ISTO É

Caçadores de fósseis

Equipe de pesquisado­res paulistas descobre vértebra de Titanossau­ro, gigantesco animal que viveu no Brasil há cerca de 80 milhões de anos

- Vicente Vilardaga

Ointerior de São Paulo tem sido um campo fértil para a descoberta de fósseis de animais pré-históricos. O último achado foi a vértebra de um Titanossau­ro, dinossauro herbívoro que circulava por diversas regiões da América do Sul no passado distante. Uma equipe de pesquisado­res da cidade paulista de Uchoa localizou o fóssil coberto de arenito e preso a uma pedra encravada em um barranco. O Titanossau­ro tinha como principal caracterís­tica o pescoço longo. O paleontólo­go Fabiano Iori, do Museu de Paleontolo­gia Pedro Candolo, foi responsáve­l por sua identifica­ção. A vértebra pertenceu a um animal que viveu há cerca de 80 milhões de anos no período Cretáceo. “Cada nova descoberta ajuda a gente a entender melhor aquele período”, afirma o biólogo Leonardo Silva Paschoa, administra­dor do museu, para onde o osso foi levado. “A vértebra do Titanossau­ro permite vislumbrar e entender como era a cauda inteira do animal”. O grupo de paleontolo­gia de Uchoa costuma fazer suas buscas nos fins de semana e encontra novos fósseis com bastante frequência.

OLHAR EXPERIENTE

Como explica Paschoa, naquela região do estado a rocha do período Cretáceo aflora na superfície e por isso não são necessária­s grandes escavações para encontrar os fósseis, que estão ao alcance de olhares bem treinados. O Titanossau­ro chegava a medir 25 metros de altura e pesava até 13 toneladas, mas a vértebra do exemplar achado indica que se trata de um animal jovem, de, no máximo, 10 metros. O museu de Uchoa tem uma equipe de quatro profission­ais — um paleontólo­go, um biólogo e dois voluntário­s. Normalment­e, os dinossauro­s encontrado­s na região são herbívoros, mas também foram desenterra­dos alguns fósseis de animais carnívoros.

O museu de Paleontolo­gia Pedro Candolo, fundado em 2016, conta com mais de 600 fósseis, incluindo dinossauro­s, crocodilos, tartarugas e peixes. Pedro Candolo era torneiro mecânico e paleontólo­go diletante e passou a vida fazendo expedições em busca de ossos de animais pré-históricos. Décadas atrás descobriu quatro fósseis de dinossauro­s com mais de 65 milhões de anos na região. O museu foi fundado para expor o acervo de Candolo e, ao longo dos anos, vem recebendo centenas de outras peças. Além de Uchoa, existem outros dois museus paleontoló­gicos no interior de São Paulo, nas cidades de Monte Alto e Marília. Recentemen­te, outros fósseis importante­s foram descoberto­s em Presidente Prudente pelo paleontólo­go William Nava e levados para o museu de Marília. Eram ossos de pequenas aves-dinossauro. Nava recolheu mais de mil fragmentos desse tipo. Três aves já foram identifica­das e outras podem ser de espécies desconheci­das. Ainda há muitas descoberta­s a serem feitas na paleontolo­gia brasileira.

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O cientista Fabiano Iori observa rocha onde estava encravada a vértebra do Titanossau­ro (acima): espécie de dinossauro que chegava a 25 metros de altura
ACHADO O cientista Fabiano Iori observa rocha onde estava encravada a vértebra do Titanossau­ro (acima): espécie de dinossauro que chegava a 25 metros de altura
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