Monstruosidade SEXISTA
Eles não têm limites? E não vão ser punidos?
Esse senhor é filho do presidente do País. Esse senhor é deputado federal da República do Brasil. Esse senhor se arvorou em querer ser embaixador nos EUA. Esse senhor ultrapassa todos os limites da civilidade e as fronteiras da urbanidade. Esse senhor dá claros sinais de desequilíbrio emocional.
Sobre esse senhor é impossível que se deixe de perguntar: ele nunca será punido pelas ofensas que faz e pelo desrespeito que tem frequentemente demonstrando em relação às pessoas que não integram a sua turminha ideológica?
O senhor, em questão, é Eduardo Bolsonaro – sim, esse mesmo que, entre outros desatinos e atos autoritários de quem se imagina dono do País, já ameaçou os brasileiros, e consequentemente o próprio Congresso que ele compõe, com o fantasma ditatorial do AI 5. Ah, foi também desse senhor, Eduardo Bolsonaro, a brincadeirinha que envergonhou a Nação: tirar selfie diante do monumento à paz, na ONU, fazendo com os dedos o formato de uma arma.
O seu último ato de tosca cultura, cometido na semana passada, agora desrespeitou uma profissional de prestígio internacional, desrespeitou uma cidadã, desrespeitou uma mulher. Desrespeitou gente! Trata-se da jornalista Patrícia Campos Mello, do jornal “Folha de S.Paulo”.
“COMPORTAMENTOS CAFAJESTES”
Na terça-feira 11, em depoimento prestado à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News, a testemunha Hans River do Rio Nascimento, ex-funcionário da empresa Yacows, especializada em disparo de mensagens em massa pelo Whatsapp, insultou a honra de Patrícia ao afirmar que ela se ofereceu para fazer sexo com ele em troca de informações durante a campanha de 2018. Pois bem, não bastasse a sordidez do depoente, foi ela, a tal sordidez, endossada pelo senhor Eduardo Bolsonaro, em uma clara manifestação machista e de cunho sexista, que se coaduna a trantornos de temperamentos. Ele apoiou a pseudologia fantástica de Hans River. Ao comentar pelo Twitter as falsas acusações contra Patrícia, o deputado Eduardo Bolsonaro afirmou não duvidar que “a senhora Patrícia Campos Mello, jornalista da Folha, possa ter se insinuado sexualmente, como disse o senhor Hans, em troca de informações para tentar prejudicar a campanha do presidente Jair Bolsonaro. Ou seja, é o que a Dilma Rousseff falava: fazer o diabo pelo poder”. Imediatamente, jornalistas e profissionais da imprensa em geral se mobilizaram em repúdio às falas de Hans e de Eduardo.
O vice-presidente da Associação Brasileira de Imprensa, Cid Benjamin, declarou que a “grosseria de que foi alvo a jornalista está relacionada com dois fenômenos: os contínuos ataques à imprensa e à multiplicação de comportamentos cafajestes”. Igualmente, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo condenou a atitude do deputado. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, foi enfático: “Difamação e sexismo têm de ser punidos com o rigor da lei”. Eduardo Bolsonaro investiu contra a jornalista porque muitas da informações dadas por ela e pela “Folha de S. Paulo” desagradam os Bolsonaro – como lhes falta um superego a controlar o id e o ego, agem eles de forma instintiva. Tal dificuldade em lidar com a crítica, esse baixo limiar e essa baixa tolerância diante da frustração colocam em risco não apenas a honra de um ser-humano mas, igualmente, a estabilidade democrática da Nação.
Em pleno século 21, em plena época em que as mulheres conquistam direitos pelos quais lutaram durante décadas, em plenos tempos nos quais o empoderamento feminino deve ser motivo de orgulho independentemente do gênero, Eduardo Bolsonaro tira o Brasil da contemporaneidade do mundo. Na semana passada, ele tornou-se embaixador sim: embaixador da misoginia e do machismo. E da babaquice.
Na semana passada, Eduardo Bolsonaro tornou-se embaixador: embaixador da misoginia, do machismo e da babaquice