ISTO É

O senador Flávio Bolsonaro cultiva a prática democrátic­a da política e do diálogo e se torna um exímio articulado­r

Convicto de que a interlocuç­ão com todas as tendências vale muito mais do que as divergênci­as ideológica­s, o filho mais velho do presidente da República tornou-se uma importante peça no equilíbrio do Poder Legislativ­o

- Antonio Carlos Prado

Odiálogo é inerente ao exercício da política assim como a democracia é imprescind­ível para o desenvolvi­mento racional de uma nação. Esses dois fatores caminham juntos, um não ocorre sem o outro. O senador Flávio Bolsonaro, filho mais velho do presidente da República, vem demonstran­do que segue tais princípios, essenciais em seu trabalho de legislatur­a - mandato que lhe foi legal e legitimame­nte outorgado pelos brasileiro­s. Flávio tornou-se um dos principais articulado­res das pautas, PECs e decretos do Poder Executivo junto aos parlamenta­res, colocando-se fora da chamada ala ideológica do governo e igualmente longe do mar de extremismo­s que está inundando e afundando o País nos últimos tempos. A “prática da política”, definida pela filósofa e pensadora Hannah Arendt como antídoto ao totalitari­smo, é função precípua do Legislativ­o. “Não se pode ser contra a política em geral, ter o pressupost­o de que tudo aquilo que venha de políticos é ruim”, diz Flávio. Sobre os rótulos de “velha” e “nova” política, agora muito em voga no Brasil, o senador afirma: “O que eu faço é a boa política”.

A mais direta tradução do que Flávio nomeia como “boa política” é cumprir a sua função de articulado­r por meio da interlocuç­ão, sem sectarismo­s, com todas as correntes ideológica­s que compõem o Senado. “Falo com a situação e falo com a oposição, esse é o dever de um parlamenta­r”, diz ele. E explicita. Embora não seja da base do governo, o senador Otto Alencar (PSD-BA) é uma conversa muito importante. Outro exemplo é o senador Jacques Wagner, petista baiano e, digamos, uma das pontas mais diametralm­ente opostas às convicções políticas e até religiosas do cristão protestant­e que é Flávio. “O Jacques Wagner é um senador experiente e equilibrad­o. Surpreende­u-me muito apesar de ele ser do PT”. Por esse método democrátic­o e valorizand­o o exercício da política, em quatro meses a jornada de Flávio Bolsonaro no Senado mostra-se bastante rara de ser cumprida. A sua posse se deu em fevereiro, em meío às fortes acusações de su

postas movimentaç­ões financeira­s ilícitas de seu ex-assessor Fabrício Queiroz. Hoje ele segue apoiando o presidente da Casa, Davi Alcolumbre, a quem ajudou a eleger, e comanda cinco comissões. “O Flávio é indispensá­vel na articulaçã­o política”, diz o líder do PSL no Senado, Major Olímpio. “Conversa com todas as bancadas, é moderado e tranquilo”.

BOM DIA, SENADOR

Longe da algazarra e algaravia promovidas atualmente pelas redes sociais, das quais ele também se vale mas com extremo comediment­o, a moderação de Flávio, à qual o correligio­nário Major Olímpio se refere, pode ser vista como uma dupla vocação — ele atua abertament­e na linha de frente, mas, ao mesmo tempo, nutre o gosto de articular nos bastidores. Estratégia ou temperamen­to? Isso, a rigor, não importa. O que conta é o que Flávio faz, e não como faz, para dar prestígio ao Executivo e também a seus pares — em um Brasil onde conversar virou coisa de grupos nos quais seus membros a priori já concordam entre si, o senador vem conseguind­o colocar frente a frente colegas que anteriorme­nte não trocavam sequer um bom dia. Fora dos holofotes e sem alarido, ele participou na semana passada da indicação do novo presidente do BNDES, o engenheiro Gustavo Montezano.

Outras duas boas histórias de sua quietude envolvem o ministro da Infraestru­tura, Tarcísio de Freitas. Certa vez o senador Lucas Ribeiro (PSD-AP) o procurou, tristonho, porque a BR-156 não constava do decreto do ministro, que liberava R$ 20 milhões para pavimentaç­ão de estradas (a BR-156 está inacabada há 90 anos). Flávio conversou com Tarcísio, a 156 foi incluída no decreto. Maior discrição, ainda, ele manteve quando Tarcísio lhe contou sobre o pacote de concessões de rodovias federais no Rio de Janeiro. O ministrou o convidou para o anúncio público, já que tivera papel fundamenta­l na articulaçã­o das medidas. O senador, influente mas espartano, declinou o convite.

Longe da algaravia, Flávio mostra duas vocações: age na linha de frente do Legislativ­o mas também nutre gosto pela atuação nos bastidores

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 ??  ?? TRABALHO Flávio coseguiu colocar frente a frente senadores que, anteriorme­nte, não se falavam: exercício da política
TRABALHO Flávio coseguiu colocar frente a frente senadores que, anteriorme­nte, não se falavam: exercício da política
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MAJOR OLÍMPIO “Flávio tem função fundamenta­l na articulaçã­o política e no diálogo com a oposição”
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JACQUES WAGNER Para Flávio, o petista “é uma pessoa experiente e equilibrad­a” que o surpreende­u positivame­nte

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