Jornal do Commercio

Bolsonaro e a bronca em Mandetta

CORONAVÍRU­S Bolsonaro disse à Jovem Pan que está “faltando humildade” a Mandetta

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Presidente diz que “falta humildade” a ministro da Saúde e que espera apoio popular para assinar decreto que permite volta ao trabalho no País.

Opresident­e Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou nesta quinta-feira (2) que está “faltando humildade” ao ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM), e disse que gostaria de determinar a reabertura da atividade comercial no País, mas que ainda não tem apoio popular suficiente para dar uma “canetada”.

“O Mandetta quer fazer muito a vontade dele. Pode ser que ele esteja certo. Pode ser. Mas está faltando um pouco mais de humildade para ele, para conduzir o Brasil neste momento difícil que encontramo­s e que precisamos dele para vencer essa batalha” afirmou em entrevista à Jovem Pan.

Segundo Bolsonaro, o ministro “extrapolou” no enfrentame­nto da pandemia do coronavíru­s e teria, em alguns momentos, que “ouvir mais o presidente da República”.

O presidente ainda fez uma comparação com as intervençõ­es que faz no ministério da Economia. Para que não hajam “atritos”, Bolsonaro afirmou que “entra no meio” para comandar as ordens. “As duas áreas são importante­s”.

Procurado pela reportagem, o ministro da Saúde afirmou que não iria comentar. “Nunca fiz nenhum comentário sobre as ações dele. Não se comenta o que o presidente da República fala”. E completou: “Não comento o que o presidente da República fala. Ele tem mandato popular, e quem tem mandato popular fala, e quem não tem, como eu, trabalha”.

Bolsonaro, que havia adotado um discurso mais moderado em pronunciam­ento na terça-feira (31), voltou a minimizar a pandemia e a defender a reabertura do comércio.

“Eu estou esperando o povo pedir mais, porque o que eu tenho de base de apoio são alguns parlamenta­res. Tudo bem,

não é maioria, mas tenho o povo do nosso lado. Eu só posso tomar certas decisões com o povo estando comigo”, afirmou.

Em relação ao ministro da Saúde, que tem manifestad­o oposição a esse discurso do presidente, Bolsonaro disse: “O Mandetta já sabe que a gente tá se bicando há um tempo”.

Bolsonaro nega, porém, que pretenda demitir o ministro. “O Mandetta já sabe que ele não está se bicando comigo. Já sabe disso. Eu não pretendo demitilo no meio da guerra. Não pretendo. Agora, ele é uma pessoa que, em algum momento, extrapolou”, disse.

O presidente ressaltou, no entanto, que nenhum ministro de sua equipe é “indemissív­el” e que “todo mundo pode ser demitido”. Bolsonaro disse também que montou um ministério de acordo com sua vontade e que, agora, espera que o ministro “dê conta do recado”. “A gente espera que ele dê conta do recado agora”, afirmou. “Espero que o Mandetta prossiga na sua missão com um pouco mais de humildade”.

O presidente acrescento­u que o Ministério da Saúde já poderia avaliar uma medida que implementa­sse o chamado isolamento vertical, voltado apenas a grupos de risco da doença. De acordo com ele, tem havido um “clima de pânico” entre parcela da equipe da pasta.

Mandetta e Bolsonaro vem travando um embate desde o começo da crise. O ministro defende políticas de isolamento social, incluindo o fechamento de estabeleci­mentos comerciais, como forma de evitar aglomeraçõ­es e a proliferaç­ão da doença.

O Mandetta quer fazer muito a vontade dele. Pode ser que ele esteja certo. Pode ser. Mas está faltando um pouco mais de humildade para ele, para conduzir o Brasil neste momento difícil que encontramo­s”, disse o presidente

Não se comenta o que o presidente da República fala. Não comento o que o presidente da República fala. Ele tem mandato popular, e quem tem mandato popular fala, e quem não tem, como eu, trabalha”,

respondeu o ministro

Bolsonaro critica esse discurso e as medidas de isolamento, defendidas por Mandetta, adotadas pelos governador­es.

A relação entre o ministro e Bolsonaro vem numa escalada de tensão e subiu mais um nível no domingo (29), quando o presidente resolveu dar um passeio pela periferia do Distrito Federal, contrarian­do todas as orientaçõe­s do Ministério da Saúde.

O giro de Bolsonaro ocorreu um dia após Mandetta ter reforçado a importânci­a do distanciam­ento social nesta etapa da pandemia. “Fazer movimento assimétric­o de efeito manada agora, nós vamos daqui a duas, três semanas, os mesmos que falam ‘vamos fazer carreata’ de apoio. Os mesmos que fizerem vão ser os mesmos que vão ficar em casa. Não é hora, agora”, declarou o ministro no sábado (28).

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