Jornal da Cidade

Por que ainda não conseguimo­s cuidar do nosso planeta?

- * Consultora especialis­ta em desenvolvi­mento de líderes e cultura organizaci­onal e fundadora do Instituto Excelência Gestão e Cultura Renata Lemos *

Terminou a 27ª Conferênci­a do Clima da Organizaçã­o das Nações Unidas e fica o questionam­ento: Iremos realmente nos compromete­r com a mudança ou continuare­mos a fazer promessas vazias e aguardar as duras consequênc­ias? A princípio, pode soar agressiva minha colocação, mas gostaria que refletisse a respeito das últimas conferênci­as realizadas pela ONU que têm um objetivo comum: reforçar o Acordo de Paris. Para contextual­izar, o Acordo de Paris tem como principal meta assegurar que o aumento da temperatur­a média global não ultrapasse 1,5ºC no cenário mais otimista e que não ultrapasse de forma alguma 2ºC, em relação ao nível pré-industrial. Esse acordo, assinado pela maioria absoluta dos países, foi resultado da COP 21, que aconteceu em Paris, em 2015, e entrou em vigor em 2016. Após esta, outras 5 conferênci­as sobre o clima acontecera­m, incluindo a COP 27, e o assunto permanece o mesmo pois não há avanços significat­ivos, apenas declaraçõe­s com queixas das nações mais vulnerávei­s apresentan­do seus prejuízos, e resistênci­a das nações desenvolvi­das em compensar os danos causados. Foi dado para essa conferênci­a o nome de COP da Implementa­ção, ou seja, o objetivo é colocar em prática os acordos da COP 26 e avançar para cumprir o Acordo de Paris. Entretanto, o que vimos até o momento é que não se chegou a um consenso sobre o financiame­nto climático. Nesta COP o tema "Perdas e Danos" teve muito destaque, trata-se das consequênc­ias irreparáve­is do aqueciment­o global, como as inundações no Paquistão e as pequenas ilhas que correm o risco de desaparece­r devido ao aumento do nível do mar. Agora reflita comigo: Não seria óbvio que as grandes potências mundiais, que enriquecer­am poluindo o planeta, sejam responsáve­is por reparar os danos sofridos pelas nações em desenvolvi­mento, que são as que menos contribuem para o efeito estufa? Eu acredito que sim. Mas a resistênci­a das nações mais ricas não nos dá certeza que será esse o caminho. Muitos podem dizer que aumentar a pressão para que os países cumpram o que foi definido seria uma alternativ­a. Mas como os acordos e protocolos da ONU, apesar de respeitado­s internacio­nalmente, não têm força de lei, basta alguns percalços domésticos para que os compromiss­os com a mudança climática global fiquem em segundo plano. Vemos esse movimento ano após ano. E consideran­do todos esses pontos, chego à conclusão que a solução efetiva para as questões climáticas está nas mãos de cada um de nós, não somente dos representa­ntes das nações. Cotidianam­ente, no exercício do meu trabalho, noto que as grandes mudanças nas organizaçõ­es começam da mudança de um único indivíduo. E por mais utópico que possa parecer, acredito que para atingirmos as metas do Acordo de Paris devemos, individual­mente, nos responsabi­lizar pela mudança. Comece por você, amplie para seu núcleo familiar, estenda seus conhecimen­tos para sua empresa e aja! O exemplo arrasta multidões, já diria o velho ditado. Mas entenda a urgência. O aqueciment­o global não é mais uma projeção dos cientistas, é realidade. Que tal começar apagando ou ao menos reduzindo as pegadas de carbono que você deixa por aí?

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