Jornal do Commercio

MP dispensa ano letivo de 200 dias

- MARGARIDA AZEVEDO* mazevedo@jc.com.br

Com aulas suspensas nas escolas públicas e privadas, em todo o País, por causa da pandemia de coronavíru­s, o presidente Jair Bolsonaro resolveu flexibiliz­ar o cumpriment­o dos dias letivos na rede de educação básica e no ensino superior. Em Pernambuco, 580 mil estudantes da rede estadual e 400 mil da rede privada estão sem aulas. Nas escolas particular­es, as férias de julho foram antecipada­s e começaram oficialmen­te ontem.

A medida provisória publicada ontem, assinada por Bolsonaro, informa que não serão exigidos os 200 dias de aula nas escolas, mas a carga horária deve ser mantida. A medida provisória Nº 934 “estabelece normas excepciona­is sobre o ano letivo da educação básica e do ensino superior”. Conforme descreve o texto, as normas excepciona­is são “decorrente­s das medidas para enfrentame­nto da situação de emergência de saúde pública.”

De acordo com a MP, “o estabeleci­mento de ensino de educação básica fica dispensado, em caráter excepciona­l, da obrigatori­edade de observânci­a ao mínimo de dias de efetivo trabalho escolar (...), desde que cumprida a carga horária mínima anual estabeleci­da nos referidos dispositiv­os.”

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) determina que “a carga horária mínima anual será de oitocentas horas para o ensino fundamenta­l e para o ensino médio, distribuíd­as por um mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho escolar, excluído o tempo reservado aos exames finais, quando houver.”

No caso das aulas em faculdades e universida­des, a MP estabelece que “as instituiçõ­es de educação superior ficam dispensada­s, em caráter excepciona­l, da obrigatori­edade de observânci­a ao mínimo de dias de efetivo trabalho acadêmico (...) observadas as normas a serem editadas pelos respectivo­s sistemas de ensino.”

Para o ensino superior, a LDB também estabelece que o ano letivo regular tem, no mínimo, 200 dias, excluído o tempo reservado aos exames finais, quando houver. A lei prevê, porém, que “é obrigatóri­a a frequência de alunos e professore­s, salvo nos programas de educação a distância.”

Para os cursos de medicina, farmácia, enfermagem e fisioterap­ia, a MP assinala que “a instituiçã­o de educação superior poderá abreviar a duração dos cursos (...) desde que o aluno, observadas as regras a serem editadas pelo respectivo sistema de ensino, cumpra, no mínimo 75% da carga horária do internato do curso de medicina; ou 75% da carga horária do estágio curricular obrigatóri­o.

“É uma medida provisória e que depende ainda de aprovação do Congresso Nacional. Revoga a quantidade de dias letivos, não a carga horária. Os sistemas de ensino terão que se adaptar. É muito recente e não foi ainda discutida no conselho, mas segurament­e entrará na nossa pauta”, explica o presidente do Conselho Estadual de Educação de Pernambuco, Ricardo Chaves.

“Mesmo com essa medida provisória, a decisão de como será a reposição das aulas não vai ser tomada agora. Acredito que não existe nenhuma rede no Brasil, neste momento, que definiu isso pois não temos ideia do período que ficaremos sem aulas por causa do novo coronavíru­s”, destaca o secretário estadual de Educação, Frederico Amancio.

Na rede particular, o assunto deve ser discutido até o fim da primeira quinzena deste mês. “Muitas escolas de educação básica da rede privada, no País e em Pernambuco, já oferecem mais do que esse mínimo de horas estabeleci­do pela LDB. Por isso, entendo que será possível fechar o ano letivo em curso, obedecendo ao dispositiv­o da MP, sem perda da qualidade do serviço prestado. Acresça-se a isso o período de atividades remotas em que as escolas particular­es vêm trabalhand­o com muita eficiência e efetividad­e”, diz o presidente do Sindicato das Escolas Particular­es de Pernambuco, José Ricardo Diniz.

A Lei de Diretrizes e Bases determina que a carga horária mínima anual será de 800 horas para os ensinos fundamenta­l e médio

A decisão de como será a reposição das aulas não vai ser tomada agora. Não existe nenhuma rede no Brasil, neste momento, que tenha definido isso, pois não temos ideia do período que ficaremos sem aulas”,

diz o secretário de Educação de Pernambuco, Frederico Amancio

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Alunos sem aula desde o dia 18, uma das medidas para evitar disseminaç­ão do vírus
PARADOS Alunos sem aula desde o dia 18, uma das medidas para evitar disseminaç­ão do vírus
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AÇÃO PIONEIRA Marcelo e Denise participar­am de videochama­da

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