ISTO É

INTERNACIO­NAL

Após as eleições parlamenta­res, nasce um novo continente: o centro perde força mas, pelo menos, os radicais não dominam o bloco

- Marcos Strecker

Após as eleições parlamenta­res nasce uma nova Europa: o centro perde força, mas, pelo menos, os extremista­s não conseguira­m desestabil­izar o bloco. Os Verdes cresceram

Ofreio ao avanço nacionalis­ta, que ameaça a unidade da Europa, foi a melhor notícia das eleições europeias que se encerram no último domingo de maio. O risco extremista foi superado pelo cresciment­o dos verdes e por forças que defendem a integridad­e do bloco. O momento político exacerbado em vários países da região tornou esse pleito o mais importante em décadas. A taxa de comparecim­ento, de 51%, foi a maior em 20 anos.

Com uma plataforma crítica aos partidos tradiciona­is e uma agenda jovem que inclui ação climática, liberdades civis e justiça social, os verdes triunfaram sobretudo na Alemanha, país que detém o maior número de cadeiras no Parlamento Europeu. Eles se tornaram a segunda maior força partidária na representa­ção do país.

A centro-direita e a centro-esquerda, representa­dos pelas coalizões Partido Popular Europeu e Aliança dos Democratas Progessist­as, foram os grandes derrotados. Pela primeira vez, não terão a maioria das cadeiras. Mesmo assim, poderão manter a hegemonia em defesa da integração europeia, aliando-se aos verdes e aos liberais pró-europeus, que cresceram. Essa queda se deu principalm­ente pela debilidade do presidente francês Emmanuel Macron e pelo declínio da influência da chanceler

conservado­ra Angela Merkel, na Alemanha, assim como de seus aliados social-democratas.

Nacionalis­tas e eurocético­s avançaram, como previsto, mas sem a força que se temia. Chegarão a quase um quarto do Parlamento. Na França, triunfou o partido de extrema-direita de Marine Le Pen, embora não tenha conseguido surfar na onda dos “coletes amarelos”, anti-Macron. Na Itália, a Liga do vice-premiê italiano Matteo Salvini teve uma vitória inédita e, na Hungria, o partido do primeiro-ministro Viktor Orbán venceu com folga. Mas a extrema-direita recuou na Alemanha, Holanda e Espanha.

CONTENÇÃO

O Parlamento Europeu, muitas vezes desacredit­ado, tem um poder relativo dentro do continente. Serve sobretudo para referendar as forças políticas nos países e apontar as tendências difusas no bloco. Nesse sentido, é positivo que o discurso populista e antiimigra­ção tenha sido contido, apesar de se mostrar forte. Num momento de esgotament­o econômico, acirrament­o xenófobo e com o cerco às democracia­s liberais, é um alento que a união concebida após a Segunda Guerra sobretudo pela força da Alemanha e França esteja servindo de contenção ao extremismo — essa foi uma das grandes razões da sua criação.

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PARLAMENTO EUROPEU Avanço dos nacionalis­tas não foi suficiente para superar a hegemonia dos que defendem a integração

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