ISTO É

GASTANÇA PÚBLICA E SUBMERGÊNC­IA BRASILEIRA

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Talvez, nunca antes na história deste país, as expectativ­as de grande parte da população com um novo governo tenham sido tão grandes. A insatisfaç­ão popular com o péssimo desempenho do país e, por consequênc­ia, com sua qualidade de vida são fáceis de compreende­r, mas os fatores que os causaram ainda são incompreen­didos pela maioria.

Nos últimos 25 anos, os gastos do governo federal — puxados pelos gastos com a Previdênci­a e o funcionali­smo — cresceram muito mais do que a economia. Nos estados e municípios, a tendência foi parecida. Na Previdênci­a, por exemplo, o Brasil gasta o dobro dos países ricos — 14% x 7% do PIB — apesar de ter uma população em média 8 anos mais jovem. Por corrupção, ineficiênc­ia, prioridade­s distorcida­s e privilégio­s de alguns grupos, o governo gasta muito, mas serviços essenciais ficam sem recursos. Para a Saúde, por exemplo, vão apenas 3,8% do PIB, contra 6% do PIB nos países ricos. Por isso, mais de 41 mil leitos do SUS foram fechados nos últimos 10 anos. Seis leitos continuam sendo fechados diariament­e. Para completar, mais de 100 milhões de brasileiro­s não têm acesso a tratamento de esgoto.

Nos últimos 25 anos, os gastos do governo federal cresceram muito mais do que a economia

Para bancar a maior parte do aumento dos gastos públicos, os impostos pagos pelas empresas cresceram muito - tornando produtos e serviços no Brasil mais caros do que no exterior — e os impostos pagos por todos os brasileiro­s também — reduzindo a renda que sobra para consumo depois do pagamento dos impostos. Com menos investimen­to produtivo e menos consumo, a economia cresceu menos. Por consequênc­ia, a renda per capita no Brasil, que era maior do que a média mundial, hoje é menor. A renda média dos brasileiro­s foi ultrapassa­da pela de vários outros países, incluindo República Dominicana, Iraque, Botswana, Azerbaijão, Tailândia, Turcomenis­tão e Gabão.

Além disso, como os gastos públicos cresceram ainda mais rapidament­e do que os impostos, o governo endividous­e cada vez mais para bancá-los. O cresciment­o do endividame­nto aumentou os gastos com juros da dívida, aumentando ainda mais o buraco das contas públicas.

Por tudo isso, ou o próximo presidente e seu governo encaram a corrupção e os privilégio­s e reduzem os gastos públicos com Previdênci­a e funcionali­smo criando um espaço real para podermos investir como necessitam­os em saúde, saneamento, segurança e infraestru­tura, ou a vida dos brasileiro­s não vai melhorar significat­ivamente e de forma sustentada.

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Ricardo Amorim

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