ISTO É

Agora é a turma do Carluxo

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Carlos Bolsonaro é acusado de promover rachadinha­s em seu gabinete de vereador no Rio por entregar panfletos no gabinete de Carlos Bolsonaro, por exemplo, recebia um salário de R$ 17 mil mensais e não soube explicar exatamente qual era a sua rotina, nem mostrou qualquer exemplar do material que dizia entregar. Mesmo que isso fosse verdade, o MP-RJ considerou estranho um salário tão alto para um funcionári­o entregar panfletos. A distorção é clara. Apenas Goes custou cerca de R$ 1,5 milhão aos cofres da Câmara Municipal carioca. Outro comissiona­do do gabinete do vereador, Guilherme Hudson, também não foi capaz de justificar um trabalho proporcion­al à sua função na Câmara. Hudson é chefe de gabinete de Carlos Bolsonaro. É o posto mais alto dentro da estrutura parlamenta­r da Casa. Ele é primo de Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro. Ana também foi chefe de gabinete do ex-enteado e é investigad­a no processo, sob a acusação de ter sido funcionári­a fantasma de Carluxo. As apurações mostram que ela e os outros assessores sacavam entre 80% e 90% dos salários todos os meses, cujo destino está sendo investigad­o pelo MP. A suspeita é que esse montante seria devolvido ao vereador. Carlos manteve entre 2007 e 2009 um cofre no Banco do Brasil e não conseguiu demonstrar aos investigad­ores o que guardava no local. Ele nunca declarou o que constava nesse cofre. Os promotores suspeitam que era usado para guardar dinheiro vivo, joias e documentos.

Como se sabe, em torno da família Bolsonaro sempre houve negócios com dinheiro em espécie. A ex-mulher do presidente, Ana Cristina, inclusive, comprou 14 imóveis entre 1998 e 2008, enquanto estava casada com ele, parcialmen­te com dinheiro vivo. Na separação do casal, os imóveis estavam avaliados

em R$ 3 milhões. Outra ex-mulher do presidente e mãe do Carluxo, Rogéria Nantes Bolsonaro, pagou em dinheiro vivo R$ 95 mil, em 1996, por um apartament­o na zona norte do Rio de Janeiro. Na época, ela era casada com Bolsonaro. Hoje, o imóvel está avaliado em mais de R$ 600 mil. A atual mulher de presidente, Michele Bolsonaro, recebeu R$ 89 mil em depósitos feitos pelo ex-PM Fabrício Queiroz, antigo assessor de Flávio Bolsonaro. É um tema tão sensível que irrita o presidente ao ser questionad­o pelos jornalista­s, como se viu recentemen­te.

Com a mesma estratégia das mulheres de Bolsonaro, outro irmão de Carlos, o senador Flávio (Republican­os), é alvo de investigaç­ões sobre rachadinha­s e outros negócios enrolados. Além de uma loja de chocolates e de vários imóveis comprados com dinheiro vivo, o senador é investigad­o pelo fato de seu ex-assessor Fabrício

Queiroz ter movimentad­o R$ 1,2 milhão e que ele seria destinatár­io de parte desses valores. O caso é similar ao que é apurado em relação ao irmão Carlos. Já outro irmão do vereador, o deputado federal Eduardo (PSL), é investigad­o por disseminar fake news por meio do perfil falso Bolsofeios. O deputado Julian Lemos (PSL-PB) denuncia que ele utilizou verbas do auxílio-moradia da Câmara dos Deputados para comprar um apartament­o.

RELAÇÕES PERIGOSAS

Amigos do presidente também são acusados de atividades ilícitas. O pastor Everaldo foi preso pela Polícia Federal, em 28 de agosto, sob a acusação de comandar um esquema de corrupção na administra­ção do governador afastado Wilson Witzel. O pastor foi responsáve­l pelo batismo do presidente Jair Bolsonaro no Rio Jordão, em Israel. Ele comandava negócios fraudulent­os na Secretaria de Saúde. Amigos do clã Bolsonaro menos influentes na política também frequentam os noticiário­s da pior forma possível. Fabrício Queiroz ainda não explicou a razão dos depósitos para a primeirada­ma. Ele é o principal envolvido nas rachadinha­s que favorecera­m Flávio. Há ainda outras ligações perigosas com o chefe de milícias Adriano Nóbrega e com os ex-policiais Ronnie Lessa e Élcio Vieira, apontados como participan­tes do assassinat­o da vereadora Marielle Franco (PSOL). Adriano foi até condecorad­o por Flávio, a pedido de Bolsonaro, em 2005. Foragido, ele foi morto em ação policial em fevereiro. Ronnie Lessa é morador do mesmo condomínio de Bolsonaro. Ronnie e Élcio estão presos. Os negócios da família sempre foram suspeitos e a chegada ao poder apenas colocou luz em relações altamente nebulosas.

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SUSPEITO

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