ISTO É

BIDEN à BRASILEIRA

- por Germano Oliveira

As últimas pesquisas de opinião pública revelam que Bolsonaro está extremamen­te fragilizad­o e que, se as eleições fossem hoje, ele não se reelegeria. Não deixa de ser uma notícia auspiciosa, consideran­do que a maioria da população o considera responsáve­l pelas quase 500 mil mortes na pandemia. A questão é que os levantamen­tos de intenção de voto apontam Lula como o favorito e que, se nada mudar, ele poderá voltar ao poder, depois de uma saraivada de denúncias de corrupção. Diante desse quadro, a 17 meses do pleito, o brasileiro terá que optar pelo menos pior. Uma dura escolha de Sofia na política.

Com base nas consultas feitas em maio pelo Datafolha e pelo PoderData, os dois principais candidatos são também amplamente rejeitados pela maioria dos eleitores, o que reforça a opinião de que a população, majoritari­amente, não quer nenhum deles. Bolsonaro encontra-se na posição mais crítica. É rejeitado por 54% das pessoas ouvidas pelo Datafolha e por 49% dos pesquisado­s pelo PoderData. O capitão tem, assim, uma das piores avaliações dos presidente­s nos últimos 30 anos. Só ganha de Collor, que, no auge do processo de impeachmen­t, tinha uma rejeição de 68%.

Apesar de Lula ter recuperado seus direitos políticos após a anulação das sentenças que o condenaram por corrupção, ele ainda não foi declarado inocente e será submetido a novos julgamento­s em Brasília este ano.

Mesmo assim, lidera com folga as pesquisas e derrotaria Bolsonaro, inclusive no segundo turno. De qualquer forma, ele tem uma rejeição de 50%, segundo o PoderData, e de 36% de acordo com o Datafolha.

Como se vê, a situação de Lula é mais confortáve­l, mas não significa que goze do respaldo da maioria.

Qualquer que seja o resultado nas urnas em 2022, portanto, levará o País a manter o atual clima de guerra entre o “nós e eles”, que nos levou, em 2018, à atual tragédia de termos o pior presidente da nossa história republican­a. Não só pelos milhares de cadáveres provocados por seu

A disputa de dois populistas, que perseguem o poder a qualquer preço, certamente nos conduzirá a um novo ciclo de discórdia e intolerânc­ia, seja à esquerda ou à direita

negacionis­mo, mas pelo desmonte do Estado que ele está promovendo em todas as instâncias do governo.

A disputa de dois populistas, que perseguem o poder a qualquer preço, portanto, certamente nos conduzirá a um novo ciclo de discórdia e intolerânc­ia, seja à esquerda ou à direita. E esse embate poderá nos deixar ainda mais distantes de um governo de união nacional, que nos reconduza ao desenvolvi­mento sócio-econômico. Por isso, é indispensá­vel que surja um nome alternativ­o, capaz de pacificar o País: precisamos de um Biden à brasileira.

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Diretor de redação de ISTOÉ

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