Roberta Banqueri
Arquiteta e designer,
G: Roberta, quais eram seus sonhos de criança? Você já desenhava? As formas geométricas já faziam parte da sua infância?
R: Meu sonho de infância era poder mudar a minha realidade, poder me dar novas perspectivas. Eu vim de uma família que não podia me prover muitos recursos, e o que eu mais me preocupava era com o estudo, que era o que poderia mudar o meu futuro. Meus desenhos não eram tão geométricos, não. Tinham mais formas livres. Eu sempre tive uma relação muito forte com a arte, mas não achava que eu tinha habilidade para desenhar. Gostava muito de artes cênicas, pensava em escrever, criar histórias e meus desenhos tinham mais a ver com isso. Mas, com 14 anos comecei a estudar design de interiores e as formas geométricas começaram a fazer parte da minha mudança de vida.
G: Como foi a transição de migrar na sua profissão de arquitetura para o design?
R: Foi uma loucura! Eu queria desenhar, queria desenvolver produto, ir para fábrica. Mas, eu queria me dedicar para isso. E na arquitetura você precisa estar muito presente, ligada com o projeto, com a equipe que está na obra, com o cliente que precisa de atenção. E eu queria estar com a minha atenção voltada para o desenvolvimento do produto. Eu senti que queria fazer isso de corpo e alma e, para isso acontecer, precisava dar uma pausa na arquitetura. Foi algo sofrido, porque eu já havia conquistado um espaço como arquiteta e seria um recomeço. Fiquei com muito medo e precisei de uma conexão maior (aponta para cima) pra conseguir fazer a transição, com a certeza de que nada ia me faltar e as coisas lá na frente iam dar resultado. Precisei de dedicação e coragem. Cada passo é uma conquista. Ainda é um desafio, ainda me considero em fase de transição, mas muito mais confortável e feliz.
G: Já que falamos de sonhos, quais seriam as suas parcerias dos sonhos? Onde você se imagina, com quais empresas se vê trabalhando?
R: Tem muita coisa para acontecer e eu não quero me limitar. Tenho muito para aprender, para poder criar produtos diferenciados, seja para a área de louças e metais, iluminação, eletros... eu quero ir além. G:
Pra gente terminar, me conta um momento marcante da tua carreira. Foi um prêmio, foi um produto que você bolou? O que fez teu olho brilhar?
R: A gente tem tantos momentos, né. Acho que a coisa mais gostosa e que me marca bastante é poder conhecer pessoas que eu admiro, profissionais da arquitetura, do design, do jornalismo. O meu enriquecimento de repertório, meu amadurecimento profissional, tudo isso veio da oportunidade de conhecer essas pessoas. Agora, mais recente, posso dizer que foi o lançamento da minha coleção Tupiniquim. Eu tinha aquela ansiedade de saber se as pessoas iriam gostar. E a aceitação foi incrível!