PRATELEIRAS DE MERCADO VIRTUAIS: COMO O E-COMMERCE ESTÁ INOVANDO NO SETOR
Marcas do Grupo TPV, que faturou US$ 13 bilhões em 2023, investem em novas tecnologias para atrair jovens brasileiros. Crescimento previsto é de 5% nas vendas locais
Oque era uma tendência se consolidou como realidade: as prateleiras de supermercado virtuais. A atual venda de produtos de supermercado no e-commerce foi impulsionada, em grande parte, por empresas líderes de mercado, como Mercado Livre, Shopee e Amazon. Essas gigantes do comércio eletrônico chegam a oferecer entregas surpreendentemente rápidas, muitas vezes em um prazo de um a dois dias, no máximo. Nesse sentido, os marketplaces não apenas proporcionam uma variedade extensa de produtos, mas também estabelecem um padrão de referência em que os eficientes sistemas de entrega são peças-chave para o sucesso do negócio.
Além dos marketplaces, não podemos ignorar o papel fundamental desempenhado pelos aplicativos de last mile, como Rappi e iFood, que se destacam ao realizar entregas em poucos minutos. Esses aplicativos não apenas consolidam as categorias de supermercado dentro do e-commerce, mas também elevam a experiência do consumidor a um novo patamar, proporcionando conveniência e eficiência inigualáveis.
Seguindo nesta direção, como CEO à frente de uma multinacional de e-commerce, ao fazer uma observação atenta desse cenário do mercado, posso inferir que as marcas estão cada vez mais investindo em suas próprias lojas e e-commerces. Um exemplo do seguimento é a empresa de alimentos Ajinomoto, uma das marcas do nosso portfólio. Ao adotar uma abordagem inovadora, ela vinculou suas ações de marketing programa Big Brother Brasil, utilizando QR Codes direcionados para o seu site. Munidos de seus smartphones, os telespectadores eram facilmente conduzidos à loja on-line da marca, onde podiam realizar compras diretamente dos produtos exibidos durante o programa.
Essa estratégia não é um caso isolado. Muitas indústrias têm adotado ações similares, vinculando-se a influenciadores e patrocinando eventos para impulsionar suas presenças online. A ascensão das lojas próprias tem sido notável, proporcionando um crescimento substancial e resultados significativos para as marcas que decidem embarcar nessa jornada e isso inclui a diversidade de produtos que anteriormente só era possível adquirir indo, de fato, aos supermercados.
A experiência de compra on-line está mais acessível, rápida e diversificada que nunca. Como líderes do setor de e-commerce, continuaremos a inovar e a aprimorar nossas operações para atender às crescentes demandas dos consumidores em um ambiente cada vez mais digitalizado. Até porque, antes de mais nada, é preciso estratégia e investimento em estrutura e logística para oferecer os serviços com qualidade.
Quando falamos em produtos alimentícios, a responsabilidade torna-se ainda maior: refrigeração e temperatura de armazenamento, higienização, manejo e transporte, todos esses passos requerem os mais altos padrões de controle e cuidado. Por isso, nessa corrida do mercado, vão chegar na frente as empresas que estão mais preparadas para oferecer a melhor experiência de compra associada ao mais alto nível de qualidade.
Nessa corrida do mercado, vão chegar na frente as empresas que estão mais preparadas para oferecer a melhor experiência de compra associada ao mais alto nível de qualidade
Há quase 30 anos no Brasil, o conglomerado chinês TPV atua no mercado nacional de televisores, monitores e produtos de áudio com a marca própria AOC e como fabricante de equipamentos Philips. Por aqui, o gigante, que registrou faturamento global de US$ 13 bilhões em 2023, quer se conectar com as novas gerações de consumidores para se manter relevante num mercado competitivo. Para entrar na mesma sintonia dos jovens, a estratégia é clara: oferecer um setup gamer completo com a AOC e disparar na liderança do
setor e, com a Philips, atualizar tecnologias de TVs e investir em produtos de áudio. Com isso, a TPV, que tem o País como seu segundo maior mercado, atrás apenas da China, prevê aumentar o volume de vendas locais em 5% neste ano — os valores absolutos de receita no Brasil não são revelados.
