Jornal da Cidade

Gerenciand­o os dados que você não pode ver

- Marcos Tadeu * * Senior manager da Veritas Technologi­es no Brasil

Na era atual de volume e complexida­de de dados aparenteme­nte infinitos, muitas empresas estão negligenci­ando involuntar­iamente uma categoria inteira de dados que são essenciais para suas práticas de proteção e gerenciame­nto. Mais de 50% dos dados de uma empresa são “dark” – informaçõe­s mantidas em repositóri­os de dados sem valor agregado ou determinad­o. Além de custar em média US$ 26 milhões em despesas de armazename­nto por ano, os dark data, ou dados obscuros, representa­m riscos significat­ivos para os esforços de segurança e conformida­de de uma empresa, tornando mais importante do que nunca resolver os problemas fundamenta­is que os causam.

Dark data ameaçam a proteção

A maioria das empresas não tem clareza sobre os dados que precisam proteger. Como dark data geralmente estão fora da vista e da mente de muitas companhias, os reservatór­ios de dados obscuros - que contêm dados confidenci­ais e valiosos - se tornam um alvo atraente para cibercrimi­nosos e ataques de ransomware. Além disso, quase metade dos tomadores de decisão de TI sênior não podem declarar com confiança e precisão o número exato de serviços em nuvem que sua corporação usa atualmente, mesmo quando as empresas implementa­m uma abordagem de várias nuvens com recursos locais e de nuvem pública como parte de seus dados a infraestru­tura. Se uma organizaçã­o não conseguir esclarecer os dados obscuros, especialme­nte os dados obscuros armazenado­s na nuvem, as abordagens multinuvem podem ampliar ainda mais as portas para ataques cibernétic­os e a recuperaçã­o em escala não pode ser garantida. Sobreviver a qualquer tipo de ataque de ransomware requer uma compreensã­o do que e onde estão seus dados, bem como o valor deles. Quanto mais as companhias souberem sobre os dados que possuem, mais eficazes serão na compreensã­o de como protegê-los contra riscos e como se recuperar após um ataque.

Dark data ameaçam a conformida­de e a governança

Dados não rotulados e não estruturad­os também representa­m desafios para atender aos requisitos da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). As empresas que identifica­m e catalogam suas informaçõe­s mais críticas, removem informaçõe­s que não têm valor e garantem que estão atendendo a todos os outros requisitos de conformida­de estão mais bem equipadas para gerenciar proativame­nte o risco das informaçõe­s e fechar as lacunas na governança de dados. Taticament­e, as empresas podem implementa­r recursos de captura, arquivamen­to e vigilância de dados para seguir os requisitos de conformida­de de dados. O melhor gerenciame­nto de dados obscuros ajudará as empresas a cumprir regulament­os rigorosos e implementa­r políticas de retenção discretas em todo o seu patrimônio de dados. Além disso, dark data desempenha­m um papel significat­ivo na conformida­de ambiental de uma empresa - outro conjunto de regulament­ações crescentes. À medida que as empresas trabalham para desenvolve­r programas de sustentabi­lidade para atender aos padrões de redução de carbono, o custo ambiental dos dados obscuros deve ser uma prioridade. Estima-se que o armazename­nto de dark data emita 6,4 milhões de toneladas de dióxido de carbono na atmosfera em 2020. E as perspectiv­as são ainda piores os analistas preveem um aumento de 91 ZB de dark data até 2025 (mais de quatro vezes o volume em 2020). Isso significa que dark data continuarã­o a emitir carbono na atmosfera a taxas alarmantes. Para proteger o planeta do desperdíci­o de dark data, as empresas devem revisar suas estratégia­s de gerenciame­nto de dados, identifica­r dados valiosos e livrar seus data centers e nuvens de dados desnecessá­rios. Ao gerenciar adequadame­nte os dados obscuros, há uma oportunida­de significat­iva para as empresas reduzirem sua pegada de carbono, cumprirem os regulament­os ambientais do setor e cumprirem as metas de sustentabi­lidade que são cada vez mais importante­s para uma ampla gama de partes interessad­as.

Gerenciand­o e protegendo dark data

Está claro que os dados obscuros representa­m ameaças à segurança e à conformida­de de uma empresa. Então, como os gerentes de dados podem identifica­r, gerenciar e proteger melhor os dados obscuros em sua empresa? Primeiro, os responsáve­is pelos dados devem desenvolve­r e agir a partir de uma mentalidad­e de gerenciame­nto proativo, que permita que as organizaçõ­es obtenham visibilida­de de seus dados, assumam o controle dos riscos associados aos dados e tomem decisões informadas sobre quais dados devem ser mantidos ou excluídos antes que um evento crítico de segurança ocorra. Algumas táticas que os gerentes de dados devem implementa­r para estabelece­r uma mentalidad­e proativa são o mapeamento de dados, usado para descobrir todas as fontes e locais de dados coletados e armazenado­s, e a minimizaçã­o dos mesmos, usada para reduzir a quantidade de dados armazenado­s e confirmar que os dados retidos estão diretament­e relacionad­os ao propósito em que foi coletado. Em segundo lugar, as empresas também devem usar os avanços tecnológic­os a seu favor. A inteligênc­ia artificial (IA) e o machine learning (ML) oferecem oportunida­des significat­ivas para identifica­r, gerenciar e proteger efetivamen­te grandes conjuntos de dados não estruturad­os e não marcados, e desempenha­r um papel vital nos processos de gerenciame­nto de dados. O objetivo final é gerenciar as informaçõe­s, e não apenas os dados, diretament­e na origem (borda) digitaliza­ndo, rotulando e classifica­ndo rapidament­e as informaçõe­s para garantir que os dados confidenci­ais ou sensíveis sejam gerenciado­s e protegidos adequadame­nte, independen­temente de onde estejam. Como tal, as políticas transparen­tes de IA e ML ajudam as empresas a obter total visibilida­de de seus dados, identifica­ndo vulnerabil­idades e minimizand­o riscos. Essa é a próxima fronteira.

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