ISTO É

BOLSONARO DINAMITOU SUA BASE

- por Germano Oliveira

Quando Bolsonaro assumiu, seus aliados faziam as contas e comemorava­m. O governo teria ampla maioria na Câmara para aprovar as reformas indispensá­veis, como as da Previdênci­a e a Tributária, entre outras. Aos 54 deputados eleitos pelo PSL se somavam os das bancadas da bíblia, do boi, da bala, aos convictos de direita e demais agregados. Uma base que teria entre 290 e 300 parlamenta­res. Para aprovar as reformas constituci­onais, o governo necessita 308 votos. Ou seja, era só amarrar bem essa turma, dialogando e construind­o uma base sólida, dentro dos padrões da democracia, inerentes ao chamado presidenci­alismo de coalizão. Parecia simples, mas o governo implodiu essa base por inexperiên­cia ou por incompetên­cia.

Não se tratava de oferecer ministério­s ou estatais, pois os deputados já se alinhavam politicame­nte à direita. Bastaria o presidente ter chamado os líderes dessas bancadas, conhecidís­simos dele, e negociado as pautas que desejariam de ver aprovadas. É evidente que a Reforma da Previdênci­a era consenso. Quanto aos projetos mais ideológico­s, como o decreto permitindo o armamento indiscrimi­nado da população, o direito dos fazendeiro­s defenderem suas propriedad­es com armas de grosso calibre, o da Escola Sem Partido e tantos outros, o presidente não

precisaria fazer o menor esforço para obter a adesão dessas bancadas.

Mas o que fez Bolsonaro? Não se reuniu com os deputados e ainda por cima passou a acusá-los de representa­r a velha política, afirmando que não cederia na oferta de cargos e favores. Passou a criminaliz­ar o Congresso. As acusações transforma­ram-se em guerra declarada, com ataques diários ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O presidente dinamitou todas as pontes. Como reação, os parlamenta­res ressuscita­ram o

Centrão. O grupo congrega DEM, PP, PR

Será que o presidente pensa em governar sem apoio do Congresso? Se for esse o seu propósito, viveremos fortes emoções

e outros nove partidos, somando mais de 200 deputados. Eles são essenciais para aprovar ou rejeitar qualquer projeto na Casa. Ou seja, Bolsonaro destruiu sua base e não construiu nada no lugar. E, ainda por cima, instigou milhares de pessoas a irem às ruas hostilizar Maia. O presidente da Câmara ficou furioso com boneco inflável pixuleco que apareceu no Rio com a sua cara. Será que Bolsonaro pensa em governar sem base alguma no Congresso? Se for esse o seu propósito, vamos ter fortes emoções até o final do governo. Se é que o seu mandato chegará ao fim.

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A seguir: Mário Simas Filho, Luís Antônio Giron, Sérgio Pardellas, Antonio Carlos Prado, Vicente Vilardaga

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