Tragédia na Turquia e Síria: terremoto garante cobertura de seguro de vida?
UUm terremoto de magnitude 7,8 com epicentro na Turquia, que também atingiu a Síria, causou mais de 2,7 mil mortes na manhã de ontem. O número total de feridos nos dois países é de ao menos 13,5 mil pessoas. Na Turquia, o saldo de vítimas está em 1.651 mortos e 9.733 feridos, segundo último balanço do vice-presidente do país, Fuat Oktay. Ao menos 3.471 prédios ficaram destruídos e buscas por vítimas soterradas continuam. Já na Síria são pelo menos 1.050 mortos, segundo a agência oficial Sana e socorristas em regiões rebeldes. A maior parte dos mortos na Síria está nas cidades de Aleppo, Hama, Latakia e Tartus, muito atingidas pela guerra no país, que começou em 2011. O Itamaraty já se pronunciou sobre o caso, garantindo, até a última atualização, que não há brasileiros entre as vítimas. Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores afirmou que acompanha "com grande preocupação" as informações sobre a tragédia. Falando de brasileiros, em casos como esse as vítimas que possuam seguros de vida não estão acobertadas pela contratação. Isso porque a maioria das seguradoras e bancos, no geral, possuem em seus contratos uma cláusula em que terremotos estão nos itens chamados de exclusão. Outros fenômenos que estão nessa lista de excluídos são furacões, ciclones, maremotos, erupções vulcânicas e outras convulsões da natureza. Vale lembrar também que a própria pandemia é item de exclusão da maioria das seguradoras. Existem outras questões excluídas também como guerrilhas e terrorismo. Porém, muitas seguradoras acabam usando do bom senso em condições trágicas como essa. De certa forma, pagar um benefício de uma situação de repercussão mundial como essa gera para a seguradora uma oportunidade de expor a sua qualidade mesmo o evento estando em itens de exclusão. Um exemplo disso é o próprio Titanic que, apesar de ter sido uma catástrofe, foi pago por uma seguradora. Outro exemplo desse bom senso foi o Word Trade Center (Torres Gêmeas) que foi um caso de terrorismo, mas também houve pagamento de benefícios e, mais recentemente, a pandemia de Covid-19. 90% das seguradoras e bancos apontavam para não pagar benefício de morte por Covid, por ser um outro item de exclusão. Mas, as seguradoras começaram a se movimentar e na medida com que uma foi se manifestando em pagar, outras, para não ficarem para trás, começaram a pagar também. Porque se uma pagava e outra se recusava, a que dava a negativa estava fadada a perder clientes. No fim, para as seguradoras, isso pode funcionar como estratégia de marketing. Mostrando que é uma seguradora boa pagando até quando mesmo cita que terremoto é um item de exclusão. Só para explicar para o leitor, essa lista de exclusão serve para resguardar as seguradoras de casos onde possam morrer milhões de pessoas, que pode quebrar uma seguradora. Caso venha a se confirmar a existência de brasileiros entre as vítimas da tragédia e eles tenham seguro de vida e a seguradora responsável se manifeste favorável ao pagamento, a família desse segurado tem direito não só ao valor da indenização, mas também o translado e todo o processo de sepultamento e funeral no Brasil.