Ambulante quer receber logo
No Recife, feirantes e ambulantes comemoram a aprovação do chamado coronavoucher de R$ 600 no Senado e afirmaram esperar que seja implementada rapidamente. A Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado estima que o auxílio emergencial vai beneficiar diretamente 30,5 milhões de cidadãos, cerca de 14% da população do País, segundo os dados mais recentes do IBGE. Muitas dessas pessoas são invisíveis atualmente aos cadastros do governo.
Esse é o caso de Marcílio Pessoa, 44 anos. Vendedor de coco há cerca de uma década na Avenida Conselheiro Aguiar, em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, o comerciante informal conta que recebeu a notícia da aprovação do coronavoucher com boas expectativas. Para ele, o benefício que deve ser entregue pelo governo é semelhante a ganhar um prêmio na loteria. “Como as pessoas sumiram das ruas, o movimento para mim caiu muito, e com esse dinheiro poderei levar comida para minha casa”, conta ele, ressaltando que seu desejo, na verdade, era poder continuar acordando cedo diariamente para deixar a residência onde vive com esposa e filho e se dirigir ao seu “ganha pão”.
Sentimento semelhante é compartilhado pela feirante Gilvanete Barbosa, 54, que tem uma barraca de frutas e verduras no Centro Comercial do Cais Santa Rita. O fechamento do comércio e a diminuição da circulação de pessoas nas ruas tem prejudicado as vendas e sua família já sofre com falta de alimentos. “Além de mim, são mais três pessoas lá em casa, e as coisas estão difíceis. Eu comprei uma bandeja de ovos, para todo dia a gente poder comer pelo menos um”, diz, em tom de lamento, afirmando que foi a única solução que encontrou para não passar fome e pede a Deus para os R$ 600 chegarem em suas mãos. “Espero que o dinheiro seja liberado logo, porque vai ser em boa hora”, declara.
A dificuldade de levar alimento à família também é sentida pelo jovem feirante Lucas Müller, 22. Ele conta que tem ouvido orientações para se higienizar como forma de evitar a contaminação pela covid-19, mas que não as segue em virtude da falta de dinheiro. “Nossa proteção aqui é Deus. Não temos dinheiro nem para almoçar, que dirá para comprar álcool em gel”, diz o jovem, apontando que sua realidade é semelhante às dos outros feirantes e que o coronavoucher pode ser a salvação de muita gente diante das projeções paro o avanço da doença no Brasil. Lucas ainda pediu que o governo seja ágil na distribuição desta renda.
Também impactado pelos efeitos da pandemia na economia, o ambulante Cerlândio Pereira, 34, todos os dias sai de casa, em Jaboatão dos Guararapes, às 6h30, para percorrer cerca de 20 km usando transporte público com o objetivo de vender pipocas, salgados, biscoitos e água no Centro do Recife. Ele comemora a aprovação do coronavoucher, mas se diz desesperançoso. “Acho muito bom, mas será que vai sair mesmo?”, questiona. “Meu desejo é que esse dinheiro chegue logo, porque estou precisando, mas não acredito que deixarão de investir em hospitais para nos ajudar”, afirma.
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diz o vendedor de coco Marcílio Pessoa