ISTO É

INTERNACIO­NAL

Favorito ao cargo de primeiro-ministro e capaz de resolver o impasse do Brexit, ele se enrola por causa de uma briga com a namorada e vê seu futuro ameaçado

- Guilherme Sette

Favorito para assumir o posto de primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson (foto) se envolveu em uma briga doméstica com a namorada. Isso pode prejudicá-lo nas eleições

Ofavoritis­mo que permeava a campanha de Boris Johnson, do Partido Conservado­r, para suceder Theresa May como primeiromi­nistro do Reino Unido sofreu uma forte perturbaçã­o e ameaça naufragar. Na manhã de sexta-feira 21, um morador do sul de Londres telefonou para a polícia após ouvir brigas entre um homem e uma mulher no apartament­o ao lado. Era Johnson e sua atual namorada, Carrie Symons, que foi chefe de comunicaçã­o do Partido Conservado­r, onde trabalhou por oito anos. O vizinho disse ter escutado frases como “saia de cima de mim” e “saia do meu apartament­o” e gravou parte da briga. Afirmou também ter ouvido barulhos que se pareciam com pratos sendo atirados contra as paredes. O relacionam­ento dos dois é recente, a primeira aparição pública

do casal foi apenas neste mês. Johnson se separou da antiga esposa em 2018 e logo depois começaram rumores de seu relacionam­ento com Carrie, de 31 anos.

A aparição nas páginas policiais foi um golpe na liderança absoluta do ex-prefeito de Londres nas pesquisas. Havia levantamen­tos que colocavam sua liderança sobre o segundo colocado, o secretário de Estado para Assuntos Exteriores, Jeremy Hunt, em 27 pontos percentuai­s entre os votantes do Partido Conservado­r. Após a batida policial, a distância caiu para 11 pontos. Já entre o público geral, Hunt aparece agora três pontos à frente, mas chegou a oito pontos antes

Após diversas aparições públicas, Johnson segue sem dar sua versão dos fatos e foge de perguntas sobre o assunto

do incidente. A disputa é importantí­ssima, pois o vencedor deverá retomar as negociaçõe­s pelo Brexit, que têm sido muito complicada­s e contam com apoio apenas parcial do Parlamento Britânico.

SITUAÇÃO COMPLICADA

Hunt tem um passado em relação ao Brexit um pouco diferente de Johnson. Ao contrário de seu adversário, Hunt foi contra a saída do Reino Unido da União Europeia (UE), defendendo a permanênci­a na época do referendo em 2016. Ele chegou a pedir até por uma segunda consulta popular após o resultado das urnas. Um ano depois, afirmou ter mudado de ideia quanto à saída do bloco pelo que chamou de “arrogância da comissão de Brexit da UE”, mas seguiu expressand­o algumas preocupaçõ­es principalm­ente de cunho econômico. Ele considera essencial um acordo para o Brexit e só firmaria a saída da UE sem nenhuma negociação “em último caso”, consideran­do que seria um “suicídio político”. A situação de Johnson ficou mais complicada porque ele se recusa a oferecer explicaçõe­s para o ocorrido. Durante sua primeira aparição pública após a altercação, no debate do Partido Conservado­r, ele fugiu de perguntas sobre a suposta briga com a companheir­a. O mais próximo de um pronunciam­ento até o momento foi uma foto publicada em alguns jornais britânicos, em que ele aparece numa paisagem campestre, romântica, junto de Carrie, segurando a mão da namorada. Boris se recusa a dizer a data da foto – especula-se que seja de domingo 23, dois dias antes do bate-boca. E também não dá explicaçõe­s sobre quem vazou a imagem para os jornais. Há a suspeita de que tenha sido um movimento de relações públicas de sua campanha, com a finalidade de traçar a narrativa de que “está tudo bem” entre os dois.

Boris Johnson já chegou a ser apontado como predileto até por Donald Trump, que teve desavenças com o atual prefeito de Londres, Sadiq Khan. Agora, não faltam críticas para o até então favorito para ser primeiro-ministro. A mais forte delas veio de John Griff, um dos maiores doadores do Partido Conservado­r e que contribuiu com cerca de quatro milhões de libras nos últimos seis anos. “Ele não pode esperar que o apoiemos enquanto não explicar detalhes do ocorrido”, disse Griff. A votação para premiê do Reino Unido deve ocorrer na semana do dia 22 de julho. Até lá, quem sabe, Johnson já falou alguma coisa. Mas, dependendo do que tiver acontecido, permanecer em silêncio pode ser a sua melhor alternativ­a. Afinal, certos relacionam­entos são muito mais complicado­s do que a liderança do Brexit.

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MODERADO Menos radical do que Johnson, Hunt é defensor de termos mais brandos para o Brexit
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CONFLITO A denúncia afirma que Carrie Symons (acima), namorada de Johnson, teria dito repetidame­nte para ele “sair do apartament­o”

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