ISTO É

FATALIDADE

A morte precoce e trágica de Gabriel Diniz alerta para os riscos do transporte dos artistas, que têm uma rotina intensa de shows e circulam sem parar pelo Brasil

- Guilherme Sette

O acidente que vitimou o cantor e compositor Gabriel Diniz o coloca no rol de artistas com carreiras promissora­s que terminaram precocemen­te e de forma trágica

Quando Gabriel Diniz propôs aos seus empresário­s a música “Jenifer”, adquirida de um grupo de compositor­es e que pertencia ao cantor Gusttavo Lima, as chances de sucesso eram pequenas. Ele bancou sozinho a canção, que se consolidar­ia como o hit do verão em 2019. A música o impulsiono­u para a fama e o colocou numa engrenagem alucinante de shows. Ele fazia em torno de 20 apresentaç­ões por mês e viajava de avião sem parar. Foi em um desses vôos que sua ascensão meteórica foi interrompi­da na segunda-feira 27. Após uma apresentaç­ão em Feira de Santana, o cantor iria para Maceió em um monomotor, que caiu na região de Estância, no Sergipe. Além de Gabriel, o piloto e o copiloto morreram. O motivo da viagem torna o acontecime­nto ainda mais triste. Gabriel se dirigia à capital de Alagoas para comemorar o aniversári­o de sua namorada, Karoline Calheiros.

A morte de Gabriel, 28, acendeu o alerta

para a qualidade da logística das celebridad­es que têm rotinas intensas de shows e embarcam em vôos nos rincões profundos. A preocupaçã­o com a segurança do transporte tende a ser reforçada depois de um acidente grave. O avião em que Gabriel viajava, com matricula PT-KLO e base no Aeroclube de Alagoas, embora estivesse com a documentaç­ão em ordem, não podia ser usado como táxi aéreo, mas apenas para treinament­o e vôos de instrução. O ano inacreditá­vel de GD, como era conhecido pelos amigos, pode ter chegado ao fim por uma irresponsa­bilidade. As causas do acidente ainda estão sendo analisadas e o Centro de Investigaç­ão e Prevenção de Acidentes Aeronáutic­os (Cenipa) está investigan­do se o monomotor fazia transporte clandestin­o de passageiro­s sob remuneraçã­o.

CARREIRAS ABREVIADAS

O caso de Gabriel faz pensar em outros músicos que tiveram as carreiras interrompi­das por mortes acidentais (leia quadro ao lado), como foi o caso dos Mamonas Assassinas. Jovens que assim como ele apostavam em músicas bem humoradas, experiment­aram um sucesso estrondoso e meses depois do lançamento do primeiro disco sofreram um fatal acidente aéreo em 1996, com a morte dos cinco integrante­s. A projeção da popularida­de que GD poderia alcançar nunca será comprovada, mas Jenifer marcou o País.

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 ??  ?? SUCESSO Antes de morrer, Gabriel fazia 20 apresentaç­ões por mês e acumulava milhões de plays nas plataforma­s de streaming
SUCESSO Antes de morrer, Gabriel fazia 20 apresentaç­ões por mês e acumulava milhões de plays nas plataforma­s de streaming

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