Onde manda a milícia mais antiga do Brasil
Rio das Pedras é a segunda maior favela do Rio de Janeiro. Tem aproximadamente 80 mil habitantes. Funciona como uma cidade sob a administração (acreditem!) da mais antiga milícia do Brasil. Eis alguns fatos que mostram a total inexistência da presença do Estado na comunidade. Rio das Pedras possui, por exemplo, postos de combustíveis, estacionamentos, televisão a cabo e muitas construções irregulares. Tudo é explorado pela milícia que arrecada bom dinheiro. O morador que quiser estacionar o seu carro na rua, que é pública, tem de pagar mensalmente R$ 120,00. Nos estacionamentos, é claro, o preço sobe. Lavar o carro? Somente nos postos “autorizados”. Agora, a surpresa maior: a milícia criou a “taxa de bica”. Trata-se do seguinte: quer em sua casa água potável encanada? Pague-lhe R$ 15,00 por mês. Desde o início desse ano, pelo menos seis inquéritos já foram instaurados pela Delegacia de Proteção ao
Em Rio das Pedras, quem quiser estacionar o seu carro em via pública tem de pagar mensalmente R$ 120,00 para os milicianos
Para ter água encanada em casa, cada morador precisa dar por mês
R$ 15,00. A favela tem cerca de 80 mil habitantes
A polícia não vai a
Rio das Pedras. Os milicianos é que fazem a segurança. Só tem proteção quem lhes paga R$ 30,00 todos os meses
Meio Ambiente, ligada à Polícia Civil do Rio de Janeiro. Além da situação absurdamente irregular da água encanada, que é da competência dessa delegacia, milicianos desmatam toda a região de Rio das Pedras para a construção de precárias moradias, mesmo em locais de alto risco de desabamento. “A milícia ganha muito dinheiro com a grilagem de terra, e ainda vende essa terra, assim como areia e pedras, para empresas de material de construção”, diz o delegado Antônio Ribeiro Lima Nunes. Cada quitinete construída pelos milicianos que dominam Rio das Pedras custa em torno de R$ 45 mil – não valem sequer um terço disso. Falando em domínio, o que decorre naturalmente da ausência do poder público e da polícia, também a segurança dos moradores está nas mãos da velha milícia formada sobretudo por ex-policiais. Tudo tem um preço, e a hipócrita e mercenária proteção custa R$ 30,00 por mês.