REALIDADES DIFERENTES, RESULTADOS DISTINTOS
É comum ouvir que Japão e Estados Unidos possuem dívidas maiores que seu PIB. Nos EUA a dívida pública chegou a 134% do PIB ao final de 2021 e exigiu corte de gastos em 2022. No Japão a dívida foi de 286% do PIB de 2021 e expectativa do FMI é que tenha crescido no ano passado. E se eles podem, por que o Brasil reclama de estar perto de 80%? Quem dá essa resposta é o economista e professor Simon Board, que dá aulas na UCLA sobre o tema. “É impossível comparar o Brasil com os Estados Unidos porque as condições do endividamento são distintas”. Os EUA, por exemplo, mantêm o ritmo de crescimento e elevado interesse do capital estrangeiro pela segurança de ser uma economia estável. O governo, por sua vez, se beneficia de um dinheiro pagando perto de zero de juro real. “Com a alta dos juros em 2022 e previsão de mais uma beliscada em 2023 o país deve segurar a contração de dívida.”
No caso do Japão há dois fatores determinantes. A população envelhecida que investe em título e os baixos riscos da economia local. O advogado tributário Fernando Gaes faz a comparação. “A lógica é a mesma do capital privado: as grandes e boas pagadoras são as que mais se endividam e isso não é um problema no balanço. Já as pequenas e de alto risco pagam mais caro pela dívida e comprometem a própria operação com parcelas tão altas”, disse. Por isso países da África, Como Tânzania, e dá Ásia, como Cazaquistão, possuem endividamento baixo mesmo com taxa de juros elevadíssimas. “Então o governo precisa emitir moeda e aí começam os problemas inflacionários”. E se há dúvidas sobre o tamanho do problema, o Institute of International Finance (IIF) reportou que, em 2022, o mundo atingiu US$ 300 trilhões em endividamento, ou 349% do PIB global. O equivalente a US$ 37,5 mil para cada pessoa.