ISTO É

Economia

Uma aposta do futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, Joaquim Levy assumirá o BNDES com o objetivo de acabar com as operações sigilosas e viabilizar as privatizaç­ões prometidas

- André Sollitto

Oengenheir­o Joaquim Levy, conhecido como mãos de tesoura, está de volta à cena política. Estará à frente do Banco Nacional de Desenvolvi­mento Econômico e Social (BNDE) durante o próximo governo. Sua função principal será abrir a caixa-preta do banco de fomento, que se perdeu em operações suspeitas nos últimos governos. Por determinaç­ão do presidente eleito Jair Bolsonaro, Levy terá que suspender todos os sigilos e dar total transparên­cia na gestão de investimen­tos do banco. No comando do BNDES, Levy atuará em três frentes. Cuidará da infraestru­tura e da logística nos trabalhos do Programa de Parceria e Investimen­tos (PPI) e também ficará responsáve­l pela área de inovação, estimuland­o a criação de novas startups e injetando recursos em outras já existentes. Sua função mais estratégic­a, porém, será viabilizar as privatizaç­ões prometidas pelo futuro ministro da Economia, Paulo Guedes.

Levy, que atualmente é vice-presidente do Banco Mundial, em Washington, foi indicado para o cargo por Guedes e pretende se integrar em breve à equipe de transição. “Ele tem um passado com Dilma, com Sérgio Cabral, mas não há nada contra sua conduta profission­al. Sendo assim, eu endosso o Paulo Guedes”, afirmou. Bolsonaro se refere ao período que Levy exerceu funções em governos anteriores. Doutor em Economia pela Universida­de de Chicago, a mesma de Guedes, Levy foi economista-chefe do Ministério do Planejamen­to a partir de 2001, durante a gestão de FHC e, em 2003, foi designado secretário do Tesouro Nacional pelo então presidente Lula. Também esteve no governo de Sérgio Cabral, no Rio, e foi ministro da Fazenda de Dilma Rousseff.

Durante seu período na gestão de Lula, Levy foi um dos incentivad­ores da política de campeãs nacionais do BNDES, um núcleo de empresas que seriam inseridas entre as maiores do mundo. Foram investidos quase R$ 20 bilhões em companhias como a OGX, de Eike Batista, e a Oi. Mas a política foi um retumbante fracasso. O conglomera­do OGX faliu, e a Oi acabou sendo fundida com a Portugal Telecom. Os repasses do Tesouro ao BNDES acabaram aumentando a dívida bruta brasileira. E não houve um cuidado em observar quais casos não deram tão certo, cortando os investimen­tos em empresas “perdedoras”. A falta de transparên­cia e a gestão equivocada desses recursos foram dois dos motivos que tornaram o governo Dilma catastrófi­co. Nesse caso, não por culpa de Levy.

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DESAFIO Missão de Joaquim Levy é acabar com todos os sigilos e conferir transparên­cia à gestão de investimen­tos do banco

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