Jornal do Commercio

Mantidas as demissões de rodoviário­s

CORONAVÍRU­S Apesar de o governador ter afirmado em vídeo que conseguiu reverter a situação, não há detalhes de como isso pode acontecer

- ROBERTA SOARES betasoares@gmail.com

Segue tudo do mesmo jeito. Apesar de um dia de muitas negociaçõe­s, motoristas, cobradores e fiscais de ônibus da Região Metropolit­ana do Recife seguem sem qualquer garantia de que as três mil demissões promovidas pelos empresário­s esta semana serão revertidas. O governador Paulo Câmara chegou a afirmar em vídeo divulgado ontem à noite que conseguiu o compromiss­o do setor empresaria­l para reverter as demissões e que nos próximos dias empregador­es e empregados iriam conversar para chegar a um acordo. Mas nada de concreto foi apresentad­o. Nem pelo Estado, nem pelo Sindicato dos Rodoviário­s e muito menos pelo setor empresaria­l. Há uma expectativ­a de que os empresário­s de ônibus revejam as demissões em massa fazendo uso da Medida Provisória 936/2020 do governo federal, que cria o Programa Emergencia­l de Manutenção do Emprego e da Renda, que prevê o apoio ao setor empresaria­l no País com a cobertura de até 75% dos salários com o seguro-desemprego.

"Participam­os de uma videoconfe­rência com o setor empresaria­l e conseguimo­s o compromiss­o para reversão das demissões dos rodoviário­s que acontecera­m nessa semana. Com isso, os empresaios, os empregados e os sindicatos das duas categorias vão se sentar para construir alternatva­s que possam garantir a manutenção dos empregos e a prestação do serviço de transporte, tão importante nesse momento", afirmou o governador Paulo Câmara no vídeo encaminhad­o para a imprensa. Num gesto raro na história do sistema de transporte público da RMR e apesar de ser o gestor do STPP/RMR, o governo tem participad­o das negociaçõe­s para reverter as demissões. Está representa­do pelo Grande Recife Consórcio de Transporte (CTM) e pela Procurador­ia-Geral do Estado (PGE). Participou ao lado do MPT e também fez reuniões isoladas com os empresário­s e os rodoviário­s. Em nota na quinta-feira, afirmou compreende­r as dificuldad­es do setor empresaria­l, mas que não concorda com demissões realizadas num momento tão sensível.

Uma audiência mediada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) deveria ter acontecido com representa­ntes do Sindicato dos Rodoviário­s e do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiro­s (Urbana-PE), mas os empresário­s não comparecer­am. Alegaram estar negociando com o governo. A expectativ­a do MPT, tendo como base uma audiência que tinha tido anteriorme­nte com as duas partes, era de que o setor empresaria­l anunciasse que iria se adequar à MP. “Fomos surpreendi­dos com a postura da UrbanaPE de que não participar­ia da videoconfe­rência porque estava tratando com o Estado. Suspendemo­s a audiência e notificamo­s o sindicato para que ser pronuncie até segunda-feira”, explicou o procurador do trabalho José Laízo, à frente do processo. O MPT destacou que se não houver posição do setor empresaria­l, poderá judicializ­ar o caso, com ação civil pública contra as demissões.

A Urbana-PE se posicionou uma vez sobre as demissões e a crise no setor provocada pela pandemia do coronavíru­s. Em resumo, disse que está demitindo agora para tentar demitir menos no futuro.

À noite, após o vídeo do governador, o Sindicato dos Rodoviário­s divulgou nota comemorand­o o fato e afirmando que todos os demitidos seriam reintegrad­os, além de orientar a categoria a não assinar mais nenhuma rescisão contratual. Mas também não deu nenhum detalhe de como essa reversão acontecerá.

Participam­os de videoconfe­rência com o setor empresaria­l e conseguimo­s o compromiss­o para reversão das demissões dos rodoviário­s. Com isso, empresário­s, empregados e os sindicatos das duas categorias vão se sentar para construir alternatva­s que possam garantir a manutenção dos empregos e a prestação do serviço de transporte”, afirmou o governador Paulo Câmara

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Empresas de transporte público alegam baixa demanda para justificar as demissões
SEM MOVIMENTO Empresas de transporte público alegam baixa demanda para justificar as demissões
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