ISTO É

70 anos da TV no Brasil

- Felipe Machado

A primeira transmissã­o no País foi feita para apenas 200 aparelhos. Hoje, são mais de 100 milhões ligados em uma das maiores indústrias criativas do mundo

O pai da iniciativa, o jornalista paraibano Assis Chateaubri­and, poderoso empresário à frente de um império de jornais e rádios, os Diários Associados, respondeu: nenhum. Chatô tentou importar os aparelhos, mas pelo trâmite legal eles levariam dois meses para chegar. O empresário pediu a ajuda do então presidente Eurico Gaspar Dutra, mas o prazo para a entrega seria o mesmo. A saída foi contraband­ear 200 aparelhos, prometendo o primeiro ao próprio presidente Dutra. Os outros 199 foram espalhados em pontos públicos da cidade de São Paulo.

No dia da transmissã­o, na hora H, após a benção do bispo de São Paulo, uma das três câmeras falhou. Mesmo assim, no

Chatô, o pai da TV

O empresário discursou na transmissã­o aos primeiros 200 aparelhos do País. Hoje 96,4% dos lares tem TVs – são mais de

100 milhões de unidades

Hebe e Silvio

Hebe Camargo, uma das primeiras atrizes em cena, e Silvio Santos: desde 1963 o apresentad­or está no ar aos domingos com um dos programas de auditório mais populares do País

A televisão chegou ao Brasil há 70 anos e você estava lá. Qual é a primeira memória daquela época?

Eu tinha vinte anos. Fazíamos “rádio com imagem” ou “imagem com rádio”. O Chateaubri­and, um louco, delirante, o grande responsáve­l por trazer a televisão para o Brasil, tinha baixado uma ordem dizendo que a gente não podia enfraquece­r os quadros do jornalismo e contratar gente de lá, afinal ele era dono de muitos jornais e emissoras de rádio e não queria mexer nisso.

Como os profission­ais reagiram?

Sofremos muito preconceit­o, acho que isso acontece com a TV até hoje. Havia o teatro brasileiro de comédia, uma coisa finíssima só para os aristocrat­as e barões do café. E havia o teatro de arena, que ainda não tinha se firmado como veículo de expressão. Então olhamos um para a cara do outro e perguntamo­s: “e aí, o que vamos fazer?” E daí fizemos o que a gente sabia fazer melhor: rádio, mas com imagem.

E os primeiros programas, mostravam o quê?

O Walter George Durst tinha um programa de rádio chamado “Cinema em Casa”. Ele adaptava os filmes em cartaz na época, como “Crepúsculo dos Deuses”, com William Holden e Gloria Swanson. Ele recebia dos estúdios o roteiro em inglês, traduzia e encenava. Adaptamos à TV.

A TV era um aparelho fixo, as pessoas tinham que parar para assistir. Hoje ela vai com o público para onde o público for. O que representa essa diferença?

É o que o Fellini disse, né? “Televisão é um belo eletrodomé­stico.” Naquele tempo aumentou muito o consumo do café. Porque o “televizinh­o” vinha na casa de quem tinha TV para assistir, a gente servia um cafezinho. Hoje o mundo mudou, e vamos assistindo às mudanças. Algumas aplaudindo, às vezes chorando.

O que acha do consumo de vídeos pelo celular, uma tela pequena?

Acho que o celular é um complement­o, mas a tela é ruim para ver, né? Perde um pouco da dignidade. Imagino alguém vendo “Crepúsculo dos Deuses” ou Shakespear­e no celular. Eu não acredito que se consiga ver alguma coisa importante desse jeito, a não ser o recado da namorada, uma foto, fofocas, fake news.

Você lançou um canal no Youtube e tem um perfil no Instagram. O que acha das redes sociais?

Foi uma forma que encontrei para interagir com o público. Mas também vejo que elas servem para divulgar burrice, ignorância, estupidez. Não sei se servem para divulgar a

Baseado no perturbado­r romance de Donald Ray Pollock, o filme “O Diabo de Cada Dia”, do roteirista e diretor brasileiro Antonio Campos, traz um elenco de estrelas interpreta­ndo uma série de personagen­s sinistros e esquisitos. Há um pregador profano (Robert Pattinson), um casal de serial-killers (Jason Clarke e Riley Keough), um xerife desonesto (Sebastian Stan) e um jovem que quer se livrar de todos eles (Tom Holland, famoso por seu papel como Homem-Aranha). ISTOÉ

 ??  ?? 18 DE SETEMBRO DE 1950 A garotinha desta foto, então com seis anos, viria a ser a atriz Sonia Dorce: “Boa noite. Está no ar a televisão do Brasil”, disse ela no evento da inauguraçã­o.
18 DE SETEMBRO DE 1950 A garotinha desta foto, então com seis anos, viria a ser a atriz Sonia Dorce: “Boa noite. Está no ar a televisão do Brasil”, disse ela no evento da inauguraçã­o.
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