Comer bem para viver melhor
Crianças e adolescentes passam por avaliação nutricional no Sesc e participam de atividades para melhorar qualidade de vida
Aqualidade da alimentação é fator de fundamental importância para a saúde da população. Os dados sobre obesidade são alarmantes. Pesquisadores liderados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Imperial College de Londres descobriram que o número de crianças e adolescentes obesos aumentou oito vezes em quatro décadas. Se a tendência atual continuar, estudiosos preveem que, em 2022, o mundo terá mais pessoas entre cinco e 19 anos acima do peso do que com desnutrição moderada e grave. O Brasil é um dos países claramente afetado pelo problema. O Ministério da Saúde registrou, no ano passado, elevação de 60% no número de adultos obesos nos últimos dez anos. O número é alto também entre as crianças. Nesse ritmo, em 2022 o país terá 46,5% dos meninos e 38,2% de meninas entre cinco e nove anos obesos. Como forma de lidar com este cenário, o Sesc realiza avaliações nutricionais em unidades de ensino em 24 estados. São avaliados 38 mil alunos, na faixa etária de três a 18 anos, em intervalos regulares, monitorando a evolução do perfil de cada um. O levantamento é realizado por meio da comparação do peso e da altura, com classificação do estado nutricional de acordo com o Índice de Massa Corporal (IMC), sexo e idade. O programa é responsável também por deixar pais e mães por dentro dessa questão de grande relevância na criação dos filhos. É o caso da Ana Karla Rego, mãe de Lucas Gabriel Macedo, de quatro anos, estudante do Sesc Potilândia, em Natal (RN). Segundo ela, o programa deixa clara a importância da alimentação saudável. “Hoje as pessoas optam por comidas prontas e industrializadas por causa da praticidade. Mas grande parte não sabe que a saúde do próprio filho pode estar sendo afetada ao ingerir esse tipo de alimento”, diz. As ações são desenvolvidas em conjunto pelos setores de educação e de nutrição, como forma de conscientizar as crianças, tornando-as multiplicadores e disseminadores da nutrição saudável. O resultado da avaliação é compartilhado com os pais e, caso haja detecção de sobrepeso, a família é chamada para conversa e orientações. Para Ana Karla, os ensinamentos precisam começar dentro de casa e a ação fornece conhecimento para pais e mães iniciarem esse trabalho no próprio lar. “Meu filho passou a pedir para eu colocar verdura no lanche de manhã. Se todas as mães incentivassem os filhos a comer alimentos saudáveis, teríamos menos crianças dentro do índice de obesidade porque eles se acostumariam com refeições mais vantajosas para a saúde”, opina.
PLANTAÇÃO
Pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, afirmam que o alimento dos nossos pratos tem grande influência no desenvolvimento de doenças sérias. Pensando nisso, uma das atividades realizadas é a Horta Pedagógica. Sob orientação da nutricionista responsável e da equipe pedagógica, é trabalhado o conceito de alimentação saudável com as crianças. A horta é um espaço para vivências com os alunos, com atividades coletivas como plantar, regar, manter e colher. É ali que os pequenos têm contato com todo o processo do plantio de legumes, verduras e temperos (em pequena escala). A colheita acontece uma vez no bimestre, com o uso dos produtos nas oficinas culinárias. A experiência agradou, e muito, o filho da Marcia Coelho Magalhães. Rodrigo Coelho Petrucelli, de quatro anos, teve contato com a horta no Sesc Palmas (TO). Ali, ele colheu e comeu tomate, um alimento que não ingeria. E a mudança de cardápio atingiu a família toda. “O nosso hábito alimentar agora é outro. Isso atingiu a todos aqui em casa, até porque ficamos com vergonha de o nosso filho ter mais consciência do que nós e começamos a colocar mais legumes no nosso prato também”, admite. De acordo com a nutricionista da horta pedagógica do Sesc Palmas, Larissa Leite Paiva, existe um cronograma de visitas, separado por dia da semana, onde cada turma da Educação Infantil é responsável pelo plantio, manutenção (rega, poda, adubação etc.) e colheita de um canteiro. “Para as crianças, é um momento mágico onde devem cuidar da plantação paramentadas com os instrumentos de jardinagem (pazinha, ancinho, garfinho, regador, mangueira etc.). Elas experimentam intensamente o momento de mexer na terra, ver o desenvolvimento das plantas, tocar e cheirar as hortaliças, ver os frutos e alguns até se arriscam a prová-los diretamente do pé”, conta.