“O PSDB VAI DESCER DO MURO”
A eleição de João Doria para o governo de São Paulo constitui uma dupla vitória política para o tucano. Além de protagonizar o principal triunfo do partido neste pleito, Doria se cacifa para doravante ser o grande líder do PSDB. O novo tom espelha os novos ares. Segundo ele, o PSDB perderá a pecha de partido “em cima do muro” Ao se eleger com quase 11 milhões de votos, o senhor acredita que a vitória o transformará no principal líder do PSDB no País? É uma vitória expressiva, mas eu não tenho a expectativa de ser o maior líder do partido. O PSDB tem que ser um partido sintonizado com a realidade do País, com o povo e com as pessoas mais simples, que sofrem pela miséria, desemprego, pela falta de recursos nas áreas da educação, saúde, legado maldito dos governos Lula e Dilma. O senhor disse no discurso da vitória que o PSDB vai mudar e que a partir de agora não ficará mais em cima do muro. O que o senhor quis dizer com isso? Que o PSDB tem um lado. Eu não vou mais freqüentar a histórica muralha do PSDB, de adiar decisões ou não tomar decisões para não ser avaliado pelas atitudes tomadas. O PSDB vai descer do muro. Eu prefiro ser avaliado pelas decisões que eu tomo e pelas opções que eu adoto, ainda que possa estar
errado. E se eu errar, terei humildade de corrigir o erro e poder avançar novamente.
O que precisa mudar no PSDB?
O PSDB, que já chegou a ter sete governadores, desta vez elegeu apenas três. O PSDB precisa reciclar a sua estrutura e repaginar o seu posicionamento em relação ao povo. Não pode viver do passado. Deve-se respeitar o passado, preservar a memória, mas sintonizar com o presente.
O senhor acredita que o partido vai adotar uma postura mais radical no combate à esquerda?
Eu serei. E espero que o PSDB também possa ser. O PSDB nunca foi um partido de esquerda ou aliado do PT. A meu ver nem deve passar pelo conceito de ter um posicionamento desse tipo. Eu não terei.
O PSDB sob seu comando deve ir mais para a direita?
Acho que ele deve ir mais para o centro. Eu não sou de direita. Sou de centro. Entendo, contudo, que o PSDB não pode se posicionar à esquerda, diante de um País que não quer a esquerda.
O senhor acabou se unindo a Bolsonaro para derrotar a esquerda. Isso vai continuar?
A resposta à esquerda foi dada pelos eleitores nas urnas. Numa eleição muito acirrada, mas onde prevaleceu a voz do eleitor. E o eleitor, majorita-
riamente, disse que não quer a esquerda. Quer Lula preso. Ele vai ser mantido na prisão, sem nenhum aceno de possível liberdade. Ele é criminoso, cumprindo pena. Eu vou inclusive defender o fim das saidinhas da cadeia. No caso de Lula, ele não vai ter nem saidinha e nem saidona. Vai ter de cumprir a pena na prisão.
O PSDB poderá vir a fazer parte da base aliada de Bolsonaro?
Aqui em São Paulo nós já definimos. Vamos apoiar Bolsonaro. Ao apoiá-lo, nós estamos apoiando o Brasil. Não vamos apostar no quanto pior melhor. O PSDB não vai ficar em cima do muro esperando um escorregão ou um tropeço de Bolsonaro para daí então se posicionar. Não é preciso participar do governo para apoiar. É preciso compreender a importância de que o apoio ao governo Bolsonaro neste momento é o apoio ao Brasil. E para isso não é preciso cargo no governo, ocupar espaço fisico no governo. O seu sonho sempre foi ser presidente do Brasil. O senhor pretende ser candidato a presidente em 2022? Não está no nosso projeto. Hoje ele está integralmente voltado para a gestão em São Paulo, montagem de governo, na transição de governo e na valorização de São Paulo. Não é hora de tratar da sucessão presidencial. Vou apoiar Bolsonaro em suas boas causas e para que ele pacifique o Brasil.