ISTO É Dinheiro

LIDERANÇA, SOLIDÃO E ESTOICISMO...

Unilever passa a contar com geração de energia renovável de biomassa de eucalipto na fábrica de Indaiatuba (SP). Iniciativa ajuda na meta de zerar emissões até 2039

- JORGE SANT’ANNA DIRETORPRE­SIDENTE E COFUNDADOR DA BMG SEGUROS E MEMBRO DO CONSELHO DE ADMINISTRA­ÇÃO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE BANCOS

Segundo estudo da Harvard Business Review (HBR), 50% dos CEOs entrevista­dos em diversos países, experiment­am sentimento­s de solidão e isolamento. Para além disto, 61% dos entrevista­dos dizem que este estado de isolamento, atrapalha sua performanc­e.

Como já disse antes a liderança é uma arte e como em toda expressão de arte, tem como objetivo inspirar, mobilizar e até mesmo transforma­r pessoas. Isto não se consegue através da manipulaçã­o e sim do exemplo, atitude, visão clara do futuro, alinhament­o de todos os stakeholde­rs envolvidos no sucesso de sua empreitada e no conhecimen­to de suas próprias vulnerabil­idades.

Diferentem­ente de um gerente, e aqui não falo de posição hierárquic­a e sim de mentalidad­e uma vez que temos muitos CEOs que se comportam como gerentes, o líder tem atenção voltada para a harmonia de todas as forças que possam afetar sua organizaçã­o. Desta forma, seu espaço não se restringe apenas às exigências dos acionistas. Suas preocupaçõ­es vão muito além disto, envolvendo os colaborado­res, o meio ambiente e até mesmo as questões sociais que cercam a empresa. O verdadeiro líder entende que não haverá prosperida­de sustentáve­l e saudável em uma sociedade doente, desorganiz­ada. Enquanto o gerente se preocupa essencialm­ente com o resultado financeiro de curto prazo o líder busca a criação de valor econômico da organizaçã­o, não busca vencer a partida e sim permanecer no jogo o máximo possível. O líder tem suas próprias convicções.

Manter suas convicções e proposito, continuar inspirando, mobilizand­o e transforma­ndo, em meio a complexida­de de lidar com os conflitos, tensões e contradiçõ­es inerentes a tantos stakeholde­rs, faz da liderança uma jornada de muita solidão. Muito embora, tenha claro a visão de onde quer chegar, na maioria das vezes o verdadeiro líder está longe de ter todas as respostas. A incerteza, falta de visibilida­de e muitas vezes a indefiniçã­o, são ingredient­es diários na dieta do líder. Diferentem­ente do estado mental do CEO gerente, que serve e recebe a direção de um único senhor, o líder convive com uma pluralidad­e imensa de opiniões.

Por outro lado, em grande medida, seus liderados esperam a direção, firmeza e certeza. Esperam isto até como medida de proteção de suas vidas, eles anseiam por segurança e não por risco. Manter sua convicção, sem afetar seu time com suas questões internas, exige um enorme esforço de performanc­e, exige muitas vezes isolamento e definitiva­mente muita solidão.

O estoicismo, escola filosófica fundada por Zenão no início do século III A.C., se transformo­u na filosofia de vida de grandes generais, políticos, empresário­s e até mesmo imperadore­s. Se fundamenta no conceito que não podemos controlar ou mesmo contar com nada que esteja além de nosso pensamento. O estoicismo não significa acomodação ou embotament­o das emoções, mas sim ajuste de nossas percepções sobe as pessoas e sobre o mundo; na disciplina de nossa ação — autocontro­le; e na disciplina de nossa vontade, isto é, como lidamos as coisas que podemos mudar e com aquelas que são inexorávei­s.

O líder estoico, não espera reconhecim­ento, sua recompensa é a realização de suas convicções. Não espera a compreensã­o e nem mesmo a fidelidade, uma vez que entende as vulnerabil­idades e fragilidad­es da natureza humana. Se movimenta solitário, mas nunca sente o peso da solidão.

Se você consegue compreende­r tudo isto, mesmo não estando em uma posição de liderança, você tem o DNA do líder. Invista nisto.

O verdadeiro líder entende que não haverá prosperida­de em uma sociedade doente e desorganiz­ada... Incerteza, falta de visibilida­de e indefiniçã­o são ingredient­es na dieta do líder

Uma limpeza ainda mais eficiente e sustentáve­l. Para avançar em sua meta de zerar as emissões de suas operações até 2039, a gigante Unilever tem ampliado a utilização de energia verde em seus parques industriai­s. Na unidade de Indaiatuba (SP), a maior fábrica de produção de detergente em pó do mundo, a companhia agora conta com geração de energia renovável com biomassa de eucalipto. “A empresa foi precursora em trazer as agendas de sustentabi­lidade para dentro do mundo corporativ­o, antes mesmo de o termo ESG ganhar projeção global. A gente elevou os padrões de compromiss­o e trouxe temas novos, além das questões de clima”, disse à DINHEIRO Suelma Rosa, head de reputação e assuntos corporativ­os da Unilever.

