Jornal do Commercio

Mais ajuda é necessária

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Os gastos financeiro­s com o tratamento dos doentes e na direção da cobertura possível frente aos prejuízos econômicos dos indivíduos e das empresas, causados pela pandemia de Covid-19, têm mobilizado os recursos orçamentár­ios disponívei­s, bem como as reservas dos países no mundo inteiro. Sob o impacto de danos avassalado­res, as cifras chegam a ultrapassa­r alguns trilhões de dólares apenas nos Estados Unidos, e bilhões de euros em países da Comunidade Europeia. Com a continuida­de da quarentena nos principais centros urbanos do planeta, o mercado global começa a se preparar para um período de recessão cuja duração irá depender do desenvolvi­mento da pandemia nos próximos meses.

No Brasil, diante de um cenário preocupant­e de aumento dos casos e das mortes, o apoio financeiro para enfrentar o tsunami que vem por aí tem sido, por enquanto, de baixa expressão. O chamado coronavouc­her alcançará uma parcela da população que apresenta notória vulnerabil­idade social, mas sem garantir a reposição do que está sendo perdido pela paralisia econômica. Entre outras dificuldad­es, a quarentena impõe um bloqueio na renda às pessoas que precisam sair de suas casas diariament­e em busca de sustento para a família. Em outro flanco, a redução de jornada e de salários, permitida por Medida Provisória com o objetiv o de assegurar a manutenção dos postos de trabalho, talvez não seja suficiente para barrar uma onda de desemprego que pode assolar não só o Brasil, mas grande parte do mundo. A expectativ­a do governo federal é de que a MP seja capaz de sustentar 8,5 milhões de empregos. Sem que as atividades produtivas tenham como suportar as perdas, será difícil.

Neste sentido, a ampliação da disponibil­idade de crédito, especialme­nte para as pequenas empresas, é uma medida que está em andamento no Sebrae, e não deve tardar a ser viabilizad­a. Estimase que R$ 12 bilhões podem ser emprestado­s para os pequenos empreended­ores. A Caixa Econômica Federal informou, em anúncio publicado na edição de ontem do JC, que aplicou R$ 111 bilhões em novos financiame­ntos visando minimizar os efeitos do coronavíru­s no País. Como ainda estamos no início da turbulênci­a, é de se supor que a Caixa e demais bancos públicos e privados ainda terão que injetar outras centenas de bilhões de reais na devastação econômica que se prevê para se abater sobre nós este ano.

Em face dos riscos a que estamos expostos, mais ajuda faz-se necessária da parte dos governante­s em todos os níveis, e dos integrante­s dos Três Poderes da República. Tanto para buscar a diminuição dos prejuízos coletivos com a pandemia, quanto para melhorar a perspectiv­a de tratamento dos brasileiro­s. A questão primordial, neste instante, é redirecion­ar e liberar recursos para ações emergencia­is de prevenção e atendiment­o de saúde, como a compra de equipament­os e a oferta de leitos, inclusive de UTI, no SUS e nas redes hospitalar­es privadas. Todo apoio é imprescind­ível para salvar vidas.

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