoas passe a diversificar seus investimentos, respeitando os perfis de investidores e objetivos.”