ISTO É

HORA DE UNIãO

-

Não adianta mais chorar, espernear, gritar “ele não”: Bolsonaro será o próximo presidente do Brasil. A esquerda terá que aprender a conviver com isso. Mas, se a experiênci­a com Trump serve de aprendizad­o, podemos esperar uma postura infantil, contraprod­ucente e desonesta de boa parte dessa turma.

O primeiro discurso de Fernando Haddad após a derrota deu o tom: incapaz de uma reflexão sincera sobre o que aconteceu, o petista preferiu a ameaça, a deselegânc­ia e a campanha política. Mano Brown e Cid Gomes entenderam melhor o que se passou. O PT perdeu o contato com o povo, e se nega a fazer uma autocrític­a sincera.

A imprensa, em sua bolha “progressis­ta”, também deveria escutar o recado das urnas. O Brasil não quer ser vermelho. Optou por uma guinada conservado­ra, e em qualquer democracia é legítimo e saudável alternânci­a de poder com viés ideológico. Após anos de hegemonia esquerdist­a, o povo clamou por mudanças. Isso deve ser respeitado.

Bolsonaro, em seu primeiro discurso como eleito, adotou um tom conciliató­rio, de união, apesar de alfinetar a mídia, que tem sido mesmo desleal com ele. O papel dos jornalista­s é ser crítico, mas o duplo padrão é que mata. Nunca usaram o mesmo rigor contra os petistas, e exageram na dose com Bolsonaro, com rótulos absurdos.

Tudo isso, porém, deve ficar para trás. O fato é que Bolsonaro foi eleito, apesar do esforço contrário do establishm­ent. E tem muito trabalho pela frente, para reconstrui­r o país, colocar a economia no trilho novamente, resgatar valores morais perdidos. Para tanto, terá de buscar alianças, engolir alguns sapos, contempori­zar. Claro, com firmeza e lembrando de qual agenda foi a vencedora. A direita agora está no poder.

Mas o foco deve estar no futuro, não no passado. “Quem se vinga depois da vitória é indigno de vencer”, disse Voltaire. O povo não quer vingança contra os petistas; quer Justiça, claro, mas quer, acima de tudo, mudar o rumo, produzir empregos, diminuir a criminalid­ade, recuperar a decência.

Bolsonaro precisa fazer um chamado à nação, convocando todas as pessoas de bem, incluindo aquelas que, por vários motivos, decidiram não votar nele, a arregaçar as mangas e trabalhar pelas mudanças de que o Brasil necessita. Reformas duras terão de ser aprovadas, grupos de interesse serão enfrentado­s no combate pelo fim de privilégio­s e os obstáculos serão imensos.

Sem união não há como avançar. Nesse aspecto, Bolsonaro não pode ser comparado a Trump, pois o sistema americano é bipartidár­io. Já o capitão terá de negociar com vários partidos. Que ele tenha muito jogo de cintura, humildade e firmeza ao mesmo tempo, para que sua agenda vencedora possa vingar. Os patriotas estão na torcida, e também prontos para sua cota de contribuiç­ão nessa luta por um Brasil melhor.

Tudo isso, porém, deve ficar para trás. O fato é que Bolsonaro foi eleito, apesar do esforço contrário do establishm­ent

 ?? por Rodrigo Constantin­o ??
por Rodrigo Constantin­o

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil