Entre histórias e afeto

Reforma repensou os espaços, renovou revestimentos e evidenciou as peças vindas do antigo endereço dos moradores Por Marcela Teixeira Fotos: JP Image

uma explosão de cores, obras de arte, móveis e objetos marcantes dão vida e alegria ao projeto de reforma deste apartamento de 300 m², no tradicional bairro da Santa Cecília, em São Paulo.

Localizado no quinto andar de um edifício dos anos 60, assinado por Botti Rubin Arquitetos e cuja fachada é tombada pelo patrimônio histórico, ele encantou de cara o empresário Paulo e o publicitário Uli, que procuravam por um imóvel na região. A planta, porém, estava desatualizada para os desejos atuais do casal, que sonhava com ambientes amplos e integrados.

“Os proprietários recorreram ao arquiteto Nelson Dupré, que havia trabalhado com Botti Rubin, para fazer o estudo preliminar, visando manter o DNA original do

espaço. Depois, nós, do Studio Davini Castro, desenvolvemos o projeto executivo, gerenciamos a obra e assinamos o projeto de interiores”, explica a arquiteta Luizette Davini, sócia do designer de interiores Rogério Castro.

Mais do que conquistar amplitude e integração, os novos moradores – jovens, colecionadores e antenados com as tendências do décor – gostariam que o apartamento contasse com três suítes, para atender a eles, aos futuros filhos que irão adotar e a eventuais convidados. “Como a planta original trazia apenas uma suíte, fizemos toda uma adequação, com sistemas bastante atuais de coleta de esgoto e ligação de água para poder transferir para uma zona onde antes havia um closet, um novo sanitário que permitisse a um dormitório frontal ser utilizado como suíte também”, explica Rogério.

Para refletir a personalidade jovem e viajante do casal, os profissionais pensaram num décor afetivo e bastante descontraído. “Como os proprietários são colecionadores, valorizamos cada peça que possuíam, trazendo muita alma e identidade”, aponta o designer.

Isso já é percebido logo no hall de entrada, que foi transformado numa espécie de galeria em tom de azul profundo. O espaço abriga um altar budista e objetos trazidos da Ásia, funcionando como uma área de transição entre o mundo externo e caótico e o refúgio interno.

A integração foi ponto-chave desse projeto, que é amplo e fluido. “Pensamos em áreas sociais generosas e muito práticas, sem barreiras físicas, que fossem perfeitas para confraternizações”, afirma Luizette. O living ainda ganhou uma profusão de cores, com destaque para o tapete. “Como os moradores são apaixonados por cores, nos desafiamos a fazer um mix ousado, mas harmônico, que trouxe muita personalidade”, diz a arquiteta.

Para balancear, o piso é de porcelanato, mais neutro e com peças de grandes formatos, que conferem amplitude e claridade. Aproveitando a grande metragem da ala social, os profissionais do Studio Davini Castro ainda projetaram um cantinho mais intimista, revestido em madeira, e o espaço do bar, que foi criado sobre a mesa de jantar do antigo apartamento dos proprietários.

“Valorizada com sua nova função, a mesa abrigou a coleção de copos e caixinhas dos moradores e ainda ganhou diversos elementos decorativos”, conta Rogério. A parede revestida de espelho trouxe a profundidade almejada.

Conectado ao living de modo espelhado, o home theater foi idealizado para oferecer conforto. O espaçoso sofá com chaise, em couro cinza chumbo, traz peso para a composição, que conta com tons quentes e vibrantes. Um mobiliário sob medida abriga os equipamentos e, ao fundo, as cortinas em shantung prata emolduram com sofisticação o ambiente.

A sala de jantar foi posicionada num espaço de passagem, que integra a área social com a cozinha. “Para receber os amigos com aconchego, revestimos a parede e o teto com madeira, criando uma espécie de caixa”, detalha Luizette. O destaque fica para o lustre de design espanhol e para a tela do artista Osmar Beneson, vibrante e cheia de personalidade. Ao fundo, uma porta de correr permite a unificação com a cozinha, que é espaçosa e iluminada.

Prático e funcional, o ambiente ganha tons de branco e fendi, que contrastam com as cadeiras vermelhas do acervo dos proprietários. Conta com ilha central com mesa acoplada e uma extensa bancada para os preparos.

As cores, que prevalecem por toda a área social, também se estendem à ala íntima - agora com três suítes - em composições vivas e muito harmônicas.

“Toda a modernização do apartamento se baseou nos conceitos de bem-viver, prezando por ambientes alegres, belos e funcionais. Ao final, valorizamos o imóvel e conseguimos atender todas as necessidades dos moradores”, comemora Rogério Castro.

Projeto deixou o apartamento mais amplo e arejado, sem perder o DNA original do prédio histórico. No décor, cores e obras de arte reverberam o astral dos moradores

O colorido tapete da Santa Mônica traz uma explosão de alegria para a área social, que inclui duas confortáveis poltronas Charles Eames, um ícone do design

A sala de TV dispõe de um espaçoso sofá com chaise em couro cinza chumbo, trazendo peso para a composição, que conta com tons quentes e vibrantes. As cortinas em shantung prata filtram a luminosidade que transpassa pelos muxarabis originais do edifício e resultam em acalento e sensação de bem-estar

Próximo ao hall de entrada, a sala (acima) é dividida em dois charmosos cantos. De um lado, mais reclusa, uma mesa para o café, aquecida pelo painel em ripas de madeira. Do outro, mais vistoso, o espaço do bar, criado sobre a mesa de jantar do antigo apê dos moradores, que abriga a coleção de copos e caixinhas. A parede revestida de espelho pela Silvestre Vidros traz profundidade. Ao lado, impactante, o lavabo ganha iluminação cenográfica que valoriza ainda mais o papel de parede

O hall de entrada faz às vezes de galeria e espaço de reflexão. A iluminação cênica e o tom de azul profundo criam uma atmosfera única, ideal para receber a imagem e o altar de Buda, peças asiáticas trazidas de viagem dos moradores

Na passagem entre living e cozinha, a sala de jantar tem teto e parede revestidos de madeira, criando uma espécie de caixa, que amplifica a sensação de aconchego. Destaque o pendente Discocó, com design de Christophe Mathieu, e a tela do artista Osmar Beneson. Ao fundo, as portas de correr em vidro, executadas pela Silvestre Vidros, permitem a integração total com a cozinha

Muito bem iluminada, a cozinha ganhou uma ilha central com mesa acoplada. As cadeiras vermelhas, que já eram dos moradores, deram um toque de cor ao ambiente predominantemente neutro. O piso, um porcelanato de grande formato da Roca Cerámica, vem desde o living e percorre toda a área social do apê. Privilegiando a funcionalidade, ela conta com uma espaçosa bancada de preparo em “L” e armários sob medida executados pela SCA Jardim Europa em tons de branco e fendi

Ao lado, o antigo dormitório, transformado na terceira suíte, é na verdade um espaço multiuso. Ele abriga a biblioteca, o segundo home office e faz às vezes de quarto de hóspedes. Projetada pensando nos filhos que o casal pretende adotar, a segunda suíte (abaixo) tem paleta de cores neutra e aconchegante, para acompanhar o crescimento das crianças. Além de abrigar os colecionáveis da família, tem bancada de estudos e armários para facilitar a organização

A cabeceira acolchoada confere conforto ao dormitório do casal, enquanto a bela fotografia de Alexandre Suplicy quebra a sobriedade e tem os tons coordenados com o décor

A suíte máster, com bancada em “L”, abriga um dos home offices do apartamento. Próximo da janela, ele é bem iluminado e espaçoso. No piso, tacos de madeira Tauari, na paginação espinha de peixe, trazem aconchego e movimento. O banheiro da suíte principal (abaixo) tem ares de spa. Todo revestido em porcelanato padrão carrara, da Portobello Pinheiros, ganha bancada em nanoglass branco com cuba dupla em Corian. O box também conta com chuveiro duplo