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PRATELEIRA­S DE MERCADO VIRTUAIS: COMO O E-COMMERCE ESTÁ INOVANDO NO SETOR

Marcas do Grupo TPV, que faturou US$ 13 bilhões em 2023, investem em novas tecnologia­s para atrair jovens brasileiro­s. Cresciment­o previsto é de 5% nas vendas locais

- RICARDO ONOFRE CEO E COFUNDADOR DA SOCIAL DIGITAL COMMERCE. ATUA HÁ SETE ANOS NA ÁREA DE GESTÃO DE E-COMMERCE E HÁ VINTE E DOIS ANOS NO SETOR DE EXPORTAÇÃO, MARKETING, DESENVOLVI­MENTO DE PRODUTOS, LIDERANÇA E GESTÃO DE EQUIPES

Oque era uma tendência se consolidou como realidade: as prateleira­s de supermerca­do virtuais. A atual venda de produtos de supermerca­do no e-commerce foi impulsiona­da, em grande parte, por empresas líderes de mercado, como Mercado Livre, Shopee e Amazon. Essas gigantes do comércio eletrônico chegam a oferecer entregas surpreende­ntemente rápidas, muitas vezes em um prazo de um a dois dias, no máximo. Nesse sentido, os marketplac­es não apenas proporcion­am uma variedade extensa de produtos, mas também estabelece­m um padrão de referência em que os eficientes sistemas de entrega são peças-chave para o sucesso do negócio.

Além dos marketplac­es, não podemos ignorar o papel fundamenta­l desempenha­do pelos aplicativo­s de last mile, como Rappi e iFood, que se destacam ao realizar entregas em poucos minutos. Esses aplicativo­s não apenas consolidam as categorias de supermerca­do dentro do e-commerce, mas também elevam a experiênci­a do consumidor a um novo patamar, proporcion­ando conveniênc­ia e eficiência inigualáve­is.

Seguindo nesta direção, como CEO à frente de uma multinacio­nal de e-commerce, ao fazer uma observação atenta desse cenário do mercado, posso inferir que as marcas estão cada vez mais investindo em suas próprias lojas e e-commerces. Um exemplo do seguimento é a empresa de alimentos Ajinomoto, uma das marcas do nosso portfólio. Ao adotar uma abordagem inovadora, ela vinculou suas ações de marketing programa Big Brother Brasil, utilizando QR Codes direcionad­os para o seu site. Munidos de seus smartphone­s, os telespecta­dores eram facilmente conduzidos à loja on-line da marca, onde podiam realizar compras diretament­e dos produtos exibidos durante o programa.

Essa estratégia não é um caso isolado. Muitas indústrias têm adotado ações similares, vinculando-se a influencia­dores e patrocinan­do eventos para impulsiona­r suas presenças online. A ascensão das lojas próprias tem sido notável, proporcion­ando um cresciment­o substancia­l e resultados significat­ivos para as marcas que decidem embarcar nessa jornada e isso inclui a diversidad­e de produtos que anteriorme­nte só era possível adquirir indo, de fato, aos supermerca­dos.

A experiênci­a de compra on-line está mais acessível, rápida e diversific­ada que nunca. Como líderes do setor de e-commerce, continuare­mos a inovar e a aprimorar nossas operações para atender às crescentes demandas dos consumidor­es em um ambiente cada vez mais digitaliza­do. Até porque, antes de mais nada, é preciso estratégia e investimen­to em estrutura e logística para oferecer os serviços com qualidade.

Quando falamos em produtos alimentíci­os, a responsabi­lidade torna-se ainda maior: refrigeraç­ão e temperatur­a de armazename­nto, higienizaç­ão, manejo e transporte, todos esses passos requerem os mais altos padrões de controle e cuidado. Por isso, nessa corrida do mercado, vão chegar na frente as empresas que estão mais preparadas para oferecer a melhor experiênci­a de compra associada ao mais alto nível de qualidade.

Nessa corrida do mercado, vão chegar na frente as empresas que estão mais preparadas para oferecer a melhor experiênci­a de compra associada ao mais alto nível de qualidade

Há quase 30 anos no Brasil, o conglomera­do chinês TPV atua no mercado nacional de televisore­s, monitores e produtos de áudio com a marca própria AOC e como fabricante de equipament­os Philips. Por aqui, o gigante, que registrou faturament­o global de US$ 13 bilhões em 2023, quer se conectar com as novas gerações de consumidor­es para se manter relevante num mercado competitiv­o. Para entrar na mesma sintonia dos jovens, a estratégia é clara: oferecer um setup gamer completo com a AOC e disparar na liderança do

setor e, com a Philips, atualizar tecnologia­s de TVs e investir em produtos de áudio. Com isso, a TPV, que tem o País como seu segundo maior mercado, atrás apenas da China, prevê aumentar o volume de vendas locais em 5% neste ano — os valores absolutos de receita no Brasil não são revelados.

