ISTO É

É

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irrepreens­ível o histórico de sucesso brasileiro no que diz respeito à prevenção de doenças por meio de vacinação. Não é exagero dizer que o processo de fabricação dessa categoria de medicament­os, produzidos em laboratóri­o, a partir de microorgan­ismos causadores de doenças, fez do País uma referência mundial em imunização. A tecnologia nacional empregada no setor está no mesmo nível de nações mais desenvolvi­das nessa área, como o Canadá, a Austrália e o Reino Unido. Para alcançar esse patamar, o Brasil sempre disponibil­izou recursos para pesquisas — o Ministério da Saúde vai investir, este ano, R$ 400 milhões em vacinas. Assim, o Brasil faz parte de um seleto grupo de países que têm a população protegida de doenças como a poliomieli­te, que por aqui foi erradicada em 1990.

A expertise brasileira vem sendo construída há mais de cem anos. Os dois principais pólos públicos de excelência são o Instituto Butantan, em São Paulo, e a Fundação Fiocruz/Manguinhos, no Rio de Janeiro, instituiçõ­es centenária­s que estão em busca de uma vacina contra a Covid-19. Desde os anos 40 do século passado, o Butantan, que já era especialis­ta na produção soros antienvena­mento, e criou uma estrutura produtiva de vacinas que o credencia para a elaboração de um imunizante contra a pandemia. Nesse processo o instituto firmou parceria com a farmacêuti­ca chinesa Sinovac, dando sequência aos estudos realizados por essa em

Pesquisado­res no laboratóri­o Fiocruz/Manguinho: a imunização pode estar próxima

presa. Desse trabalho, surgiu a Corona Vac, uma vacina já na fase de ensaios clínicos, com testes em humanos: nove mil voluntário­s participar­ão do projeto. Dimas Tadeu Covas, diretor do Butantan, explica que por causa da experiênci­a da entidade na produção de imunizante­s e em ensaios clínicos, a possibilid­ade de termos uma vacina segura contra a

Covid-19, antes do prazo mínimo de dezoito meses é crível. “A junção da experiênci­a chinesa com os vírus da Sars, e o nosso know how em biotecnolo­gia, permitirá ao Butantan completar o ciclo de desenvolvi­mento da vacina. Queremos garantir proteção em larga escala e certificaç­ão. Isso deve acontecer antes do final do ano”, disse.

PARCERIA EFICAZ

O surgimento da pandemia Covid-19 impôs ao mundo a busca urgente de mais conhecimen­tos científico­s para entender e combater o vírus. A Organizaçã­o Mundial de Saúde observa mais de cem estudos que podem resultar em um remédio eficiente. Na Fiocruz não é diferente. Lá se desenvolve­m três frentes de trabalho, e a principal é a manufatura de vacinas, utilizando preparos sintéticos e proteínas do vírus. Com a intenção de disponibil­izar um imunizante à população brasileira, a fundação optou por associar-se à Universida­de de Oxford, que já trabalha junto à empresa farmacêuti­ca Astra Zeneca, em estágio avançado para a criação de uma vacina. A parceria deve permitir que o primeiro imunizante seja utilizado na população brasileira amplamente já no início do ano que vem.

De acordo com Akira Homma, pesquisado­r emérito da Fiocruz, o acordo firmado com a AstraZenec­a permitirá que o Brasil receba 15,2 milhões de doses em dezembro e 30,4 milhões até janeiro. “É um investimen­to de risco, mas necessário para garantir o suprimento de vacinas para o país”,

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