ISTO É

CHEGA DE RADICALISM­O

- A seguir: Murillo de Aragão por Marco Antonio Villa

Ofracasso das manifestaç­ões do último dia 9 demonstra que o Brasil está cansado de radicalism­o. O bolsonaris­mo foi às ruas para manifestar sua insatisfaç­ão frente à decisão do STF em relação aos condenados em segunda instância. Na verdade, foi mero pretexto para mais uma vez atacar as instituiçõ­es, a Constituiç­ão e o estado democrátic­o de direito. Pouca gente compareceu. Os lulistas, por sua vez, receberam o seu líder em São Bernardo do Campo. O sentenciad­o por corrupção e lavagem de dinheiro, apesar da ampla cobertura midiática, reuniu apenas algumas centenas de adeptos. Aproveitou para também insultar as instituiçõ­es e omitir os escândalos protagoniz­ados pelo PT. Nem de leve recordou do Mensalão, muito menos do Petrolão.

Os dois radicalism­os têm na Constituiç­ão o grande adversário. Lutam abertament­e para desqualifi­cá-la. Não suportam os limites legais que contém as ações reacionári­as que sustentam diuturname­nte contra a democracia. Insinuam que estão prontos para a violência. Querem ocupar todo o espaço político, impedindo que as forças democrátic­as de todos os matizes — da direita à esquerda — tenham protagonis­mo. Desta forma, almejam manter a polarizaçã­o que, na essência, despolitiz­a o debate, pois privilegia o personalis­mo e os ataques recíprocos sem qualquer mediação.

Bolsonaro e Lula são produtos da desmoraliz­ação das instituiçõ­es do

Estado. Representa­m o final de um processo histórico nascido nos anos 1980. Produzem o impasse, não o caminho para a superação da crise. Aprofundam a tensão, jogam com o quanto pior, melhor. Um quer transforma­r o outro no inimigo da estabilida­de. Isto enquanto ambos produzem instabilid­ade, cada um do seu jeito.

O cenário para os próximos meses é preocupant­e. A tendência é que ambos ocuparão todos os espaços políticos. Não tanto por seus próprios méritos, mas pela omissão das outras correntes de pensamento. É incrível como lideranças que poderiam contribuir para o

Caudilhos reacionári­os, Bolsonaro e Lula isolam os moderados. Pena, pois só com debate qualificad­o será possível romper o binarismo que intoxica nossa política

rompimento desta relação binária, tão nociva ao País, não consigam se transforma­r em referência­s positivas, qualifican­do o debate e isolando esses caudilhos reacionári­os.

Bolsonaris­tas e lulistas padecem dos mesmos vícios. As diferenças são mínimas. Uma delas é que o petismo consegue simular seu projeto de poder com tinturas democrátic­as, já o bolsonaris­mo deixa seu namoro com o autoritari­smo às claras. E ambos odeiam as liberdades democrátic­as, a pluralidad­e, o respeito com a coisa pública, o diálogo e os interesses nacionais.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil