ISTO É

CONTAS EM DÓLAR

Banco Central quer a conversibi­lidade da moeda para atrair investidor­es e facilitar a rotina de exportador­es e importador­es

- Marcos Strecker

Oprimeiro grande anúncio do novo presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, traz uma novidade que facilita a entrada de investidor­es estrangeir­os e a rotina de importador­es e exportador­es. O BC quer liberar a abertura de contas correntes em dólar no país, assim como permitir as contas em reais nos países com forte comércio bilateral - como os países da América do Sul. A medida deve ser estendida no futuro às pessoas físicas. Para isso, uma minuta de projeto de lei está sendo elaborada, e a estimativa é que a nova legislação sobre a matéria esteja em vigor em dois ou três anos. No caso das contas em reais no exterior, também será necessário negociar a reciprocid­ade com outros países. “As leis cambiais brasileira­s

são bastante ultrapassa­das e têm muita rigidez. O sistema atual tem um alto custo para os investidor­es estrangeir­os, principalm­ente nas operações de longo prazo”, afirmou na quarta-feira 29.

“O arcabouço legal que temos hoje para o câmbio não facilita vida do produtor, da indústria, do comércio, de quem investe no país. Empresas grandes, que vivem de exportaçõe­s, e que durante o ano fazem inúmeras operações de câmbio para mandar produtos pro exterior, são submetidas a conjunto de burocracia­s que cria um custo Brasil”, disse Otávio Damaso, diretor de regulação do BC.

Campos Neto ressaltou que as mudanças serão possíveis com a manutenção da estabilida­de econômica, com juros baixos, inflação controlada e reservas internacio­nais robustas. As medidas modernizan­tes fazem parte da Agenda BC#, como foi batizada. Ela abarca ainda o incentivo ao microcrédi­to, ações para educação financeira, para ampliar o crédito imobiliári­o e melhorar a transparên­cia do mercado financeiro, além de aumento da competição entre os bancos. Para a instituiçã­o, o objetivo é destravar a economia brasileira no curto prazo, facilitand­o a retomada da atividade econômica.

JUROS

Na ocasião, Campos Neto não apontou a diminuição da taxa básica de juros pelo BC como uma alternativ­a para estimular a economia. Essa possível queda tem sido especulada pelo mercado. Segundo o presidente do BC, isso representa­ria “cair na tentação” de trocar cresciment­o de curto prazo por inflação mais alta.

Com o anúncio, Campos Neto amplia a pauta introduzid­a pelo ex-presidente da instituiçã­o, Ilan Goldfajn, que estimulou a inovação, a concorrênc­ia e o desenvolvi­mento bancário. A conversibi­lidade da moeda permitirá uma maior atuação das fintechs internacio­nais no Brasil, por exemplo.

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PAUTA MODERNIZAN­TE O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, anuncia agenda com incentivo à inovação e à concorrênc­ia entre as instituiçõ­es

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