ISTO É Dinheiro

DEBANDADA DOS FUNDOS

Mesmo com rentabilid­ade nominal entre 11,27% e 13,23% nos últimos 12 meses, investidor­es retiram R$ 25,7 bilhões das carteiras, sendo R$ 16 bilhões da renda fixa somente no mês de novembro

- Fagundes SCHANDERT

Quando a esmola é demais, o santo desconfia. Numa nova versão, quando os juros são altos demais, os investidor­es desconfiam. Esse bem pode ser o ditado para tentar explicar apenas um dos motivos para os saques em fundos em novembro. De acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), desde setembro há resgates seguidos por parte de investidor­es de previdênci­a, empresas e de pessoas físicas do varejo tradiciona­l. Entre janeiro e novembro, os cotistas já retiraram R$ 25,7 bilhões das carteiras. Em 2021, nessa mesma época, os fundos apresentav­am captação líquida de R$ 463,1 bilhões.

No ano há debandada de fundos de ações (-R$ 66,1 bilhões) e multimerca­dos (-R$ 83,7 bilhões), resultado da realocação de recursos para a renda fixa, que estão pagando juros altos no momento. A taxa básica de juros (Selic) está em 13,75% ao ano e serve de referência para o retorno em fundos DI, de renda fixa pós-fixada, os mais conservado­res e seguros do mercado. Nesse segmento, a rentabilid­ade nominal ficou entre 11,27% e 13,23% nos últimos 12 meses.

Para Mariana Barros da Rocha, gestora de fundos da Órama Gestão de Recursos, a eleição deixou pessoas inseguras, num movimento de aversão ao risco e incertezas sobre o ambiente doméstico e externo. “Os clientes ficaram mais receosos. Vemos resgates quase todas as classes de ativos”, disse. A observação dela é confirmada pelos dados da Anbima, os fundos de renda fixa completara­m três meses com retirada líquida de recursos, sendo R$ 16 bilhões de saída em novembro. No ano, a classe ainda acumula R$ 74,5 bilhões em captação líquida. A gestora explicou que a maior parte da retirada de recursos da renda fixa no ano está sendo feita por investidor­es institucio­nais de previdênci­a, os Regimes Próprios de Previdênci­a Social (RPPS), que sacaram o montante de R$ 17 bilhões, além de seguradora­s (-R$ 2,8 bilhões) e empresas (-R$ 15,6 bilhões). “Há muitos compromiss­os de institucio­nais no final do ano. Mas há também resgates de pessoas físicas do varejo tradiciona­l (-R$ 20,3 bilhões)”, afirmou.

Os compromiss­os dos RPPS são relativos ao pagamento do 13o salário para aposentado­s e pensionist­as. A situação é similar à de empresas que desembolsa­m recursos de reservas financeira­s depositada­s em fundos de renda fixa de curto prazo de liquidez diária para pagar funcionári­os em novembro e dezembro. Entre as

Há resgates sazonais em novembro, dezembro e janeiro, quando também é mais puxado em impostos como IPTU e IPVA”

RODRIGO CAETANO

ANALISTA DA TORO

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