70 anos da TV no Brasil
A primeira transmissão no País foi feita para apenas 200 aparelhos. Hoje, são mais de 100 milhões ligados em uma das maiores indústrias criativas do mundo
O pai da iniciativa, o jornalista paraibano Assis Chateaubriand, poderoso empresário à frente de um império de jornais e rádios, os Diários Associados, respondeu: nenhum. Chatô tentou importar os aparelhos, mas pelo trâmite legal eles levariam dois meses para chegar. O empresário pediu a ajuda do então presidente Eurico Gaspar Dutra, mas o prazo para a entrega seria o mesmo. A saída foi contrabandear 200 aparelhos, prometendo o primeiro ao próprio presidente Dutra. Os outros 199 foram espalhados em pontos públicos da cidade de São Paulo.
No dia da transmissão, na hora H, após a benção do bispo de São Paulo, uma das três câmeras falhou. Mesmo assim, no
Chatô, o pai da TV
O empresário discursou na transmissão aos primeiros 200 aparelhos do País. Hoje 96,4% dos lares tem TVs – são mais de
100 milhões de unidades
Hebe e Silvio
Hebe Camargo, uma das primeiras atrizes em cena, e Silvio Santos: desde 1963 o apresentador está no ar aos domingos com um dos programas de auditório mais populares do País
A televisão chegou ao Brasil há 70 anos e você estava lá. Qual é a primeira memória daquela época?
Eu tinha vinte anos. Fazíamos “rádio com imagem” ou “imagem com rádio”. O Chateaubriand, um louco, delirante, o grande responsável por trazer a televisão para o Brasil, tinha baixado uma ordem dizendo que a gente não podia enfraquecer os quadros do jornalismo e contratar gente de lá, afinal ele era dono de muitos jornais e emissoras de rádio e não queria mexer nisso.
Como os profissionais reagiram?
Sofremos muito preconceito, acho que isso acontece com a TV até hoje. Havia o teatro brasileiro de comédia, uma coisa finíssima só para os aristocratas e barões do café. E havia o teatro de arena, que ainda não tinha se firmado como veículo de expressão. Então olhamos um para a cara do outro e perguntamos: “e aí, o que vamos fazer?” E daí fizemos o que a gente sabia fazer melhor: rádio, mas com imagem.
E os primeiros programas, mostravam o quê?
O Walter George Durst tinha um programa de rádio chamado “Cinema em Casa”. Ele adaptava os filmes em cartaz na época, como “Crepúsculo dos Deuses”, com William Holden e Gloria Swanson. Ele recebia dos estúdios o roteiro em inglês, traduzia e encenava. Adaptamos à TV.
A TV era um aparelho fixo, as pessoas tinham que parar para assistir. Hoje ela vai com o público para onde o público for. O que representa essa diferença?
É o que o Fellini disse, né? “Televisão é um belo eletrodoméstico.” Naquele tempo aumentou muito o consumo do café. Porque o “televizinho” vinha na casa de quem tinha TV para assistir, a gente servia um cafezinho. Hoje o mundo mudou, e vamos assistindo às mudanças. Algumas aplaudindo, às vezes chorando.
O que acha do consumo de vídeos pelo celular, uma tela pequena?
Acho que o celular é um complemento, mas a tela é ruim para ver, né? Perde um pouco da dignidade. Imagino alguém vendo “Crepúsculo dos Deuses” ou Shakespeare no celular. Eu não acredito que se consiga ver alguma coisa importante desse jeito, a não ser o recado da namorada, uma foto, fofocas, fake news.
Você lançou um canal no Youtube e tem um perfil no Instagram. O que acha das redes sociais?
Foi uma forma que encontrei para interagir com o público. Mas também vejo que elas servem para divulgar burrice, ignorância, estupidez. Não sei se servem para divulgar a
Baseado no perturbador romance de Donald Ray Pollock, o filme “O Diabo de Cada Dia”, do roteirista e diretor brasileiro Antonio Campos, traz um elenco de estrelas interpretando uma série de personagens sinistros e esquisitos. Há um pregador profano (Robert Pattinson), um casal de serial-killers (Jason Clarke e Riley Keough), um xerife desonesto (Sebastian Stan) e um jovem que quer se livrar de todos eles (Tom Holland, famoso por seu papel como Homem-Aranha). ISTOÉ