Menos ônibus a partir de hoje
Sistema de transportes no Grande Recife vai operar com menos da metade (47%) da quantidade regular, ou seja, 1.750 coletivos
Afrota de ônibus da Região Metropolitana do Recife será reduzida ainda mais devido à pandemia do coronavírus. O sistema irá operar, a partir desta sexta-feira (3/4) com menos da metade (47%) da quantidade regular, ou seja, 1.350 coletivos. Os empresários de ônibus também estão autorizados a realizar apenas 45% das viagens programadas diariamente. As determinações são do governo de Pernambuco, gestor do Sistema de Transporte Público de Passageiros da RMR (STPP/RMR). E, apesar de estar reduzindo ainda mais a opção de transporte para as pessoas que precisam sair de casa, o Estado diz que continua exigindo da operação a disponibilização de veículos extras nos terminais integrados de maior movimentação para evitar o acúmulo de passageiros nas filas e, assim, atender o que preconiza as autoridades de saúde.
Na nota oficial em que infroma a nova reorganização da operação do STPP durante a pandemia, o governo de Pernambuco argumenta que as reduções do número de veículos têm sido gradativas e sempre se mantêm inferior à queda na demanda de passageiros, que já ultrapassou os 75%. A decisão acontece dois dias depois de os empresários de ônibus promoverem uma demissão em massa de três mil motoristas, cobradores, fiscais e mecânicos - segundo denúncia do Sindicato
dos Rodoviários de Pernambuco. Mas, segundo o governo, a revisão da programação já estava prevista diante da queda de demanda das últimas semanas da pandemia. Não seria uma decisão para agradar o setor empresarial e, assim, tentar reverter as demissões. O Estado pede, ainda, que a população siga priorizando o isolamento social e só utilize o transporte público quando for realmente necessário. E que, ao fazê-lo, evite os horaios de maior movimento, quando há uma maior concentração de pessoas nos ônibus e nos terminais integrados: das 5h às 8h e das 17h às 20h.
O Estado segue sem se pronunciar sobre as demissões. Provocado pelo sindicato da categoria, decidiu participar das negociações para tentar reverter a situação, algo que historicamente nunca fez. Nos últimos dois dias teve reuniões com o Sindicato dos Rodoviários de Pernambuco e com o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Urbana-PE) na busca de soluções. Mas nenhum posicionamento formal foi anunciado.
Das onze empresas que operam o transporte por ônibus, pelo menos dez teriam promovido demissões. E a expectativa é de que pelo menos 60% do quadro percam os empregos por causa da queda de demanda, agora superior a 75%. Duzentos profissionais foram dispensados na empresa Transcol. A empresa Vera Cruz teria demitido 230 profissionais. A Caxangá teria afastado outros 270 motoristas, cobradores, fiscais e mecânicos. A Metropolitana teria promovido outras 250 demissões. Além delas, a Globo, Itamaracá, Borborema, Rodotur, Cidade Alta e Pedrosa também fizeram demissões.
A Urbana-PE só se posicionou uma vez sobre as demissões e a crise no setor provocada pela pandemia do coronavírus. Em resumo, disse que está demitindo agora para tentar demitir menos no futuro, enquanto durar a pandemia.