Segundo Eduardo Brunoro, CSO (diretor de vendas) da TPV no Brasil, as estratégias fazem parte da ambição de se destacar no universo dos eletroeletrônicos diante de grandes concorrentes, como a Samsung, líder do comércio de TVs, segundo a consultoria GfK. Hoje, a Philips está na quarta posição em vendas de televisores no País, um mercado que movimenta mais de 10 milhões de unidades anualmente. “A Philips manteve a mesma posição nos últimos quatro anos. Isso é bom, mas para crescer precisamos chegar no novo consumidor, que não conhece a marca como os antigos”, afirmou Brunoro à DINHEIRO.
No mercado de televisores, os aparelhos de 70, 75, 77 e 85 polegadas caíram no gosto do cliente. E, seguindo essa tendência, a Philips vai lançar modelos de 75 a 90 polegadas neste ano. A grande aposta é a série de televisores Ambilight, caracterizados pelas luzes que irradiam na parte traseira para criar uma experiência mais imersiva. O modelo apresenta um novo processador, telas OLED, Mini LED e outras inovações. O segmento de áudio também brilha os olhos da marca, especialmente a linha Party Speakers [caixas de som] e os fones de ouvido.
Se na Philips o objetivo é rejuvenescer ao se conectar às tendências, na AOC, a fabricante chinesa busca falar a mesma linguagem da nova geração para dominar de vez o mercado de monitores, o qual a marca é líder desde 2017. Conquistar os corações da geração Z, nascidos entre 1995 e 2010, é peça-chave. Segundo o IBGE, esse público corresponde a 20% da população brasileira e já é economicamente ativa.
A AOC aposta em monitores “super rápidos”, acima de 180 Hz, para atender as necessidades do público gamer. A marca também busca cercar esse consumidor com novas linhas de teclados, mouses e periféricos. “A indústria gamer cresce cada vez mais. É um setor cheio de oportunidades para fortalecer a presença dos nossos produtos”, disse Brunoro. Segundo a Newzoo, empresa de pesquisa e consultoria especializada em jogos eletrônicos, o setor movimentou US$ 184 bilhões no mundo em 2023 e prevê receita de US$ 189,3 bilhões neste ano. Ainda de acordo com o levantamento, os segmentos de PC e consoles estarão em alta.
ALÉM DAS TECNOLOGIAS Fazer um upgrade no visual, na mensagem ao consumidor e na estrutura fabril também é prioridade para a TPV. Novos designs de TVs devem chegar no segundo semestre, produzidos no Centro de Desenvolvimento e Inovação localizado na Bélgica. Já na comunicação, a Philips se associa à cantora Simone Mendes, que acumula mais de 30 milhões de seguidores nas redes sociais, como uma maneira de se aproximar dos compradores mais jovens. Já a AOC entra no jogo como patrocinadora da Furia, equipe brasileira de e-Sports. Além disso, a fábrica na Zona Franca de Manaus, que produz mais de 3 milhões de produtos anualmente, deve receber melhorias para o desenvolvimento de tecnologias.
Se há o desafio de atuar em um setor altamente competitivo, por outro lado, segundo Brunoro, existem fatores positivos importantes na visão do grupo, como o avanço da reforma tributária e da tecnologia de TV 3.0, a nova geração da TV digital. “A TV 3.0 vai transformar o perfil de consumo, com mais qualidade, enquanto as questões fiscais refletem na atuação das empresas. A reforma vai aumentar o nível de competitividade do mercado brasileiro”, afirmou o executivo. Agora, com um setup atualizado, o TPV entra mais do que nunca no jogo da geração Z.