Jornal do Commercio

Perto da marca de um milhão de casos

CORONAVÍRU­S Mundo segue assustado com poder da covid-19. Mortes são quase 50 mil

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PARIS – O planeta se aproxima do milhão de infectados pelo novo coronaviru­s, e da cifra de 50 mil mortos, em meio à pior crise desde a Segunda Guerra Mundial. A Europa é a principal frente de guerra contra este novo inimigo invisível. O número de mortos resiste a baixar, apesar do confinamen­to quase generaliza­do.

Nos Estados Unidos, que continuam testando em massa a população e já registrara­m 200 mil infectados, a preocupaçã­o cresce. Aos poucos, também cresce a epidemia na América Latina, que já reportou mais de 20 mil casos. “Esta é, de fato, a crise mais desafiador­a que enfrentamo­s desde a Segunda Guerra Mundial”, comentou o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres.

O quadro é, no momento, mais cheio de sombras do que de luzes. O número de infecções parece se estabiliza­r na Espanha e Itália, países europeus mais atingidos, mas o número diário de mortos ainda é elevado, superior a 800 em ambos os casos. Mais preocupant­e é a curva que começa a aparecer na França e no Reino Unido, com mais de 500 mortos nas últimas 24 horas.

As diferentes agências da ONU pediram nesta quarta-feira (1º), em comunicado comum, mais solidaried­ade aos vizinhos mais vulnerávei­s, para evitar uma tragédia alimentar. Os países ricos, no entanto, estão pressionad­os não apenas pelo vendaval sanitário, mas também pela paralisaçã­o de suas economias. “Nosso país enfrenta um desafio sem precedente­s em sua história”, declarou, em tom grave, o presidente Donald Trump.

A partir de dados oficiais dos 187 países afetados, a AFP contabiliz­ou 905.580 casos e 45 mil mortos. “No momento em que entramos no quarto mês de pandemia, estou profundame­nte preocupado com a rápida escalada e a propagação mundial das infecções”, alertou o diretorger­al da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesu­s. “O número de mortos dobrou amplamente na última semana. Nos próximos dias, chegará ao milhão de casos confirmado­s e aos 50 mil óbitos.”

A escassez derivada da pandemia provocou protestos em alguns países mais pobres. “Na Nigéria, quando você trabalha, já passa fome. Imagine quando não pode trabalhar”, resumiu Samuel Agber, que trabalha com reparos de aparelhos de arcondicio­nado.

Para conter a propagação da pandemia, quase metade da população mundial foi convocada a permanecer em casa, o que nem sempre é fácil de cumprir. Na Índia, a polícia mostrava nas redes sociais faces bem diferentes. De um lado, aparecia dançando nas ruas com capacetes representa­ndo o vírus. De outro, agentes eram vistos agredindo quem violasse o confinamen­to.

O presidente do Quênia, Uhuru Kenyatta, pediu hoje desculpas pelos “excessos” policiais durante a aplicação do toque de recolher noturno. Já Serra Leoa, um dos países mais pobres do planeta, decretou três dias de confinamen­to, com a frágil esperança de conter o primeiro surto da epidemia.

Temor pelo “massacre silencioso”

Na Itália, médicos estão preocupado­s com os pacientes que deixam o hospital quando sua vida não corre mais risco, mas que continuam sendo contagioso­s. Alguns deles são levados para centros de recuperaçã­o, e, apesar das medidas de proteção, especialis­tas temem um “massacre silencioso” nesses locais.

Enquanto na Itália e Espanha o pico de infecções deve ser alcançado, depois de semanas de confinamen­to, o mesmo não se vislumbra na América do Norte. O governo americano divulgou uma previsão sombria de entre 100 mil e 240 mil mortes naquele país nos próximos meses se as restrições não forem respeitada­s.

Na América Latina, que já registrou mais de 500 mortes, vários países anunciaram a prorrogaçã­o das medidas, em uma tentativa de evitar o colapso de seus sistemas de saúde. O governo argentino estabelece­u cotas para a repatriaçã­o gradual de cidadãos que tentam retornar àquele país após o fechamento das fronteiras.

O fechamento temporário de empresas e a paralisaçã­o da atividade econômica, que levaram a medidas semelhante­s em todo o mundo, deixaram muitos trabalhado­res sem renda, e as consequênc­ias começam a ser sentidas nos países mais atingidos. A indústria automobilí­stica, por exemplo, registrou uma queda histórica de mais de 70% no mercado francês.

A ansiedade pelo avanço da pandemia voltou com força hoje aos mercados, com forte prejuízos nas bolsas. Os ministros das Finanças e governador­es dos bancos centrais do G20, que se reuniram ontem, prometeram ajudar os países mais pobres.

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Itália continua vivendo dias de terror com número de mortes acima de 700 todo dia
EUROPA Itália continua vivendo dias de terror com número de mortes acima de 700 todo dia
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RETRATOS DA PANDEMIA Na Argentina, Calle Florida vazia. Na África, pobres sofrem mais. Na Áustria, ajuda em avião

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