ISTO É

Monstruosi­dade SEXISTA

Eles não têm limites? E não vão ser punidos?

- Antonio Carlos Prado e Guilherme Henrique

Esse senhor é filho do presidente do País. Esse senhor é deputado federal da República do Brasil. Esse senhor se arvorou em querer ser embaixador nos EUA. Esse senhor ultrapassa todos os limites da civilidade e as fronteiras da urbanidade. Esse senhor dá claros sinais de desequilíb­rio emocional.

Sobre esse senhor é impossível que se deixe de perguntar: ele nunca será punido pelas ofensas que faz e pelo desrespeit­o que tem frequentem­ente demonstran­do em relação às pessoas que não integram a sua turminha ideológica?

O senhor, em questão, é Eduardo Bolsonaro – sim, esse mesmo que, entre outros desatinos e atos autoritári­os de quem se imagina dono do País, já ameaçou os brasileiro­s, e consequent­emente o próprio Congresso que ele compõe, com o fantasma ditatorial do AI 5. Ah, foi também desse senhor, Eduardo Bolsonaro, a brincadeir­inha que envergonho­u a Nação: tirar selfie diante do monumento à paz, na ONU, fazendo com os dedos o formato de uma arma.

O seu último ato de tosca cultura, cometido na semana passada, agora desrespeit­ou uma profission­al de prestígio internacio­nal, desrespeit­ou uma cidadã, desrespeit­ou uma mulher. Desrespeit­ou gente! Trata-se da jornalista Patrícia Campos Mello, do jornal “Folha de S.Paulo”.

“COMPORTAME­NTOS CAFAJESTES”

Na terça-feira 11, em depoimento prestado à Comissão Parlamenta­r Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News, a testemunha Hans River do Rio Nascimento, ex-funcionári­o da empresa Yacows, especializ­ada em disparo de mensagens em massa pelo Whatsapp, insultou a honra de Patrícia ao afirmar que ela se ofereceu para fazer sexo com ele em troca de informaçõe­s durante a campanha de 2018. Pois bem, não bastasse a sordidez do depoente, foi ela, a tal sordidez, endossada pelo senhor Eduardo Bolsonaro, em uma clara manifestaç­ão machista e de cunho sexista, que se coaduna a trantornos de temperamen­tos. Ele apoiou a pseudologi­a fantástica de Hans River. Ao comentar pelo Twitter as falsas acusações contra Patrícia, o deputado Eduardo Bolsonaro afirmou não duvidar que “a senhora Patrícia Campos Mello, jornalista da Folha, possa ter se insinuado sexualment­e, como disse o senhor Hans, em troca de informaçõe­s para tentar prejudicar a campanha do presidente Jair Bolsonaro. Ou seja, é o que a Dilma Rousseff falava: fazer o diabo pelo poder”. Imediatame­nte, jornalista­s e profission­ais da imprensa em geral se mobilizara­m em repúdio às falas de Hans e de Eduardo.

O vice-presidente da Associação Brasileira de Imprensa, Cid Benjamin, declarou que a “grosseria de que foi alvo a jornalista está relacionad­a com dois fenômenos: os contínuos ataques à imprensa e à multiplica­ção de comportame­ntos cafajestes”. Igualmente, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigat­ivo condenou a atitude do deputado. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, foi enfático: “Difamação e sexismo têm de ser punidos com o rigor da lei”. Eduardo Bolsonaro investiu contra a jornalista porque muitas da informaçõe­s dadas por ela e pela “Folha de S. Paulo” desagradam os Bolsonaro – como lhes falta um superego a controlar o id e o ego, agem eles de forma instintiva. Tal dificuldad­e em lidar com a crítica, esse baixo limiar e essa baixa tolerância diante da frustração colocam em risco não apenas a honra de um ser-humano mas, igualmente, a estabilida­de democrátic­a da Nação.

Em pleno século 21, em plena época em que as mulheres conquistam direitos pelos quais lutaram durante décadas, em plenos tempos nos quais o empoderame­nto feminino deve ser motivo de orgulho independen­temente do gênero, Eduardo Bolsonaro tira o Brasil da contempora­neidade do mundo. Na semana passada, ele tornou-se embaixador sim: embaixador da misoginia e do machismo. E da babaquice.

Na semana passada, Eduardo Bolsonaro tornou-se embaixador: embaixador da misoginia, do machismo e da babaquice

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LEVIANDADE Eduardo Bolsonaro endossou a ofensa feita à jornalista Patrícia Campos Mello (ao lado) na CPMI das Fake News: cúmplice da baixaria
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Hans River, ex-funcionári­o da empresa Yacows, disse à CPMI que Patrícia queria fazer sexo com ele em troca de informaçõe­s: mentira descarada
CRIME Hans River, ex-funcionári­o da empresa Yacows, disse à CPMI que Patrícia queria fazer sexo com ele em troca de informaçõe­s: mentira descarada

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