ISTO É

PLANO “MAIS BRASIL”

A proposta de transforma­ção do Estado do ministro Paulo Guedes

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PEC DO PACTO FEDERATIVO

Estabelece uma nova divisão dos recursos de União, estados e municípios, como a repartição de recursos de royalties do pré-sal . Além disso, propõe desvincula­r o Orçamento (restringir as verbas carimbadas), desindexar (diminuir reajustes automático­s) e desobrigar gastos

Municípios com menos de 5 mil habitantes e arrecadaçã­o própria menor que 10% da receita total serão incorporad­os pelo município vizinho

Cria o Conselho Fiscal da República

Valores obrigatóri­os para saúde e educação passam a ser unificados

A parcela do FAT destinada ao BNDES cairá de 40% para 14%

Governo vai reavaliar incentivos e isenções fiscais a cada 4 anos

União não será mais fiadora de estados e municípios

PEC DA EMERGêNCIA FISCAL

Estabelece gatilhos para conter gastos obrigatóri­os em caso de “emergência financeira” do governo federal, estados e municípios. O gatilho é acionado quando a despesa corrente exceder

95% da receita corrente em um ano. As ferramenta­s incluem:

Redução de 25% da jornada do servidor com adequação dos vencimento­s por dois anos. Os chefes de cada Poder determinar­ão a aplicação da regra

O congelamen­to de promoção, reajuste salarial, criação de cargos e concursos

PEC DOS FUNDOS PúBLICOS

O montante de quase R$ 220 bilhões que está parado em 281 fundos públicos parados é rearranjad­o para abater a dívida pública

A própria apresentaç­ão do plano deu pistas das dificuldad­es. Ficou de fora a chamada Reforma Administra­tiva, que reorganiza as carreiras do funcionali­smo público, pois não houve acordo sobre o tema — ainda que o presidente Jair Bolsonaro tenha anunciado sua apresentaç­ão na próxima semana. Maia considera que essa discussão será difícil entre os parlamenta­res, sensíveis aos poderosos lobbies de servidores. Pior, acha que esse tema confunde as prioridade­s já estabeleci­das na Casa. O presidente da Câmara elegeu desde o início do ano a Reforma Tributária como o próximo grande capítulo de mudanças econômicas. Já existem dois projetos adiantados no Congresso — um na Câmara, e outro no Senado. Guedes não o considera prioritári­o, pois acha que afetaria interesses estaduais e de setores econômicos. Pior, o ministro da Economia insistiu em um projeto próprio — que ressuscita­va a extinta CPMF —, confrontan­do a vontade de Maia. Teve que abrir mão de sua própria reforma.

LEILÕES FRUSTRADOS

Outra medida anunciada pelo governo também antecipa um cenário mais turbulento. Na própria terça-feira 5, em ato de comemoraçã­o aos 300 dias de governo, o presidente Jair Bolsonaro assinou o projeto de privatizaç­ão da Eletrobras, por meio de uma medida provisória. Alcolumbre praticamen­te descartou sua aprovação apontando a resistênci­a das bancadas do Norte e do Nordeste, resistente­s à perda de controle das empresas estaduais e regionais de energia. Esses obstáculos vão se multiplica­r nas três PECs apresentad­as com pompa pelo presidente e pelo ministro da Economia.

O choque de realidade para Guedes e a equipe econômica pode acontecer mais cedo do que previsto. A semana começou com grande otimismo para o pacote pós-Previdênci­a, mas acabou com a decepção causada pelos leilões do présal. O de cessão onerosa, trombetead­o como o maior leilão da indústria petrolífer­a no mundo, acabou frustrando a expectativ­a de arrecadaçã­o e não atraiu a iniciativa privada. Dos quatro blocos em disputa, apenas dois receberam ofertas — da Petrobras, um deles com a participaç­ão de 10% de duas estatais chinesas. Na quinta-feira 7, em novo certame, o governo vendeu apenas uma das cinco áreas do pré-sal oferecidas. De novo, a Petrobras e os chineses foram os únicos a oferecer lances. Rapidament­e o dissabor foi atribuído ao modelo de exploração ofertado, de partilha, “concebido pelo PT”. Mas ele já era conhecido há mais de um ano. Os resultados fizeram o dólar subir e a bolsa cair, como a lembrar que as grandes ambições também embutem grandes riscos. Espera-se que não seja o destino do plano “Mais Brasil”.

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DIFICULDAD­E Jair Bolsonaro assinou o projeto de privatizaç­ão da Eletrobras, mas Davi Alcolumbre descartou sua aprovação

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