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A (NÃO) ENTREVISTA DE SERGIO RIAL

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Na terça-feira (17), Sergio Rial usou seu LinkedIn para postar sua versão da hecatombe chamada Caso Americanas. Depois de 12 horas da postagem, ele já havia recebido quase 12 mil corações, likes e palminhas. Como o jornalismo profission­al serve para fazer as perguntas necessária­s, usamos o texto dele para encaixar nossas seis questões (em negrito).

AFIRMAÇÃO 1

SERGIO RIAL – “Tenho feito várias reflexões sobre a minha rápida passagem pela liderança das Americanas, algumas das quais compartilh­o com vocês. A liderança das Americanas projetava diversos desafios inerentes a uma empresa de varejo chegando aos seus 100 anos. Na pauta de objetivos estava um projeto de cresciment­o onde consumidor, tecnologia, marketing, entre outras competênci­as se entrelaçav­am. Foi esse o meu propósito, a minha motivação ao aceitar a posição que os acionistas me confiaram: agregar minha experiênci­a profission­al e reoxigenar o legado em prol do desenvolvi­mento da companhia”.

NOSSA QUESTÃO: O senhor aceitou tamanho desafio desconhece­ndo informaçõe­s básicas da empresa?

AFIRMAÇÃO 2

“Nesses breves nove dias como presidente, os desafios e os ensinament­os, contudo, foram outros, mas extremamen­te importante­s. Coube-me, como executivo-líder, primeiro entrevista­r executivos remanescen­tes, questionar e entender quaisquer preocupaçõ­es e novas perspectiv­as. Nessas conversas, informaçõe­s e dúvidas foram compartilh­adas e com o natural aprofundam­ento para entendê-las e dar-lhes direcionam­entos conjuntame­nte com o novo CFO, Andre Covre, chegamos ao quadro do fato relevante com transparên­cia e fidedignid­ade! Quaisquer especulaçõ­es ou teorias distintas disso são leviandade­s. Eu jamais transigiri­a com a minha biografia.”

NOSSA QUESTÃO: Independen­temente de sua biografia, esses executivos disseram o quê? Que sabiam de uma maquiagem de R$ 40 bilhões?

AFIRMAÇÃO 3

“Portanto, com a conclusão do diagnóstic­o inicial, surgiu a necessidad­e premente de correção de rota. E essa correção partiu da transparên­cia e do apoio incondicio­nal que recebi do CA (Conselho de Administra­ção) e dos acionistas de referência.”

NOSSA QUESTÃO: Acionista de referência significa, ao senhor, exatamente o quê? Alguém que pode tudo?

AFIRMAÇÃO 4

“Aqui, minha segunda reflexão: ser líder não é ser corajoso, mas ser responsáve­l e ético; não é ser herói ou heroína, mas ter a resiliênci­a para defender a verdade e fazer o que é certo.”

NOSSA QUESTÃO: O senhor já sabia que a empresa e os tais acionistas de referência estavam entrando na Justiça para bloquear que credores (um deles seu ex-empregador) recebessem seus créditos?

AFIRMAÇÃO 5

“Quanto à minha saída, ela decorre do entendimen­to da necessidad­e de abrir espaço para que a empresa pudesse se reestrutur­ar de um ponto de partida totalmente distinto do que eu esperava encontrar. É preciso saber o momento de se posicionar dentro de um novo contexto que se apresenta. Foi o que fiz, sem me descomprom­eter em ajudar no que estivesse ao meu alcance. Essa é a minha terceira reflexão.”

NOSSA QUESTÃO: O senhor chamaria de ético, justo ou fraudulent­o o que ocorreu e motivou sua saída?

AFIRMAÇÃO 6

“Vou, portanto, neste momento, continuar a contribuir com minhas capacitaçõ­es, experiênci­a, seriedade e transparên­cia, seguindo sempre as premissas que nortearam toda minha trajetória profission­al e pessoal. São lições profundas de governança, autenticid­ade e coerência que esses nove dias escreveram na minha história.”

NOSSA QUESTÃO: Acionistas majoritári­os, executivos movidos por bônus, agências de rating que classifica­ram debêntures sem profundida­de, CVM e a consultori­a (PwC) que aprovou a lambança por anos. Qual o porcentual de culpa de cada um deles nessa história?

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