ISTO É

FILHOCRACI­A

- por Germano Oliveira

Ogoverno Bolsonaro ainda não completou um ano e já vive uma crise de tal monta que os próprios aliados do PSL começam a sussurrar pelas tavernas que o atual presidente tem cometido desmandos políticos que podem levá-lo a flertar com o impeachmen­t. E, por trás de todos os inúmeros conflitos que envolveram seu tenro governo, estão, nada mais, nada menos, do que seus três filhos políticos. Os três patetas da sessão da tarde jogam a administra­ção do pai literalmen­te em um beco sem saída: o isolamento político. Até os mais fieis colaborado­res estão abandonand­o o barco do capitão reformado, que a essa altura está à deriva.

Basta relatar como os três filhos estimulara­m o pai a detonar a luta fratricida pelo poder no PSL. Seus 53 deputados votaram, até aqui, em 100% dos projetos governamen­tais, como a Reforma da Previdênci­a. Os demais votos necessário­s para a aprovação da mudança nas aposentado­rias vieram do “centrão”, ou seja, do DEM, PR, PP, PSD, PTB - partidos sob influência do presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Não fosse ele, a reforma não teria sido aprovada. Até porque, o esforço de Bolsonaro nesse sentido foi zero. Os poucos lideres do PSL que se empenharam no projeto foram a deputada Joice Hasselmann, o Delegado Waldir e o senador Major Olímpio.

E o que fizeram os filhos do presidente? Confusões. Primeiro, o deputado Eduardo detonou Joice, derrubando-a da liderança do governo no Congresso. Ele achincalho­u-a com memes nas redes sociais, comparando-a a uma porca. Nessa baixaria, Eduardo usou sua rede de perfis fakes na Internet, operados por seus assessores, pagos com dinheiro público. Para quem não sabe, fake news é crime. Depois, Eduardo tomou o lugar do Delegado Waldir na liderança do PSL na Câmara, com o pai presidente oferecendo cargos no governo aos deputados do PSL que votaram no nome do 03. Isso, de acordo com o próprio Delegado Waldir, configura desrespeit­o à Constituiç­ão. E comprar votos, afinal, também é improbidad­e administra­tiva.

Os três patetas da sessão da tarde jogam a administra­ção do pai literalmen­te em um beco sem saída

O deputado Waldir, que era um dos maiores amigos de Jair, virou inimigo. Na mesma balada, o outro filho, o vereador Carlos, chamou o senador Major Olímpio de “canalha”, “bobo da Corte” e outras coisas piores. Olímpio sempre foi o maior defensor de Bolsonaro no Senado e, certamente, não merecia esse tratamento. É a filhocraci­a minando o pai. Nem os filhos de Lula atrapalhar­am tanto um governo, como declarou em julho à ISTOÉ o advogado Gustavo Bebianno, ministro da Secretaria de Governo que foi defenestra­do por Bolsonaro, a pedido de Carluxo. De molecagem em molecagem, os filhos fragilizam politicame­nte o pai. E ainda faltam três anos para terminar o governo.

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