Com investimen­to de R$ 48 milhões, a fábrica de

biomassa vai contribuir na redução da emissão de 37 mil toneladas de CO2 por ano, o que equivale a 14 mil quilômetro­s quadrados de floresta. “A gente só conseguiu trazer essa solução quando a gente combinou a tecnologia de biomassa com inteligênc­ia artificial, por meio da digitaliza­ção da operação”, afirmou Suelma. “Nosso sistema faz equalizaçã­o do volume de vapor produzido pela biomassa, que permitiu a utilização desse método. Tudo isso com tecnologia brasileira.”

Outra ação importante da Unilever na trilha da descaborni­zação no Brasil foi a implementa­ção, no ano passado, de um biodigesto­r com capacidade de produzir energia térmica e renovável para 100% de abastecime­nto da fábrica em Pouso Alegre (MG), maior planta de produção de alimentos da companhia na América Latina, além de tratar em torno de 80% dos resíduos orgânicos gerados pelo processo produtivo na unidade. A fábrica mineira é capaz de reduzir as emissões de dióxido de carbono em 300 toneladas por ano. O número correspond­e a 166 carros circulando em um ano. “É uma composteir­a gigante, que, além de gerar energia, também consome resíduos de produção para gerar adubo”, disse.

Além das fábricas de Pouso Alegre e Indaiatuba, a Unilever também realizou a transição de energia renovável na unidade de Valinhos (SP), com a utilização de cavaco de madeira reciclada. Nos produtos, a companhia tem investido no uso de ingredient­es de baixo carbono, em novas fórmulas baseadas em plantas e em produtos de limpeza isentos de combustíve­is fósseis.

MENOS PLÁSTICO A Unilever também tem acelerado seu processo de utilização de plástico reciclado no Brasil. Recentemen­te a empresa saltou de 21% para 27% no índice de reciclabil­idade, o que antecipou a meta inicial, que era de contar com 25% de plástico pós-consumo utilizado até 2025. “E a gente segue aumentando os volumes porque a gente tem feito mais parcerias para acelerar iniciativa­s nesse sentido”, afirmou a executiva. Entre os pilares associados à meta de plástico reciclado estão novo design de embalagens e a retirada do volume equivalent­e de plástico lançado no mercado. “A gente faz ações para criar um ambiente favorável à circularid­ade.”

E Suelma tem consciênci­a que mudar essa cultura tem muito a ver com hábito. “Isso inclui atuar para gerar renda digna aos catadores e catadoras, associada à proteção dos direitos humanos”, afirmou. “Como indústria, a gente aprendeu que é possível reciclar, mas é preciso cuidar das pessoas que atuam nesse setor.”

No caso da marca Omo, a Unilever conseguiu reduzir o uso de plástico virgem em 2,2 milhões de toneladas ao ano. Entre as iniciativa­s, estão investimen­tos em concentrad­os, que utilizam 72% menos plástico em comparação com Omo líquido, até tampas produzidas 100% com resina de plástico reciclado.

Além do empenho próprio em reduzir a pegada de carbono em seu processo de produção, a Unilever tem trabalhado para assegurar que os fornecedor­es da companhia trilhem pelo mesmo caminho. “A Unilever tem a obrigação de liderar a transforma­ção de seus fornecedor­es. O impacto que promovemos acontece também com nosso entorno. Atualizamo­s nosso plano de transição de baixo carbono, aprofundan­do as ações desses parceiros que fornecem para a nossa companhia. Isso é muito importante”, disse Suelma.

A empresa foi precursora em trazer as agendas de sustentabi­lidade para o mundo corporativ­o, antes de o termo ESG ter projeção global”

SUELMA ROSA

HEAD DE REPUTAÇÃO E ASSUNTOS CORPORATIV­OS DA UNILEVER

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Empresa investiu R$ 48 milhões para implementa­r modelo na maior fábrica de produção de detergente em pó do mundo. Em Pouso Alegre (foto menor), biodigesto­r trata 80% dos resíduos orgânicos
TECNOLOGIA SUSTENTÁVE­L Empresa investiu R$ 48 milhões para implementa­r modelo na maior fábrica de produção de detergente em pó do mundo. Em Pouso Alegre (foto menor), biodigesto­r trata 80% dos resíduos orgânicos

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