ISTO É

Em TI,há vagas e paga-se bem

PANDEMIA ACELEROU A AUTOMAçãO DOS SERVIçOS NO BRASIL, COM REFLEXOS POSITIVOS PARA O MERCADO DE TRABALHO DOS PROFISSION­AIS DE TECNOLOGIA DA INFORMAçãO (TI). APENAS ENTRE 2019 E 2020, FORAM CRIADAS 270 FINTECHS

- André Lachini

Osetor de tecnologia da informação (TI) vive desde 2020 um novo “boom” de investimen­tos, acelerado pela pandemia. No Brasil, enquanto o PIB caiu 4,1% no ano passado, o setor cresceu 4% e deve ter novo avanço de 7% em 2021, quase o dobro do projetado para a economia. Com a expansão, o Brasil precisará de 400 mil novos trabalhado­res até 2025, mas isso será um problema para esse setor. Todas as faculdades do País serão capazes

de formar 80 mil pessoas até lá, o que mostra o déficit por profission­ais especializ­ados.

A disputa por profission­ais, como programado­res de software, é intensa. “Está muito difícil encontrar gente bem qualificad­a. Quando começou a pandemia, tínhamos um programado­r que cuidava do banco de dados. Ele foi para o Canadá, recebeu uma oferta alta. Agora, as empresas estrangeir­as contratam o pessoal aqui mesmo, remotament­e”, diz Vinicius Melo, executivo-chefe do app Papa Recall, especializ­ado em recalls de veículos. Além da digitaliza­ção de serviços como entregas de alimentos e mercadoria­s, com o comércio eletrônico, houve a expansão das fintechs e das startups.

“As necessidad­es das pessoas não pararam com a pandemia. O que aconteceu é que a Covid-19 antecipou em dez anos a digitaliza­ção no Brasil”, diz Felipe Santos, diretor de tecnologia da plataforma digital de serviços imobiliári­os aMORA, uma

startup criada em 2021 na capital paulista. Santos diz que ele e dois colegas viram uma oportunida­de em criar uma empresa que opere no ramo imobiliári­o e seja uma alternativ­a ao aluguel ou venda de apartament­os. Pelo sistema Rent to Own (alugue para ter), que já existe há anos nos Estados Unidos, a pessoa que aluga o apartament­o dá uma entrada de 20% e fecha um contrato de três anos de aluguel. Após esse período, ocorre ou não a compra definitiva.

BOOM DE FINTECHS

Apenas entre 2019 e 2020, foram criadas no Brasil 270 fintechs, empresas de tecnologia que prestam algum serviço financeiro. “Novas oportunida­des surgiram com o open banking, isto levou a uma expansão forte na criação das fintechs. Outro fenômeno foi a migração dos serviços para a internet, como ocorreu nas entregas de alimentos dos restaurant­es”, diz Renan Schaefer, diretor-executivo da Associação Brasileira de Fintechs. Ele diz que hoje existem 240 milhões de smartphone­s em operação no País, para uma população de 212 milhões de pessoas. O número de fintechs é superior a 700, estima-se; em 2018, existiam 377.

“Muitas escolas tiveram que contratar serviços de banda larga e comprar hardware para prestar aulas à distância.”, diz Vivaldo José Breternitz, professor da Faculdade de Computação e Informátic­a da Universida­de Presbiteri­ana Mackenzie. A projeção da consultori­a IDC Brasil é que o mercado brasileiro movimente US$ 64 bilhões, ainda asssim uma parcela pequena em comparação ao que o mundo deve movimentar, cerca de US$ 4,1 trilhões, diz Bretenitz.

Uma pesquisa feita pela consultori­a KPMG em mais de 83 países durante a pandemia mostrou que 55% das empresas entrevista­das aumentaram seus investimen­tos em TI. Marcos Fujita, sócio-líder em tecnologia e mercados da KPMG, diz que a empresa teve que buscar profission­ais fora do eixo RioSâo Paulo: “Só assim conseguimo­s atender à demanda.”

“Um número grande de brasileiro­s é procurado pelas empresas estrangeir­as de tecnologia” Marcos Fujita, sócio na KPMG

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DESAFIO Sede da fintech Pic Pay em SP: País precisará de 400 mil especialis­tas em TI até 2025
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EXPANSãO Pandemia fez 55% das empresas aumentarem investimen­to em TI

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