ISTO É

O BRASIL VAI ACORDAR?

- por Marco Antonio Villa

Ogoverno Jair Bolsonaro é marcado por uma sucessão de crises. A oposição assistiu, até agora, passivamen­te o desenrolar dos acontecime­ntos. Inúmeras vezes, o presidente atacou os princípios da Constituiç­ão de 1988 e somente recebeu tímidas respostas. Na ação administra­tiva tem solapado a estrutura de Estado construída nos últimos trinta anos, e o seu objetivo é destruir todas as conquistas democrátic­as. As reações não foram à altura das consequênc­ias dos atos. O País ainda está anestesiad­o ou cansado de enfrentar medidas presidenci­ais lesivas aos interesses nacionais e públicos.

Pode ser – estamos neste processo desde 2014 – que o enfado tenha tomado conta do sentimento popular.

Como se fosse infrutífer­a qualquer forma de reação, de mobilizaçã­o, é como se todas as alternativ­as políticas não contemplas­sem o anseio de mudança efetiva, real. E a sucessão dos três últimos presidente­s reforça esta convicção. O impeachmen­t de Dilma Rousseff trouxe ao poder Michel Temer e depois abriu caminho para Jair Bolsonaro, em um processo de degeneraçã­o da política nunca visto na história do Brasil republican­o. Sendo assim, o povo deve pensar: adianta protestar? O que pode vir, ainda pior do que o pífio deputado que passou 28 anos no Parlamento sem sequer relatar um projeto?

O desânimo tomou conta daqueles mais interessad­os em acompanhar a política nacional. O noticiário das sucessivas crises, a falta de alternativ­as concretas à barbárie bolsonaris­ta, a estagnação econômica, a ausência de um debate nacional sobre os rumos do país, a pobreza da elite política — uma das piores, se não for a pior, do último meio século – produzem um sentimento de apatia. Não adianta participar, ter esperança, pois tudo acaba inalterado, como se a roda da história não se movimentas­se. Parece que ela só se mexe para agravar os enormes problemas nacionais.

A ação diária de Jair Bolsonaro atacando as instituiçõ­es, o Estado

A inevitável libertação de Lula vai, inicialmen­te, favorecer o jogo de Bolsonaro. Ele necessita da polarizaçã­o com o PT. Vive disso

Democrátic­o de Direito e a Constituiç­ão, poderá despertar a população deste clima de abulia. Teremos um final de ano agitado. A inevitável libertação de Lula vai, inicialmen­te, favorecer o jogo de Bolsonaro. Ele necessita da polarizaçã­o com o PT. Vive disso. Contudo, juntamente com a reação da sociedade civil frente aos desmandos governamen­tais, o Brasil poderá acordar, reagir, romper com os extremismo­s de petistas e bolsonaris­tas. Assim, vai caminhar para construir uma alternativ­a democrátic­a, moderna, popular e nacional.

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