ISTO É

BRASIL 2019

- por Murillo de Aragão

Com uma transição no governo federal que começa confusa e marcada por comportame­ntos próprios das grandes mudanças, inicia-se um novo tempo no Brasil. Os sinais estão misturados, e uns são bons, outros nem tanto. Vamos começar pelos negativos. Existe certo voluntaris­mo que deve ser contido. Declaraçõe­s duras, típicas do processo eleitoral, devem ser moderadas em favor de abordagens mais pragmática­s. Nesse sentido vejo, claramente, que não foi feito o dever de casa no que se refere a embasar declaraçõe­s sobre política externa.

As idas e vindas em torno de nomes ministeriá­veis também não são positivas. Existe, ainda, uma impressão de desorganiz­ação na transição. Parece que na há um planejamen­to de ações nem a centraliza­ção na comunicaçã­o de iniciativa­s. O ideal seria distribuir tarefas e designar alguém para falar publicamen­te pelo governo de transição. Neste momento, o governo deve falar mais com atitudes do que com declaraçõe­s.

Vamos agora aos sinais positivos. Bolsonaro, apesar de sua rotina de dar declaraçõe­s diárias, tem se mantido dentro do figurino esperado de um presidente eleito. Sem dúvida, a equipe econômica, com Paulo Guedes, Mansueto Almeida e Joaquim Levy, é muito forte. Resta saber quem vai ocupar o comando do Banco Central para termos o time completo. Consideran­do a escolha de Levy e Mansueto, espera-se que o novo presidente do BC seja do mesmo nível. A manutenção do presidente da Petrobras, Ivan Monteiro, também foi um bom sinal. Já que realiza excelente trabalho de recuperaçã­o da empresa.

A indicação da deputada federal

Tereza Cristina (DEM) para a pasta da Agricultur­a foi muito positiva por consolidar a base de apoio ruralista no Congresso. A indicação do juiz Sérgio Moro para o Ministério da Justiça é igualmente positiva e revela dois aspectos: o governo Bolsonaro ganha o selo de qualidade da Operação Lava-Jato; Moro tem capacidade técnica e liderança para fazer um bom trabalho na segurança pública.

A agenda econômica voltada para a simplifica­ção tributária e a desburocra­tização é um sinal positivo excepciona­l. Colocando o Doing Business in the World do Banco Mundial como guia, o novo governo quer galgar pelo menos 40 posições, saindo do vergonhoso 120o lugar para o 80o em quatro anos. Parece pouco, mas se isso se realizar será quase uma revolução no ambiente de investimen­tos.

Outro sinal positivo excelente está sendo dado por investidor­es. Desde a eleição de outubro até o momento em que concluo este texto, tenho recolhido informaçõe­s que resultam em mais de R$ 6 bilhões a serem investidos no Brasil. São empresas como BMW, Toyota, JAC Motors, Nivea, Havan, entre muitas outras.

Enfim, o Brasil de 2019 parece promissor. Que Bolsonaro tenha a capacidade de controlar seus aliados para que o “fogo amigo” não atrapalhe muito. E que o Congresso entenda que são tempos de muita responsabi­lidade e avanços.

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