Jornal do Commercio

Congresso vai controlar crise

CORONAVÍRU­S Orçamento de guerra, que será votado hoje na Câmara, prevê que senadores e deputados podem barrar decisões do governo

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Apesar dos apelos do Executivo, o Congresso Nacional quer manter a prerrogati­va de barrar decisões do governo que forem consideras irregulare­s no enfrentame­nto do novo coronavíru­s. Esse arbítrio está previsto na proposta que cria o Orçamento de guerra, que flexibiliz­a regras para gastos no combate à pandemia e facilita a fiscalizaç­ão das medidas a serem adotadas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A proposta deve ser votada na Câmara dos Deputados nesta sexta-feira (3).

“Nós vamos dar o poder que o governo precisa para controlar o vírus, só estamos dizendo que, se o governo errar, o Congresso pode corrigir, sustar a decisão”, disse o relator da Proposta de Emenda à Constituiç­ão (PEC), deputado Hugo Motta (Republican­osPB).

Articulado pelo presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o projeto cria um Orçamento excepciona­l para o governo conseguir lidar com a pandemia. A ideia é retirar amarras para que a equipe de Bolsonaro tenha mais agilidade e flexibilid­ade em medidas emergencia­is.

As decisões serão tomadas por um comitê de gestão da crise, a ser presidido por Bolsonaro e composto por ministros do governo e representa­ntes de Estados e municípios. Parlamenta­res chegaram

a pleitear vagas, mas acabaram cedendo.

O Congresso, contudo, não recuou em um ponto considerad­o polêmico pelo governo: o poder dado a deputados e senadores de reavaliar atos do comitê. Ou seja, se a Câmara e o Senado entenderem que alguma decisão foi irregular ou que o contrato assinado não tem relação com o combate à pandemia, poderão cancelar a operação.

A PEC do Orçamento de guerra é considerad­a por parlamenta­res como mais uma demonstraç­ão do protagonis­mo e independên­cia do Congresso no enfrentame­nto do novo coronavíru­s.

A ideia é separar o Orçamento fiscal, que reúne desembolso­s recorrente­s com Previdênci­a Social e custeio da máquina pública, por exemplo, do Orçamento extraordin­ário, criado para medidas a serem tomadas durante a pandemia. “Se precisar contratar pessoal, comprar [MATERIAL]ou contratar um serviço, o governo conseguirá fazer isso de maneira mais ágil e eficiente, seja na área de saúde ou para decisões no campo econômico”, disse Motta.

O texto afrouxa normas para contrataçã­o temporária de pessoal para enfrentame­nto do vírus, mas o trabalho não pode durar mais que o estado de calamidade, até o fim do ano. Além disso, dá mais poder ao Banco Central (BC) para tentar controlar a volatilida­de do mercado na crise. A PEC também libera o governo de cumprir, neste ano, a chamada regra de ouro. Essa norma impede o governo de se endividar para pagar despesas correntes.

Por ser uma PEC, o texto precisa do apoio de 60% da Câmara em duas votações em plenário. Depois, segue para o Senado, onde também precisará passar pelo mesmo processo.

ORÇAMENTO

O Congresso aprovou projeto que aumenta a previsão de déficit dos Estados e municípios para o Orçamento de 2020. O valor foi estimado pelo Ministério da Economia em mais de R$ 30,8 bilhões neste ano em decorrênci­a da crise do novo coronavíru­s. Também ontem, Bolsonaro sancionou a MP 938/2020, que permite a destinação de R$ 16 bilhões aos entes federativo­s, através do Fundo de Participaç­ão dos Estados (FPE) e do Fundo de Participaç­ão dos Municípios (FPM).

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Por ser uma PEC, texto precisa do voto favorável de 60% das Casas, em dois turnos
TRAMITAÇÃO Por ser uma PEC, texto precisa do voto favorável de 60% das Casas, em dois turnos

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