Vírus não detém tradição de 248 anos
SEMANA SANTA
Procissão dos Passos, em Olinda, teve fiéis nas janelas, mas o mesmo sentimento de fé.
Em decorrência da pandemia do novo coronavírus, católicos celebrarão o Domingo de Ramos de forma atípica: em casa. Com a Igreja da Sé, em Olinda, fechada ao público, o arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, conduzirá, às 9h de amanhã, a missa que marca o início da Semana Santa. Tudo vai ser transmitido pela Rádio Jornal (FM 90.3, site da Rádio Jornal e aplicativo da Rádio Jornal).
A catedral será ornamentada com ramos de palmeiras para lembrar, segundo os católicos, a forma como Jesus foi saudado quando chegou a Jerusalém para seu calvário. Dom Fernando pede aos fiéis que repitam o gesto em casa. “Vamos, no Domingo de Ramos, cortar os ramos e pendurar nas janelas das nossas casas enquanto cantaremos Hosana Filho de Davi”, disse.
As celebrações da Semana Santa reunirão o mínimo de pessoas possível, apenas as equipes de liturgia e de comunicação. Dom Fernando acredita que os católicos participarão de suas casas como se estivessem dentro da catedral, com respeito, amor e fé. “Estaremos juntos em oração, desde o Domingo de Ramos até o Domingo da Páscoa”, disse.
As paróquias vêm transmitindo as missas dominicais e outras celebrações pelas redes sociais. Assim como na catedral, as transmissões começam no Domingo de Ramos.
Ontem, sem fiéis nas ruas, a tradicional Procissão dos Passos ganhou as ladeiras do Sítio Histórico de Olinda, no Grande Recife. A caminhada que marca a última sexta-feira da Quaresma cristã acontece há 248 anos e reúne uma multidão. Este ano, a pandemia fez com que os católicos acompanhassem o percurso que lembra o calvário de Cristo pelas janelas, portas e sacadas de casa.
“É uma contemplação do caminho percorrido por Jesus Cristo, que acontece neste mesmo dia há quase 250 anos. Em
Olinda, o trajeto passa por nichos, pequenas capelas onde paradas são feitas para contemplação do momento de sofrimento de Cristo”, explica o monsenhor José Albérico Bezerra, cura da Catedral de Olinda.
Ele lembra momentos emocionantes do tradicional trajeto, como a parada próximo à Igreja de São Pedro. “É um gesto bonito, onde quem leva o andor retrata as três quedas de Jesus Cristo.”
Hoje, observou o religioso, a cruz não pôde ser nos ombros das pessoas, porque estão em quarentena. “É um momento de oração, principalmente neste momento difícil que estamos passando”, completou.
A imagem, sobre um carro, percorreu as ruas da Cidade Alta ontem à tarde, saindo da Catedral Metropolitana do Santíssimo Salvador, no Alto da Sé, em direção à Igreja do Carmo, em Olinda, onde foi recolhida.
A missa e bênção dos Santos Óleos foi adiada por precisar reunir todo o clero.