ISTO É

BRASILTINA

- Mentor Neto é escritor e cronista Mentor Neto

Existe um país, ao sul do Equador, muito hermoso. Talvez um dos mais ricos do mundo, culturalme­nte. Na música foram os criadores do sambango, gênero musical que reverencia­m todos os anos, em fevereiro, nos desfiles do Milongaval.

Na gastronomi­a, se você preferir uma comidinha rápida, pode experiment­ar a coximpanad­a, uma iguaria que você só encontra por lá.

Mas o prato típico de verdade, é o feijorrasc­o, uma combinação de feijon prieto com a mais tenra carne de porco Pantagônic­o.

Por falar na Pantagônia, se é natureza que se busca, precisa conhecer este lugar único, onde turistas podem encontrar de jacarés a geleiras.

No futebol, deram ao mundo os três maiores jogadores de todos os tempos: Pelé, Romário e Ronaldo. Cinco, se quisermos forçar a barra e incluir Maradona e Messi.

Mas apesar de toda essa riqueza musical, gastronômi­ca, natural e esportiva, esse país nunca conseguiu se organizar politicame­nte.

Impossível prever quem vai subir a rampa do Palácio Rosado, na capital Brasiliare­s. Basta analisar a história recente para observar como oscila sem a menor lógica o pêndulo das preferênci­as políticas desse povo.

Logo após o período da ditadura militar, o país se encheu de esperança.

O primeiro presidente eleito pelo povo foi Tancredo Raúl Alfonsarne­y, num período de transição muito difícil.

O povo, afinal, ainda não estava familiariz­ado com a democracia, mas teve que se adaptar.

Não é fácil lidar com um presidente poeta que não controla a inflação.

Lembro do orgulho nas ruas quando foi eleito o presidente Menenrique Cardoso.

Mas logo no primeiro dia de governo, o professor Menenrique disse:

– Esqueçam tudo que escrevi. E pronto.

Queimou o passado e virou um belo de um neoliberal, como estava na moda em todo mundo nos anos 90.

Seu governo foi marcado por altos e baixos.

Ao mesmo tempo que consolidou o fim da inflação, se envolveu em mais escândalos de corrupção, fazendo com que nenhum candidato sério quisesse segurar o rojão depois de concluídos seus dois mandatos.

Foi o que abriu espaço para a ascensão do Perolulism­o. Em 2002, Nestor Lulachner assume o governo para quase quinze anos de prosperida­de de um lado e corrupção do outro.

Um tobogã de emoções que se tornou imprevisív­el quando sua mulher o sucedeu no poder.

Dilmistina Lulachner se mostrou ainda mais confusa que o marido.

Não falava coisa com coisa e levou o governo aos trancos e barrancos enquanto pode, escondendo a corrupção patrocinad­a por sua família por mais de uma década.

A situação tornou-se insustentá­vel e Dilmistina caiu. Foi o fim da era Lulachner no poder.

Temacri, assumiu o Palácio Rosado.

(Não confundir Temacri com Temaki, que é um prato da culinária japonesa que não tem nada a ver com este artigo.)

Temacri tinha ligação com o mercado financeiro, principalm­ente através da indústria frigorífic­a.

O povo, farto de corrupção, do desemprego, da inflação, da recessão, exigia mudanças. E o país estava polarizado.

Mesmo com Temacri tentando governar, parte dos eleitores chorava a falta de Nestor Lulachner, enquanto a outra parte, farta do Perolulism­o, desejava uma virada radical. Retornar, quem sabe, ao neoliberal­ismo do passado, que já não estava mais na moda, mas ao menos era diferente do que estavam acostumado­s.

Veio a eleição.

O candidato Alberto Angelnaro venceu com facilidade. E finalmente o país parecia ter encontrado seu caminho. Angelnaro era um conservado­r progressis­ta. Um neoliberal socialista. Um Perolulist­a de direita. Um bipolar. Exatamente como o povo desse país tão maravilhos­o. Agora vai.

Ficaremos de olho, porque Nestor Lulachner, apesar de morto, está mais vivo do que nunca. Mas não há o que temer, porque, como dizem por lá, “Dios é brasentino”.

País maravilhos­o! No futebol, deram ao mundo os três maiores jogadores de todos os tempos: Pelé, Romário e Ronaldo. Cinco, se quisermos forçar a barra e incluir Maradona e Messi

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