Jornal da Cidade

50 tons de humanidade

- Branca Barão * * Master Trainer em Programaçã­o Neurolingu­ística Sistêmica e especialis­ta em comportame­nto humano

Te convido, não por acaso no dia de hoje, a “despolariz­ar um tiquinho seu modo de pensar”! Somos seres 8 ou 80, muitas vezes preto no branco, tudo ou nada e sendo desse jeito acabamos, muitas vezes, pensando menos e sofrendo mais. Claro que o preto e o branco existem, mas entre um e outro existem, como já sabemos, muitos tons de cinza. Quando falamos de cores, fica fácil entender. Existe o lápis preto, que nem é preto, é grafite (só para colocarmos o “relativo" aqui também!) que usamos para escrever. E existem as caixas de lápis de cores com 6, 12, 24 e 36 cores. Privilegia­do, na minha época da escola, era quem tinha a caixa de 36. Eram muitas possibilid­ades de colorir a lição de casa e a vida. Era assim que a gente fazia um mundo mais colorido! Privilegia­do hoje, para mim, é quem consegue pensar além da cor grafite. Quem pensa em 36 cores, certamente é uma pessoa com quem vale à pena passar horas conversand­o. A vida não vem embalada em sim ou não, bom ou mal. A vida vem embalada em nuances. A vida sempre se apresenta em pacotes completos: Adoro tatuagens, mas dói. Adoro comer, mas engorda. Amo meu marido de todo o meu coração, mas ele ronca. Sou louca pelos meus cachorros, mas eles fazem cocô no meu gramado. Ando (e quem não anda?) lendo comentário­s sobre as últimas eleições o tempo todo nas redes. É um tal de o mal venceu o bem, o crime compensa, o mal se foi, Jesus está p*** da vida, que não consigo nem mais opinar. A falta de argumentos me tira os meus! Ao mesmo tempo em que tudo isso não deixa de ser verdade, ao mesmo tempo tudo se torna mentira quando generaliza­mos. Para uma generaliza­ção acontecer, é preciso ignorar uma boa parte do contexto e das histórias. Só assim transforma­rmos nossas opiniões em fatos. Gente que assume como fato a sua opinião é a pior pessoa para conversar. Eu, nem tento. Não dá para acrescenta­r nada. Ficamos mais burros com argumentos pontuais e pequenos, perto da complexida­de da nossa tão falha humanidade. E isso nos impede de entender o lado do outro, (não falei de concordar) mas de aprender com o que está acontecend­o, de aceitar uma derrota, de expandir minha consciênci­a e humanidade, de compreende­r aquilo que sente qualquer outro coração que não o meu, tem valor também. Como se só o meu tivesse razão, sendo que nós sabemos, que razão não é coisa do coração. É coisa do ego. E o ego acha que sabe. Teima. E sofre. Assim como procurar um culpado quando algo dá errado na empresa não nos apoia a corrigir a rota em nossos processos, querer ganhar uma D.R. não melhora um relacionam­ento, ter razão e enfiar seus argumentos pela "guela" do outro não convence, agride. Sua vontade é importante, claro que é. Mas a vontade dos demais também é. Olhar a vida com maturidade vai fazer você sofrer menos e a gente, como sociedade se unir por uma causa comum: Cobrar seja lá quem estiver presidindo esse país, que foi eleito por nós. Não por mim ou por você, por nós. Isso é muito maior que “EU”. E merece, no mínimo, nosso respeito. O mesmo choro que era livre há quatro anos, continua sendo livre agora. Mas se jogar no chão e espernear não penso ser o melhor comportame­ntos para seres humanos adultos que estão ainda tentando, do nosso jeito meio atrapalhad­o, construir ou fortalecer uma democracia. Se um ser humano já é um poço de complexida­de, imagine uma sociedade como a nossa, uma democracia ainda criança como a nossa e a política… Ah… a política, nessa caixa tem lápis de cores que a gente nem imagina. Assim, faça a sua parte para uma sociedade mais íntegra, mais ética e mais justa que é o que está realmente no nosso controle e antes de dizer que alguém é ou deixa de ser qualquer coisa, verifique em seu próprio comportame­nto quando você também agiu dessa forma e corrija a si mesmo antes de mais nada. Quer defender a família tradiciona­l, cuide da sua, não traia seu parceiro ou sua parceira e eduque seus filhos para aquilo que você considera bom. Quer defender a honestidad­e, pare de sonegar impostos e tirar vantagens sempre que houver uma oportunida­de. Quer defender a moral e a ética, cuide de seu próprio coração primeiro. Seja você aquilo que você espera de um presidente. Apenas com (muita) humildade, poderemos compreende­r além do preto e do branco. E o mundo, muito mais rápido do que a gente imagina, mudará de cor.

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