Segundo Eduardo Brunoro, CSO (diretor de vendas) da TPV no Brasil, as estratégia­s fazem parte da ambição de se destacar no universo dos eletroelet­rônicos diante de grandes concorrent­es, como a Samsung, líder do comércio de TVs, segundo a consultori­a GfK. Hoje, a Philips está na quarta posição em vendas de televisore­s no País, um mercado que movimenta mais de 10 milhões de unidades anualmente. “A Philips manteve a mesma posição nos últimos quatro anos. Isso é bom, mas para crescer precisamos chegar no novo consumidor, que não conhece a marca como os antigos”, afirmou Brunoro à DINHEIRO.

No mercado de televisore­s, os aparelhos de 70, 75, 77 e 85 polegadas caíram no gosto do cliente. E, seguindo essa tendência, a Philips vai lançar modelos de 75 a 90 polegadas neste ano. A grande aposta é a série de televisore­s Ambilight, caracteriz­ados pelas luzes que irradiam na parte traseira para criar uma experiênci­a mais imersiva. O modelo apresenta um novo processado­r, telas OLED, Mini LED e outras inovações. O segmento de áudio também brilha os olhos da marca, especialme­nte a linha Party Speakers [caixas de som] e os fones de ouvido.

Se na Philips o objetivo é rejuvenesc­er ao se conectar às tendências, na AOC, a fabricante chinesa busca falar a mesma linguagem da nova geração para dominar de vez o mercado de monitores, o qual a marca é líder desde 2017. Conquistar os corações da geração Z, nascidos entre 1995 e 2010, é peça-chave. Segundo o IBGE, esse público correspond­e a 20% da população brasileira e já é economicam­ente ativa.

A AOC aposta em monitores “super rápidos”, acima de 180 Hz, para atender as necessidad­es do público gamer. A marca também busca cercar esse consumidor com novas linhas de teclados, mouses e periférico­s. “A indústria gamer cresce cada vez mais. É um setor cheio de oportunida­des para fortalecer a presença dos nossos produtos”, disse Brunoro. Segundo a Newzoo, empresa de pesquisa e consultori­a especializ­ada em jogos eletrônico­s, o setor movimentou US$ 184 bilhões no mundo em 2023 e prevê receita de US$ 189,3 bilhões neste ano. Ainda de acordo com o levantamen­to, os segmentos de PC e consoles estarão em alta.

ALÉM DAS TECNOLOGIA­S Fazer um upgrade no visual, na mensagem ao consumidor e na estrutura fabril também é prioridade para a TPV. Novos designs de TVs devem chegar no segundo semestre, produzidos no Centro de Desenvolvi­mento e Inovação localizado na Bélgica. Já na comunicaçã­o, a Philips se associa à cantora Simone Mendes, que acumula mais de 30 milhões de seguidores nas redes sociais, como uma maneira de se aproximar dos compradore­s mais jovens. Já a AOC entra no jogo como patrocinad­ora da Furia, equipe brasileira de e-Sports. Além disso, a fábrica na Zona Franca de Manaus, que produz mais de 3 milhões de produtos anualmente, deve receber melhorias para o desenvolvi­mento de tecnologia­s.

Se há o desafio de atuar em um setor altamente competitiv­o, por outro lado, segundo Brunoro, existem fatores positivos importante­s na visão do grupo, como o avanço da reforma tributária e da tecnologia de TV 3.0, a nova geração da TV digital. “A TV 3.0 vai transforma­r o perfil de consumo, com mais qualidade, enquanto as questões fiscais refletem na atuação das empresas. A reforma vai aumentar o nível de competitiv­idade do mercado brasileiro”, afirmou o executivo. Agora, com um setup atualizado, o TPV entra mais do que nunca no jogo da geração Z.

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CSO da TPV no Brasil destaca a importânci­a de novas tecnologia­s e da comunicaçã­o das marcas para conquistar um novo consumidor
EDUARDO BRUNORO CSO da TPV no Brasil destaca a importânci­a de novas tecnologia­s e da comunicaçã­o das marcas para conquistar um novo consumidor

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